Mudanças: alimentos integrais deverão seguir novas regras

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Quem nunca foi ao supermercado e ficou em dúvida se determinado produto era realmente integral? Nem sempre as informações nutricionais – da maneira como eram citadas na embalagem – eram suficientes para esclarecer as dúvidas dos consumidores. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou que têm novas regras que integram uma resolução – publicada no fim de abril – as quais determinam que para serem identificados como alimentos integrais, os produtos alimentícios à base de cereais precisarão obedecer novos critérios.

As mudanças passarão a valer somente no próximo ano. Entre os alimentos considerados na resolução da Anvisa estão farinhas, massas, pães, biscoitos e cereais matinais. Um dos critérios é o produto precisa ter quantidade de ingredientes integrais superior à de ingredientes refinados. Além disso, devem ser integrais pelo menos 30% de todos os ingredientes.

“Quando avaliamos que o produto precisa ser no mínimo 30% dos ingredientes integrais já associamos a necessidade em conter grãos inteiros. Isso traz mais benefícios e qualidade nutricional ao alimento, que é sim industrializado, mas mantém padrões nutricionais importantes dentro da dieta diária. Essa exigência ganha mais força ao estar aliada a necessidade dos integrais superarem a quantia de ingredientes refinados em sua composição”, destaca a nutricionista, Deise Baldo.

A IMPORTÂNCIA DO INTEGRAL – A profissional destaca que os alimentos integrais são fontes de vitaminas e fibras. Ela cita que eles devem compor a dieta diária, de acordo com a necessidade cotidiana de cada um, afim de que venha a atender o que o corpo precisa.

Segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares 2017-2018: Análise do Consumo Alimentar Pessoal no Brasil, divulgada em 2020, os brasileiros estão comendo menos fibras. Esse consumo passou de 20,5 gramas em 2008-2009 para 15,6g em 2017-2018. “Isso liga um sinal de alerta para que cada um possa rever os alimentos consumidos e avaliar os reflexos no organismo”, declara Deise ao mencionar que o consumo diário recomendado para um adulto saudável é de 25 gramas a 30 gramas.

O consumo de fibras resulta em benefícios para o organismo. Ao manter uma dieta rica desses nutrientes é possível reduzir o colesterol e triglicérides, bom funcionamento do intestino, reduzir a taxa de glicose no sangue, entre outros reflexos positivos ao corpo.

“Ingerir frutas, legumes e verduras potencializam o consumo das fibras. Os alimentos integrais também ajudam a manter as necessidades das fibras. O ideal é optar pelos alimentos mais naturais possíveis e consumir menos os processados”, avalia a nutricionista.

ESPECIFICAÇÕES DAS MUDANÇAS – O termo integral poderá aparecer no rótulo desde que atenda os dois critérios previstos na resolução. Além disso, haverá a indicação do percentual de integrais. Segundo a Anvisa, mesmo os alimentos não considerados integrais poderão colocar no rótulo a porcentagem de integrais. Eles não podem, no entanto, dar a entender que se tratam de produtos integrais, nem mesmo com desenhos que possam enganar o consumidor de alguma forma.

EM VIGOR NO PRÓXIMO ANO – As novas regras devem entrar em no mês de abril de 2022. A partir desta data, os novos produtos deverão atender aos critérios. Aqueles que já estão em circulação terão, após a vigência da resolução, um prazo de 12 meses para adequação dos produtos, até abril de 2023. As massas alimentícias terão prazo ainda maior, 24 meses, devido à complexidade das adaptações tecnológicas.

“Essas alterações tendem deixar mais esclarecedores os rótulos dos alimentos. Dessa forma, cada um tem mais informação sobre o produto que pretende comprar, se ele de fato vai atender as necessidades nutricionais diárias, se de fato é um alimento que contém ingredientes integrais. Não podemos ir apenas pela embalagem, apesar de que esse item também não pode ser tendenciosa, mas temos que analisar a composição desse produto para que possamos cuidar com atenção de nossa alimentação diária”, conclui.

Da Redação*

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*Com informações da Agência Brasil