Sobre os pedágios…

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As promessas são de grandes investimentos e as melhores rodovias do mundo. Grande parte ou a totalidade desses investimentos será paga diretamente pelo povo, pelo setor produtivo. Pagaremos em dinheiro vivo, diretamente nas cancelas, a tarifa básica.

Já pagamos e continuaremos pagando tributos cuja aplicações deveriam ou também poderiam ser destinadas à manutenção, segurança ou outros investimentos no modal rodoviário. Pagaremos os custos dessa outorga onerosa, inclusive os financeiros, ou existe alguma dúvida que isso incidirá agora ou depois sobre o valor da tarifa?

Pagaremos em cada degrau tarifário os custos de cada nova obra e, novamente, em dinheiro vivo nas novas tarifas em cada praça de pedágio. E simultaneamente aumentarão os custos de bens e serviços pois ficará mais caro para produzir e consequentemente para consumir. Isso afetará a competitividade de todas as regiões do Paraná. Isso afetará as possibilidades de um desenvolvimento mais harmônico de nossos territórios.

A consequência disso é a continuidade desse processo de concentração nos grandes centros. A consequência dessa concentração são as dificuldades de saneamento, de educação, de segurança, da ocupação de áreas irregulares, do despejo do dinheiro público em paliativos para amenizar mazelas sociais. Claro, é necessário, mas a questão é que se continua remediando consequências sem atacar diretamente as causas.

Sim, precisamos melhorar os fatores de produção de nossas regiões para atrair investimentos, para gerar oportunidades, mas que isso não recaia sobre os ombros da população com altos custos, de forma impeditiva, expulsando e não atraindo investimentos como deveria ser. Ampliando e não reduzindo custos de vida, como devia ser.

Que a sociedade consiga se articular, sensibilizando os governos para que não nos imponham esse modelo híbrido e com outorga onerosa, o que seria decepcionante. Caso isso não aconteça, que ao inaugurarem novas estradas – será? – as mesmas não recebam nomes de políticos de qualquer esfera, federal ou estadual. Que essas novas possíveis rodovias sejam batizadas com os nomes da “Maria do Bazar”, do “João da Borracharia “, do “Pedro da Hortifruti “, pois esses serão os verdadeiros  responsáveis pela construção dessas obras. Pena que a um preço muito caro! Pena que num prazo tão longo!

A responsabilidade dessa pesada herança caberá a quem? A responsabilidade por essa pesada herança também caberá a líderes e a entidades que concordarem com esse modelo.

Márcio César Costenaro é presidente da Caciopar na gestão 2012/2014 e do POD na gestão 2014/2016