Conheça Enzo Pérez, o goleiro inesperado e novo ídolo do River Plate

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Enzo Pérez teve sua noite de glória na quarta-feira na posição menos esperada em sua carreira: ele foi o goleiro de emergência de um River Plate dizimado por infecções massivas de covid-19 e o herói da vitória por 2 a 1 sobre o Independiente Santa Fe pela Copa Libertadores. O volante de 35 anos teve de calçar as luvas após os quatro goleiros do time contraírem o novo coronavírus em meio a um surto que afetou 25 membros do elenco portenho.

Até a véspera do jogo, sua escalação no gol era dúvida devido a uma distensão muscular no tendão da coxa direita. mesmo assim ele foi para o sacrifício. Com o River sem jogadores para levar a campo, Enzo Pérez se candidatou e teve uma atuação considerada épica por parte da imprensa argentina. “Só tentei me concentrar em ajudar a equipe”, declarou ele após a vitória no Monumental de Nuñez, em Buenos Aires.

O volante foi batizado em homenagem a Enzo Francescoli, uruguaio que brilhou no River Plate de 1983 a 1986 e de 1994 a 1997, porque o seu pai é torcedor do River. “Todos sabem o amor que tenho por este clube. Mas não quero ser um ídolo nem uma referência, não procuro isso”, disse.

O River até tentou inscrever um goleiro juvenil para o jogo com o Santa Fe, mas a Conmebol recusou, argumentando que era contra o regulamento. A atuação de Enzo Pérez foi bastante elogiada pelo treinador, Marcelo Gallardo. “Não é fácil ficar em uma posição desconhecida”, disse. As fotos de Pérez abraçando Gallardo resumem a partida, disputada no momento crítico da pandemia na América do Sul, com quase um milhão de mortos. Somente na Argentina são 3,4 milhões de infecções e mais de 72 mil mortos.

Apesar de estar em uma posição desconhecida, recuperando-se de uma lesão e com a carga emocional da circunstância, Pérez mostrou postura incomum. “Enzo Pérez teve enorme tranquilidade”, elogiou o ex-goleiro Sergio Goycochea, herói da seleção argentina que chegou à final da Copa do Mundo de 1990 na Itália. Limitado devido a uma lesão, ele se apoiou no excelente desempenho da linha defensiva do River para proteger a área. “Ele jogava tentando ficar calmo, administrando o tempo. Sem contar que não conseguia chutar por causa da lesão. É preciso tirar o chapéu”, analisou Goycochea.

Enzo Pérez preferiu adotar um discurso mais cauteloso. “Falar sobre o jogo não faz muito sentido pelo que vivemos nessa semana. O que mais gostei foi abraçar meus companheiros de equipe quando ele terminou”, comentou Pérez, que disputou as Copas do Mundo Brasil-2014 e Rússia-2018 com a Argentina. Ele esteve no Maracanã na decisão dos argentinos contra a Alemanha.

A mulher de Enzo Pérez, Florencia, postou nas redes sociais uma foto do volante com a filha Pía e o filho Enzo Santiago, todos os três com roupas verdes de goleiro e a súmula do jogo. Foi um momento histórico para a família.