Pão duro ou mão aberta? No equilíbrio a Generosidade!

25

A vida estava por terminar. Ele trazia em suas lembranças a luta, o trabalho e a abnegação presente em sua jornada para poder acumular uma riqueza que nem os seus filhos conseguiriam gastar. Agora ele se retorcia de dor na cama, porém a sua preocupação continuava dirigida para a sua fortuna. O que faria com os imóveis? Qual o destino das suas empresas? Como seria administrado o seu fundo em ações? Enquanto estava nesse dilema outra vez tiveram que chamar a enfermeira de plantão que controlou a situação. Entretanto, todos ali sabiam que a sua partida era uma questão de tempo. Não havia mais o que fazer. Ainda assim, ele não conseguia se desconectar das suas riquezas materiais. Sabia que trabalhara muito para juntar a fortuna que não queria abandonar. Tinha noção que havia feito coisas que até Deus duvidava para fazer “bons negócios”. Nunca gastara um centavo com algo que não fora obrigatório. Por isso, estava ali no leito de hospital sem direito a acompanhante. Pensava:

– Não vou gastar meu dinheiro com isso. Pago impostos…

Do lado de fora, os filhos esperavam as notícias. Nenhum deles estava preocupado com as preocupações do pai. A avareza do pai sempre fora questionada pela mãe, pelos filhos e pelas pessoas com as quais convivera. Muitas vezes lhe haviam dito para fruir um pouco daquilo que acumulara, mas ele era um pão duro. Um dos filhos, notadamente um folgazão, sempre vivera como um nababo. Adulava o pai para obter as vantagens da sua riqueza. Ele era um verdadeiro mão aberta com o dinheiro que o pai se recusava a gastar. A situação pode parecer caricata, porém é verdadeira e se repete em diferentes famílias, organizações e culturas. De um lado, existem os avarentos. De outro, os esbanjadores. O avarento pode estar no papel de um líder, de um cônjuge, de um amigo ou de um colega de trabalho. São pessoas que não dão, não ensinam e não compartilham. Eles não confiam em ninguém e guardam para si as informações para manter a sua relevância pelo que possuem. Assim, podemos ter chefes mesquinhos, cônjuges miseráveis, amigos sovinas e colegas fominhas que apenas querem ganhar da posição, receber do amor, tirar das amizades e exaurir dos colegas. O esbanjador não se importa com aquilo que recebe e com aquilo que dá ao desperdiçar os recursos, os amores, as amizades e as relações. Não sabe o valor de se comprometer consigo e com o outro. O esbanjador não aprecia o esforço do líder para fazer com que a organização se mantenha; não reconhece a força de uma amor; não considera os benefícios de uma amizade; e não entende a interdependência com os colegas. Por isso, o desafio para se manter a esperança está no equilíbrio entre a avareza e o desperdício que se entende como generosidade. O que é generosidade?

No equilíbrio entre os antônimos da avareza e do desperdício surge a generosidade que é a capacidade de entender a importância de dar e de receber; de compartilhar e de acolher; e de ensinar e de aprender. Com a generosidade brotando do fundo de nosso ser podemos viver sem ser pão duro, em que acumular seja um meta e sem desperdiçar os recursos recebidos com a irresponsavelmente de um mão aberta. No equilíbrio da generosidade se manifestam as vozes da esperança de que podemos afetar o mundo com afeto, fazendo dele um lugar melhor para se viver.

Moacir Rauber

Blog: www.facetas.com.br

E-mail: [email protected]

Home: www.olhemaisumavez.com.br