O adeus à Covas

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No fim de semana o Brasil perdeu um dos bons nomes da nova safra de políticos dispostos realmente a fazerem algo diferente. O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, perdeu a batalha para um câncer contra o qual lutava há muito tempo, mas que jamais o deixou abater, tanto que até os últimos dias, já internado no hospital, cobrava sua equipe administrativa e queria saber sobre os dados da Covid-19.

Covas não se metia em escândalos, defendia suas propostas de maneira dura, entretanto, sem jamais ofender adversários e mantinha diálogo aberto com todos os lados. Era, pelo perfil, considerado o futuro do PSDB – e do Centrão – numa eventual disputa à presidência da República daqui duas, três eleições no máximo, afinal, com 41 anos ainda tinha tempo suficiente para amadurecer ainda mais.

Neto do ex-governador de São Paulo, Mário Covas, Bruno herdou do avô a veia política e a natural liderança. Além disso, manteve-se fiel ao PSDB criado pelo avô e procurou ser um exemplo. Morava num apartamento alugado de 70m² e não tinha acusações de escândalo ou corrupção. Administrava a maior cidade da América Latina de uma forma tranquila, mas quando necessário adotava medidas austeras.

Bruno Coas era um exemplo para as novas gerações de ainda ser possível sonhar com uma política nacional diferente, pautada no bom senso, no respeito e no diálogo. Entre os políticos do PSDB, o entendimento é de que o partido perdeu um “grande quadro político”, como afirmou o ex-presidente da República tucano Fernando Henrique Cardoso, amigo do avô.

O adeus à Bruno Covas não é apenas a despedida de mais um político importante que sucumbe a uma doença, como aconteceu recentemente com o deputado federal José Carlos Schiavinato em Toledo. O adeus à Covas é um golpe duríssimo na sucessão árdua pela qual a democracia brasileira está passando, ficando refém dos mesmos nomes e das mesmas propostas, como fosse o brasil uma dicotomia de azul e vermelho. Bruno Covas jogava um pouco de cor a esta mistura quase homogênea, uma cor que ficou de luto no fim de semana.

A esperança é que novos Brunos surjam país afora, inspirados no legado deixado pelo jovem prefeito paulistano que tinha a habilidade política sem se deixar levar pelos encantos fáceis da corrupção ou das amarrações tão comuns neste universo próprio. Adeus Bruno Covas, descanse em paz!