Cancelas abertas: como devem ficar rodovias e atendimentos prestados aos usuários?

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No dia 27 de novembro encerra o contrato de concessão das rodovias pedagiadas. Com o término do prazo as cancelas serão abertas, entretanto, ainda está em processo de tramitação o modelo que será implantado no Estado. Nesta lacuna de tempo, as rodovias deixam de receber a assistência em relação aos serviços prestados pelas concessionárias, como a manutenção e sinalização das vias, atendimentos clínicos (acidentes e até partos) e mecânicos. Ainda não ficou esclarecido como os serviços devem acontecer até que as empresas vencedoras do processo licitatório venham a assumir a concessão.

Sem os atendimentos prestados pelas concessionárias, corporações e organizações irão sentir o impacto. A Polícia Rodoviária Federal (PRF), a Polícia Rodoviária Estadual (PRE), a Polícia Militar (PM), o Corpo de Bombeiros, Consórcio de Saúde dos Municípios do Oeste do Paraná (Consamu) e o Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência (Siate) terão uma sobrecarga de trabalho.

Em todo o Estado, mais de 380 profissionais do pedágio irão deixar de prestar os trabalhos de resgate e socorro médico nas rodovias. As seis concessionárias contam médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e plantonistas que atuam nas bases dos Serviços de Atendimento ao Usuário (SAUs) 24 horas, além de ambulâncias e guinchos.

TRATATIVAS EM ANDAMENTO – De acordo com o diretor geral do Consamu, João Gabriel Avanci, a primeira tratativa com o Governo do Estado – sobre o Samu assumir atendimentos nas estradas – foi realizada na semana passada. A reunião ocorreu na Casa Civil e conduzida pelo secretário chefe da Casa Civil, Guto Silva, e contou com a presença do presidente do Consamu, Luiz Ernesto de Giacometti, entre outras autoridades.

A reunião foi a primeira de uma série de outras que devem acontecer. Os encontros servem para alinhar questões como metodologia de trabalho, definição e aplicação de protocolos, repasse de recursos, outros aspectos contratuais.

“O Consórcio está à disposição de usuários das rodovias e da população para mais esse desafio. No entanto, há várias questões que ainda precisam ser definidas em conjunto com o Governo do Estado. Lembrando que o Consórcio representa 43 municípios e com a pandemia ampliamos ainda mais o atendimento. As definições estão sendo feitas em conjunto com o Governo do Estado que oportunamente publicará o funcionamento e os detalhes”, pontua o diretor geral do Consamu.

Por sua vez, as atribuições que serão assumidas pelo Consamu, segundo o diretor da 20ª Regional de Saúde, Alberi Locatelli, não devem interferir no fluxo de trabalho da 20ª. “Nada vejo que posa impactar de forma desfavorável ao nosso trabalho. Acredito que nada deverá mudar”, pontua Locatelli.

Assumir os atendimentos de resgate em casos de acidentes e outras condições clínicas que acontecem nas rodovias vai exigir organização. O tempo médio que as ambulâncias das concessionárias levam para socorrer as vítimas atende os padrões internacionais (dez minutos). As organizações que irão assumir esses atendimentos também devem manter esse padrão de tempo para chegar até o local, fazer o salvamento, estabilizar e imobilizar a vítima e transportá-la para o hospital.

A equipe de reportagem do JORNAL DO OESTE manteve contato, ontem (10), com a assessoria de Comunicação do Governo do Estado do Paraná para conhecer as tratativas realizadas até o momento sobre esse assunto. A assessoria disse que o governador Carlos Massa Ratinho Junior deve apresentar o modelo de trabalho para a sociedade nos próximos dias.

E AS RODOVIAS? – Em uma coletiva realizada no fim do mês passado, o governador Carlos Massa Ratinho Jr afirmou que o Governo do Estado irá se comprometer em assumir os serviços de manutenção das rodovias em convênio com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT) – visto que o maior trecho do Anel de Integração é composto com rodovias federais.

O policiamento nas rodovias estaduais ficam a cargo do Batalhão Rodoviário da Polícia Militar. Na ocasião, o governador também pontuou que ficará a cargo das equipes da Polícia Militar (PM) a remoção dos veículos em acidentes ou que sofram pane das vias do Estado.

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) continua com os trabalhos nos 1,8 mil quilômetros de vias federais do Anel de Integração. “A principal coisa vai mudar para a PRF é o auxílio da sinalização, remoção de veículos, em caso de acidentes a concessionária faz a desobstrução, realizam a limpeza e a retirada do veículos, nesses casos se o usuário não tiver condições de acionar um guincho particular vai ficar com a PRF”, cita o chefe do Núcleo de Policiamento e Fiscalização da Delegacia PRF de Cascavel, Ricardo Barreto Salgueiro.

Outro ponto que vai gerar impacto no quesito de segurança no fluxo do trânsito é a sinalização. Salgueiro pontua que as placas danificadas entre outras condições de sinalização são rapidamente providenciadas pelas concessionários, algo que pode não ocorrer da mesma maneira quando envolve o poder público devido a burocratização. “Basta ver a situação da 467; tem muitos problemas placas caídas e quebradas e demora mais para que a manutenção aconteça”.

Em relação as estratégias de trabalho que serão adotadas pela PRF para atender essa nova demanda, Salgueiro explica que deve ocorrer alteração da rotina de serviço e redução do número de servidores de férias. “Vai gerar impacto e mais trabalho, pois não irá aumentar o efetivo. A PRF vai assumir algumas demandas, especialmente de sinalização e atendimento de acidentes, ao moldes do que já acontece no trecho da rodovia não pedagiada”, declara ao enfatizar que a PRF terá que se desdobrar para atender a demanda.

Da Redação