A incompetência é nossa!

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Começa a surgir no horizonte um movimento em prol do impeachment do presidente Jair Bolsonaro em função dos problemas decorrentes do avanço da Covid-19 no Amazonas e todos os percalços em relação à saúde pública no meio da pandemia. Não que o assunto – pedido de afastamento – seja uma novidade para esta gestão. Em pouco mais de dois anos de governo do presidente da Jair Bolsonaro, foram protocolados 61 pedidos de impeachment contra ele na Câmara dos Deputados. Uma média de dois por mês.
Levantamento da Secretaria-Geral da Mesa mostra que, do total, cinco foram arquivados. Quatro por serem considerados apócrifos e um porque a certificação digital utilizada no protocolo do pedido não era do autor. Mas este último parece ganhar corpo a cada novo dia e a cada nova notícia sobre o caos no qual se transformou o Estado do Amazonas por causa do novo coronavírus. Como fosse tudo culpa do presidente. Como se o Brasil tivesse começado ontem.
Não que afastar um presidente seja algo terrível, até porque está o mecanismo previsto na Constituição Federal e, portanto, é uma ferramenta a mais para manter a democracia nos trilhos. O problema é que a ferramenta tem sido usada sem muitos critérios no Brasil e, tirando a teoria da conspiração ou do golpe, a verdade é que o impeachment tem se transformado em algo tão comum quanto as famigeradas Medidas Provisórias, os Decretos, as emendas parlamentares, os ajuizamentos de ações sem provas e por aí afora.
A irresponsabilidade flerta com todos os poderes, não sendo uma exclusividade do Executivo, como possa parecer num primeiro momento. Até porque deputados e senadores foram cassados e presos, juízes e promotores afastados e por aí segue o Brasil onde a população parece ainda não ter compreendido sua devida importância no jogo democrático, ficando sempre à mercê de interesses que seguem jogando o Brasil no limbo político.
Fernando Collor e Dilma Rousseff foram afastados dentro das regras. Mas a incompetência é nossa, de cada cidadão, em não conseguir eleger pessoas comprometidas com as verdadeiras mudanças que o país precisa. Não que seja o caso de Bolsonaro, cujas declarações e atitudes demonstram ser o problema nacional muito mais complexo que apenas a boa vontade do presidente da República de Bananas.