Livre expressão

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A manifestação ocorrida nesta sexta-feira no Parque Ecológico Diva Paim Barth serviu para reforçar o quanto o país ainda está carregado de ódio. Como fosse o Brasil dividido apenas em dois lados, ambos seguem destilando suas armas e armadilhas, envenenando a população e distribuindo impropérios, como aconteceu ontem durante todo o dia em Toledo. Se um professor de universidade pública ganha muito para fazer pouco, se o presidente está ou não errado em suas ações frente ao Covid-19 ou qualquer outro aspecto decorrente do movimento precisa sim ser discutido, entretanto, a livre expressão deveria ser defendida sempre dentro de um regime democrático. Todavia, no Brasil só presta aquilo que interessa ao meu modo de pensar ou agir, só se for de acordo com aquilo que meu grupo prega. Não há espaço para o contraditório, para o debate de ideias e não de ideais.

Tanto um lado quanto o outro pregam o respeito à democracia, porém, atiram na lata do lixo seus lindos discursos com atitudes tresloucadas. Cenas lamentáveis ontem num dos mais lindos cartões-postais da cidade. As cruzes e faixas foram colocadas de maneira errônea? Então que se faça cumprir a lei, mas de uma forma respeitosa e organizada, até porque ninguém estava fazendo arruaça no local.

Se o movimento popular que organizou a manifestação desta sexta-feira tem ou não cunho ideológico, pouco importa, assim como também pouco importa quem realizou uma carreata há alguns dias em apoio ao presidente ‘mito’ ou ‘mico’, dependendo do ponto de vista ou então as imagens em apoio a Jair Bolsonaro pelo movimento Endireita Toledo, como se a cidade estivesse torta por existirem algumas pessoas que pensam o contrário deste ou daquele grupo.

E como ficam aqueles que não querem saber de Lula ou Bolsonaro? Que preferem outras cores além do azul ou vermelho? Que se alimentam de muito mais que apenas ‘coxinhas’ ou ‘mortadelas’? Como ficam estas pessoas que assistem silenciosas a dois grupos se digladiando sem o menor pudor, sem o menor respeito mútuo. Triste observar um país tropical se transformar numa fornalha bestial. E pior: sem perspectiva de melhora no futuro!