Discursos rasos

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Em meio ao caos total vivido em função da pandemia de Covid-19 em Toledo, parecem as pessoas terem perdido a capacidade de aprofundar o debate sem as paixões futebolísticas típicas de quem prefere manter numa profundidade rasa quaisquer informações ao invés de refletir sobre pontos de vista distintos. Não importa quem tem razão, importante é manter sua opinião. Esteja ela equivocada ou não! Um bate-boca inócuo, fazendo aflorar a pior faceta do ser humano. E isso em pessoas ditas ‘líderes’ em seus respectivos empreendimentos.

A polêmica da vez – ainda – é a questão do tratamento precoce e sua eficácia. O exemplo queridinho da vez é Chapecó onde os números são positivos, entretanto, esquecem os apaixonados da vez de fazerem as devidas comparações sobre outras medidas adotadas em terras catarinenses, bem como a adesão da sociedade em torno delas. Difícil comparar gestões, entretanto, quando o assunto é Covid algumas acertam mais que outras e o comportamento da população interfere de maneira direta nos números, sejam eles positivos ou negativos.

Enquanto em Toledo a novidade da vez foi criar a bandeira preta, talvez revelando de uma vez por todas como anda a situação em torno da doença, em outras cidades – incluindo aí a capital Curitiba – seguem adotando medidas mais restritivas, investindo pesado na fiscalização e na aplicação de multas para quem descumpre regras básicas como a utilização de máscara, algo que já deveria estar enraizado na alma do cidadão que preza pela própria vida.

Mas o que esperar do cidadão comum quando ‘líderes’ se engalfinham em torno de debates rasos como se este ou aquele medicamento faz mais ou menos efeito. Se nem entre a comunidade médica há consenso, quem dirá entre os leigos que se acham mais espertos que o Batman…

Não serão os discursos rasos a ampliarem o número de leitos de UTI, até porque isso de nada adianta agora, pois já não há profissionais em número suficiente para atender um eventual aumento de vagas, tampouco insumos. Há que se mudar – e isso já deveria ter acontecido há muito tempo – é o comportamento das pessoas em relação a uma doença que não dá trégua numa terra de irresponsáveis como é o Brasil de Norte ao Sul Maravilha. Uso de máscara de maneira correta, higienização constante das mãos e distanciamento social são medidas simples, mas extremamente eficazes que, sim, dão resultado, assim como a vacina e o tratamento adequado, seja ele precoce ou não. O que surte efeito é churrasquinho na casa dos amigos ou andar por aí com a máscara pendurada no queixo.