Conservação do solo: da terra que vem o sustento da humanidade

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“Afagar a terra; conhecer os desejos da terra; cio da terra, a propícia estação; e fecundar o chão”, esse trecho da canção Cio da Terra, de Chico Buarque e Milton Nascimento, retrata de maneira melódica e literária a importância em cuidar do solo. Na data de 15 de abril é celebrado o Dia Nacional da Conservação do Solo. Cuidar da terra é responsabilidade da humanidade.

“O solo é o principal patrimônio para a produção de alimentos, por isso deve ser protegido para todas as gerações”, destaca o responsável pela Unidade Municipal do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR) em Toledo, engenheiro agrônomo, Leodacir Francisco Zuffo. “É um componente vivo e sua vida depende do cuidado que temos com ele. A conservação e proteção do solo deve ser uma missão de todos os agricultores do nosso país, que tiram dele o sustento para si, seus familiares e produzem alimentos para o Brasil e o mundo”.

A conservação do solo, segundo Zuffo, é um conjunto de princípios e técnicas agrícolas que visa o manejo correto das terras cultiváveis, evitando a erosão em todas suas formas. Ele pontua que o objetivo é aproveitar ao máximo a terra por unidade de área plantada e, dessa forma, evitar a degradação física, química e biológica do solo.

RIQUEZA DO NOSSO SOLO – A região Oeste responde por 23 % da produção do Paraná. A agricultura corresponde com 48% de participação com área aproximada de 1.050.270 hectares de soja no verão, e no inverno com 712.305 hectares de milho safrinha e 196.740 hectares de trigo.

Somente o município de Toledo ocupa uma área de 119.701.6 hectares; desses 74.000,00 são utilizados para agricultura na produção de alimentos com maior importância no cultivo de soja verão 70.400 hectare e 63.500 hectare de milho safrinha no inverno.

“Muito foi feito na área de conservação dos solos para que essa área cultivada pudesse atingir as melhores produtividades do Estado. Os trabalhos iniciaram nos anos 80 com o Sistema de Conservação de Solos em Microbacias Hidrográficas, onde com a execução de práticas mecânicas e culturais de contenção de água e solo, tais como terraceamento agrícola, controle de voçorocas, adequação de estradas rurais, instalação de abastecedouros comunitários, coleta e destinação de embalagens de agrotóxico, destinação de resíduos orgânicos e plantio direto”, pontua o responsável do IDR em Toledo.

MELHORAR SEMPRE – As tentativas para promover melhoria não podem parar. Conforme Zuffo, a introdução do Consórcio Milho Safrinha com Braquiária foi à prática mais recente de tentar manter o solo coberto, melhorar a estrutura física e a infiltração da água evitando com isso o escorrimento superficial.

“Dados da Embrapa e do IDR-Paraná demonstraram que áreas do Paraná cultivadas há vários anos com a sucessão milho 2ª safra-soja apresentaram, em média, 20 milímetros por hora de infiltração de água. Por outro lado, áreas cultivadas com milho consorciado com braquiária resultaram em valor de infiltração 6,5 vezes maior, equivalente a 130 milímetros/hora. Ao introduzir a braquiária no sistema produtivo ocorre o aumento de palhada na superfície do solo e as raízes da braquiária funcionam como descompactadoras, o que melhora a infiltração de água”, evidencia o profissional.

EROSÃO – O mau uso do solo provoca o fenômeno chamado de erosão. Ele consiste no processo de desagregação, transporte e deposição de partículas da camada superficial do solo em áreas onde não estavam inicialmente. A erosão é resultado, entre outros fatores, da baixa infiltração da água no solo e do abandono de práticas mecânicas de controle desse fenômeno, como o terraceamento e o cultivo em nível.

“A água que escoa não pode ser aproveitada pelas plantas em períodos de seca e, ainda, carrega partículas da camada superficial do solo, ricas em nutrientes e matéria orgânica. Portanto, além do prejuízo econômico, por perdas de nutrientes, matéria orgânica e consequente queda na produtividade dos grãos, a erosão provoca um prejuízo ambiental, porque a camada de terra escoada vai se depositar no leito dos rios causando o assoreamento. A perda dos solos, provocada pela ação da erosão constitui-se em um grande problema de sustentabilidade, pois gera impacto nas esferas econômica, social e ambiental”, lamenta Zuffo.

Da Redação

TOLEDO