Sete entre oito atividades do varejo crescem em maio ante maio de 2020, diz IBGE

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Sete das oito atividades que integram o varejo registraram avanços em maio de 2021 ante maio de 2020. Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio divulgados na manhã desta quarta-feira, 7, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na média global, o comércio varejista teve alta de 16,0%, impulsionado pela base de comparação baixa, já que a economia sob forte impacto da crise sanitária nessa mesma época do ano passado.

Houve avanços nos setores de Tecidos, vestuário e calçados (165,2%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (59,8%), Livros, jornais, revistas e papelaria (59,4%), Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (32,7%), Móveis e eletrodomésticos (22,5%), Combustíveis e lubrificantes (19,7%) e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (18,8%). A única perda ocorreu em Hipermercados e supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-4,1%).

No varejo ampliado, que inclui os segmentos de veículos e material de construção, as vendas subiram 26,2%. O segmento de veículos cresceu 71,9%, enquanto material de construção aumentou 25,7%.

Revisões

O IBGE revisou o resultado das vendas no varejo em abril ante março, de uma alta de 1,8% para 4,9%, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC). Segundo Cristiano Santos, analista da pesquisa do IBGE, não houve mudança em dados enviados pelos informantes da pesquisa e a revisão acentuada é decorrente do próprio modelo de ajuste sazonal. No varejo ampliado, a taxa de abril ante março foi revisada de um avanço de 3,8% para 5,4%.

“Esse dado não tem a ver com mudança de fonte primária, com dado recebido. Tanto é que a série não ajustada mudou muito pouco. Então isso tem a ver com o ajuste (sazonal), com o modelo de ajuste”, afirmou Santos.

Na comparação com igual mês do ano anterior, o varejo restrito foi revisto de uma alta de 23,8% para 23,7% em abril. No varejo ampliado, a taxa passou de 41,0% para 40,9%. “O que tem mudado é o padrão da sazonalidade”, disse Santos.

Segundo ele, a pandemia gerou incertezas e alterou o padrão de consumo, alterando o efeito de datas comemorativas sobre o varejo e provocando antecipação de compras em determinados segmentos.

“Mudou Páscoa, não teve carnaval. Os modelos têm visão de longo prazo. A pandemia que traz incerteza para o futuro também traz alguns ajustes quando a gente vai falar de passado. Há volatilidade da distribuição do padrão de consumo”, justificou Santos.

Os modelos de ajuste sazonal consideram os comportamentos das vendas através de modelos de longo prazo, com base na trajetória dos últimos 10 ou 20 anos, para analisar a tendência dos dados e ajustar movimentos erráticos, explicou o pesquisador do IBGE.

“A pandemia causa uma mudança no comportamento de consumo, e ela não é um padrão na sazonalidade, ela não tem como ser retirada”, disse Santos. “(O modelo de ajuste sazonal) Não consegue ler a pandemia”, acrescentou, dizendo que a série com ajuste sazonal deve ser lida com cautela e no sentido de apontar uma tendência para o setor.

Segundo ele, não é o momento de fazer qualquer mudança no modelo estatístico de ajuste sazonal. Os pesquisadores também aguardam para saber qual será o novo padrão de consumo no pós-pandemia.