A falta de semicondutores e a revitalização do PIM

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A crise global na produção de microprocessadores afetou o segmento metalúrgico do Pólo Industrial de Manaus (PIM), região que concentra as montadoras de motos, bem como a indústria eletrônica que vem apresentando resultados muito positivos. Dessa forma, trata-se de uma excelente oportunidade para uma revitalização relevante da região. Hoje, o PIM se beneficia do incentivo fiscal do processo produtivo de montagem destes equipamentos e tem um modelo criticado por alguns pelo esgotamento deste. A perspectiva é que a região possa passar a atrair as plantas de produção dos microprocessadores que terão demandas exponencialmente crescentes nos próximos anos, trazendo um novo horizonte de desenvolvimento para o país e para a região.

Vale ressaltar que o PIM tem demonstrado pujança e resultados muito positivos. A região superou em 13,71% o faturamento do mesmo mês em 2020 e concentra grande parte da produção de microcomputadores portáteis e tablets, registrando um crescimento de 78,44% e 126,31, respectivamente, no ano passado.

Segundo dados da Suframa, esses produtos deram continuidade aos bons resultados no início deste ano e registraram, respectivamente, produção de 37.180 unidades (aumento de 25,49% ante janeiro do ano passado) e de 128.080 unidades (crescimento de 89,76%), incluindo ainda rádios e aparelhos reprodutores e gravadores de áudio portátil (MP3/Mp4 e toca disco digital a laser), com produção de 55.977 unidades em janeiro e crescimento de 22,61%, e aparelhos de barbear, com fabricação de 167.962 unidades e crescimento de 8,94%. Também contribuíram para o resultado positivo, em especial, o desempenho dos segmentos eletroeletrônico, metalúrgico, químico, termoplástico e mecânico.

Concluímos que a vasta experiência no processo produtivo da cadeia de valor do PIM poderia ser um ativo chave para que fossem avaliadas alternativas para a implantação de fábricas de microprocessadores, diante das demandas globais. Dessa forma, seria uma oportunidade para posicionar o país na vanguarda das novas tecnologias demandantes deste precioso produto como realidade aumentada, inteligência artificial, drones, 5G, entre outras. Além disso, associado às práticas ESG (sigla em inglês para meio ambiente, social e governança), o PIM poderia trazer sustentabilidade aliada aos impactos sociais relevantes para melhoria dos índices do estado do Amazonas e do país e, por consequência, com a implementação de governança na prática tributária, criar mecanismos de competividade para o Brasil em um novo cenário da economia digital.

Por Márcio Kanamaru e Thiago Almeida

Márcio Kanamaru é sócio líder de Tecnologia, Mídia e Telecomunicações da KPMG e Thiago Almeida é sócio-diretor do escritório da KPMG em Manaus.