Seleção Feminina de Críquete recruta atleta olímpica para ajudar na preparação para as classificatórias da Copa do Mundo

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A Seleção Brasileira Feminina de Críquete está colhendo os benefícios de ter recrutado a ajuda de uma das atletas mais condecoradas do país em uma tentativa de fazer história nas eliminatórias da Copa do Mundo Feminina do Críquete (ICC Women’s T20 World Cup Americas) deste ano.

O Brasil enfrentará Argentina, Canadá e EUA em setembro, naquela que será a primeira aparição das sul-americanas em um evento da ICC em quase uma década. O vencedor garantirá uma vaga nas eliminatórias globais de oito seleções, com os dois primeiros colocados do evento progredindo para a Copa do Mundo Feminina de 2023 na África do Sul. O Brasil nunca se classificou, mas vai começar o torneio como o melhor colocado, após subir onze posições e figurar no 27º lugar no ranking mundial no ano passado.

A Federação do Cricket Brasil – órgão regulador nacional do esporte – está determinada a aproveitar as chances de progresso do time e, assim, em janeiro passou a contar com a ajuda de Tatiele de Carvalho, 11 vezes campeã brasileira dos 10.000m e finalista nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016. Tirando um tempo de seus preparativos para as Olimpíadas de Tóquio, em agosto, a atleta de 31 anos tem ajudado o jovem time de jogadoras de críquete profissional dentro e fora do campo.

Todas as semanas Tatiele oferece treinamento técnico e prometeu reduzir em até 40 segundos cada um dos 15 recordes pessoais das jogadoras contratadas em mais de 2.000m. Ela também realizou várias palestras discutindo o compromisso e o sacrifício necessários para chegar ao topo. As jogadoras podem ser regularmente encontradas chegando mais cedo para passar mais tempo em sua presença.

“Minha função, além de ensinar os aspectos técnicos da corrida, é inspirá-las e ajudá-las a acreditar que também podem ser campeãs olímpicas e mundiais”, disse Tatiele. “Todos os dias, posso incentivá-las porque elas podem olhar para mim e pensar: ‘Se ela consegue, eu também posso’. Posso mostrar a elas que as mulheres também podem mudar o mundo; as mulheres também podem chegar ao topo, como fiz em uma final olímpica. Elas podem alcançar tudo o que sonham.”

“Os resultados estão começando a aparecer, com três jogadoras do time tendo perdido até 10kg nos últimos seis meses e outras agora demonstrando um maior foco e senso de responsabilidade”, explica o inglês Matt Featherstone, técnico da Seleção Feminina do Brasil.

“Muito disso se deve a Tatiele”, afirma Matt. “Quando ela veio falar com as meninas em janeiro, estava claro que seu estilo de vida era o mesmo de 95% das meninas, então elas puderam se identificar imediatamente. Basicamente, ela disse: ‘Não se engane que apenas treinar duas horas por dia e ter uma vida normal vai te levar ao topo, porque não vai’. Elas seguiram esse conselho porque, embora ela não pratique o mesmo esporte, ela fez exatamente o que essas meninas querem fazer – chegar ao topo.”

Além de progredir nas eliminatórias de setembro nas Américas, Featherstone e sua equipe também estão almejando um lugar entre os 20 melhores do mundo em dois anos. Tal conquista desbloquearia um financiamento considerável para um esporte, que atualmente recebe zero assistência governamental. Isso pode mudar se o críquete retornar às Olimpíadas, como é amplamente esperado para 2028, mas por enquanto o Cricket Brasil tem buscado arrecadar fundos por meio de outras fontes.

Além de buscar patrocinadores, o órgão dirigente está realizando uma campanha de crowdfunding para ajudar a arrecadar dinheiro para melhorar a infraestrutura do jogo no país. Com apoio financeiro, pretende levar o críquete a mais cidades do Brasil, além de investir em infraestrutura, equipamentos, equipe e condições logísticas para competições dentro e fora do país.

“Quanto mais fundos pudermos levantar, mais rápido podemos fazer o esporte crescer no Brasil”, disse Featherstone. “O Cricket Brasil não se trata apenas de seleções; também fazemos muito trabalho em escolas e nas comunidades, fornecendo não apenas uma rota de fuga para as armadilhas muito comuns da desigualdade, mas também a chance de frequentar a universidade, representar seu país ao redor do mundo e até mesmo desenvolver profissionalismo, carreiras assalariadas.”

Da Assessoria