Uma nova onda

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Enquanto em outros países a vida começa a voltar ao ‘novo normal’, no Brasil patina-se quando o assunto é o combate à Covid-19. Enquanto em outros países já é até possível passear sem máscaras, assistir a shows e eventos esportivos, no Brasil disputam-se partidas de futebol sem público, enquanto nos campinhos das peladas há mais gente que em muitos estádios onde se disputam partidas profissionais. Enfim, enquanto boa parte do mundo colhe os frutos de uma política austera de combate à pandemia do novo coronavírus e os reflexos de investimentos na vacinação em massa, no Brasil inicia-se no Congresso Nacional uma CPI para tratar da Covid-19 e a vacinação segue na pasmaceira de sempre, resultado da falta de uma gestão plena da saúde pública ou então do pulso firme do estado brasileiro em determinar ações efetivas de combate à doença e não se observar a verborragia e a hipocrisia misturadas.

Uma nova onda da doença avança pelo país e no Paraná seus efeitos começam a ser sentidos. Não que isso vá mudar alguma coisa, até porque uma boa parcela da população já deu de ombros e que se dane! Vamos dançar, passear, fazer churrasco e jogar futebol porque a vida é curta e merece ser vivida. Vamos viver! Vamos nossa divertir e, ah, se precisar de UTI, que se exploda o mundo! O importante é curtir ao lado da galera, na balada sem culpa, até porque culpados são todos. Idiotas travestidos de cidadãos que transferem a responsabilidade aos outros, entretanto, esquecem as duas próprias.

Não há mais espaço para erros. Os hospitais estão quase lotados – de novo – e as equipes de saúde já ultrapassaram seus próprios limites há tempos. Equilibram-se ainda no desejo de salvar vidas. Nada mais parece lhes motivar, até porque difícil ter motivação num país onde os ricos voam em seus jatinhos particulares para se vacinar em outros países onde a liberdade de escolha é maior. Nada contra quem pode fazer isso. Quem pode, pode e deve fazer! Quem não pode….se sacode! De raiva por ter de esperar algo que em outros países já chegou faz tempo, graças ao planejamento adequado, às vaidades deixadas de lado, à ignorância abandonada em detrimento da saúde pública. Vem aí uma nova onda…salve-se quem puder!