Atenção! O Circo da Alegria chegou!
A história da Escola Municipal Anita Garibaldi, localizada no Jardim Europa, não pode ser contada sem considerar a atividade circense do Circo da Alegria, desenvolvida há 30 anos naquele espaço, por meio de uma parceria entre a Prefeitura de Toledo, a unidade escolar, Associação de Pais, Mestres e Funcionários (APMF), Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos e as Secretarias Municipais da Educação e Assistência Social. O Circo transformou a realidade da comunidade e continua trazendo inúmeras atrações para enriquecer o patrimônio cultural do município.
No mês de novembro, entre os dias 03 e 08, acontece a XVI Mostra de Circo Social e IX Festival Nacional de Circo dentro da programação Toledo 70 Anos – Circo da Alegria 30 anos. Programa social criado em 1992, ele leva a prática e a cultura circense para um contato direto com crianças e adolescentes. Desde a primeira Oficina de Circo, ministrada pelo idealizador do projeto social intitulado Barraca da Amizade, em Fortaleza, no Ceará, Galdêncio Siqueira, mais de 5 mil alunos foram atendidos nas diversas atividades deste programa até os dias atuais.
A pedagoga Tânia Piazzetta é uma das idealizadoras deste programa. Ela coordenou o Circo da Alegria até 2017, quando se aposentou e a função foi assumida por outra figura conhecida do meio artístico e circense, Dado Guerra. Ambos colaboraram compartilhando parte dessa história, digna de vários roteiros de séries televisivas.
Ao longo destes anos foram muitos os desafios, desde a parte estrutural, recursos humanos qualificados para atuar. Dado conta que no começo o objetivo era sanar a evasão escolar e resolver problemas da falta de disciplina dos participantes. “Hoje esse objetivo mudou porque os tempos mudaram e nosso olhar sobre o ‘entender’ e o ‘fazer’ o Circo Social também mudou. Esse processo de acompanhar as mudanças fazem parte do nosso trabalho”, pontuou.
Dado acredita que o circo, hoje, tem como intuito primeiro de utilizar a arte circense para conscientizar, educar e formar cidadãos aptos a viverem em sociedade, que respeitem uns aos outros e colaborem para uma sociedade melhor. E, em segundo momento, descobrir novos talentos e incentivar, apoiar e estruturar na preparação e formação como artista, gerando a possibilidade de inserção profissional no mercado de trabalho.
“É um sentimento muito bom ver que muitos jovens que passaram pelo circo continuaram trabalhando com a arte circense replicando os ensinamentos e valores que compartilhamos e vivemos juntos. Hoje temos mais de 30 projetos de circo semelhantes ao nosso aqui nas regiões Oeste e Sudoeste do Paraná com um grande número de instrutores que tiveram formação inicial aqui no Circo da Alegria ou que em algum momento fizeram uma oficina de aperfeiçoamento ou reciclagem aqui em Toledo. E os que não seguiram com a arte, estes levam o circo consigo. É comum a gente ouvir de ex alunos que as experiências vividas no circo em algum momento auxiliaram eles em outras atividades profissionais e pessoais”, acrescenta.
Para ele, o maior desafio sempre foi recursos humanos qualificados. Precisamos de uma equipe multifuncional comprometida com o trabalho diário, que vai além do ensino das técnicas de circo”.
Ensinamentos para uma vida – A professora Tânia Bombonatto esteve no Circo da Alegria desde sua criação. Dedicou grande parte de sua vida a este projeto até a sua aposentadoria no serviço público. “Fiquei lá por 25 anos e tudo que vivi foi muito intenso. Desde as relações pessoais com a comunidade até colegas de trabalho e alunos, que hoje continuam em minha vida como grandes amigos. O Circo da Alegria me ensinou muita coisa que sou hoje. Tive grandes emoções e grandes tristezas, mas com certeza as que guardo para minha vida são as boas”, afirma.
Ganho comunitário – É inquestionável o ganho que a comunidade próxima teve com a criação do Circo da Alegria. Tânia relata que na época a região era muito carente e sem nenhuma atividade interessante. “As crianças e adolescentes não tinham nada para fazer, então acabavam indo com seus pais para a ‘boia fria’ ou ficavam responsáveis por seus irmãos e até mesmo pela casa. Tivemos sorte, porque sempre que fazíamos alguma coisa o público era garantido. A comunidade acolheu o projeto e vice-versa”, conta orgulhosa.
“Quando comecei no Circo da Alegria, não sabia falar em público e tinha medo de microfone. E nesta trajetória cheguei a falar para mais de 700 pessoas em São Paulo em um evento que reuniu pessoas de todas as regiões do Brasil, promovido pelo Unicef, Itaú Social e CEMPEC, para relatar a experiência do Circo da Alegria. Isso me motivou a buscar sempre e a ter um olhar mais social com as pessoas que dependiam do projeto, aprendi a sempre ouvir mais e falar menos. Nestes anos todos cresci muito e aprendi muita coisa que levo para minha vida até hoje. Saí do circo, mas o circo e o social, não saíram de mim”, afirma a idealizadora.
Conquistas – Entre os vários momentos importantes desta história, a conquista de um picadeiro todo estruturado com capacidade para 400 lugares e pensado para a prática do circo foi muito comemorada. Também a conquista nacional do prêmio Itaú Unicef, a entrada do Circo da Alegria para a Rede Circo do Mundo Brasil, a contratação de instrutores de circo via concurso público foi um avanço muito significativo e um pioneirismo para Toledo.
“Uma das alegrias nos últimos anos foi a conquista do Programa Respeitável Público realizado por meio da Secretaria da Educação que concede uma bolsa de R$ 500,00 para 10 alunos do Circo da Alegria e para 10 alunos do Circo da Magia que desejam ser instrutores de circo, criando assim melhores condições para que estes se dediquem ao estudo e ao fazer circense”, exaltou Dado Guerra.
Da Prefeitura de Toledo