Os plásticos e a sustentabilidade

Por Rogerio Mani

A base da Sustentabilidade é o tripé ambiental, social e econômico. Equilibrados, garantem a longevidade dos negócios, do Planeta e da humanidade; em desequilíbrio, causam danos estruturais. Da década de 90 para cá, o homem passou a dar mais importância ao impacto de suas atividades, buscando o equilíbrio entre o existir, o produzir, o consumir, o descartar e o preservar.

A pandemia da Covid-19 veio evidenciar mundialmente a necessidade desse equilíbrio. A demanda sanitária impulsionou o consumo de produtos chamados de uso único, como máscaras, panos de limpeza, embalagens, sacos, pratos, copos plásticos, entre outros. Mas e o meio ambiente? Vale a pena comprometer a saúde e o bem estar, banindo os produtos de uso único?

Especificamente os plásticos de uso único vêm sendo alvo de legisladores e ambientalistas que promovem agressivamente seu banimento. Mas na pandemia foi evidenciada a utilidade e importância deles. O Datafolha mostrou que 69,11% dos brasileiros acreditam ser importante manter o acesso aos chamados plásticos de uso único, por considerarem esses produtos como sendo práticos e essenciais para a higiene e a saúde.

Sustentabilidade é um processo que requer maturidade. O conhecimento técnico sobre os produtos e sobre suas características para o descarte correto faz com que a sociedade evite ter que se privar deles. Por outro lado, cobrar do poder público sobre a gestão dos resíduos sólidos urbanos para que a Economia Circular seja efetivada é fundamental nesse processo.

Proibir plástico não educa, ou seja, outros produtos serão consumidos e descartados em seu lugar da mesma forma. É preciso transformar a relação da sociedade com o consumo e o descarte de todo e qualquer produto. Já parou para pensar que todo consumo excessivo é maléfico? De água, de energia, de alimentos e até de descartáveis – sejam de plástico ou não. Utilizar o necessário e reutilizar sempre que possível são hábitos que transformam.

O meio ambiente sofre ainda mais, uma vez que muitos desses substitutos nem sempre são recicláveis, complicando ainda mais a superlotação dos lixões. Nesse cenário, é importante evidenciar que a indústria da reciclagem de plásticos hoje trabalha com capacidade ociosa, porque não recebe material suficiente a ser reciclado, por falta de coleta seletiva.

A discussão técnica apoia os argumentos acima. É de fundamental importância a aproximação da área técnica da cadeia produtiva com os legisladores e ambientalistas para que a informação possa se sobrepor aos modismos contra produtos específicos. Sem avaliar as Análises de Ciclo de Vida, a composição e processos produtivos dos produtos, suas reais características de reciclagem, as ações perdem eficácia e se tornam prejudiciais.

É tempo de se buscar a maturidade no discurso e nas ações sobre Sustentabilidade em todos os elos da sociedade, para que se encontre o tão buscado equilíbrio entre os fatores ambiental, social e econômico.

Rogerio Mani é presidente da Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Plásticas Flexíveis (Abief).

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