Werdum esquece UFC e estreia como uma das estrelas da PFL: ‘Me sinto com 28 anos’

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Lutador, empresário e produtor de conteúdo, o incansável Fabrício Werdum encara nesta quinta-feira um desafio novo em sua longeva carreira no MMA. O ex-campeão peso pesado (até 120 kg) do UFC estreia como uma das estrelas da Professional Fighters League (PFL), organização que dá ao vencedor de cada categoria o prêmio de US$ 1 milhão (cerca de R$ 5,3 milhões, na cotação atual). Seu adversário será o compatriota Renan “Problema” Ferreira, em Atlantic City, nos Estados Unidos, onde acontece a bolha da organização.

Werdum, de 43 anos, terminou sua passagem no UFC no ano passado após 14 anos. Meses depois, ele foi confirmado na PFL, novo evento de MMA com um formato diferente, inspirado nas grandes ligas esportivas dos Estados Unidos. Os lutadores avançam rumo ao cinturão a cada vitória, independentemente de popularidade. Ao final da temporada regular, os quatro melhores classificados de cada categoria vão aos playoffs e se enfrentam por uma vaga na grande final.

Com um cartel de 24 vitórias, nove derrotas e um empate, Werdum fez sua última aparição no octógono em julho de 2020, quando finalizou Alexander Gustafsson no primeiro round, e agora diz estar pronto para ser um dos protagonistas da PFL. Em entrevista ao Estadão, o brasileiro aponta o que espera no evento, fala sobre a preparação para a luta, incluindo os protocolos contra a covid-19, diz que se sente jovem, garante que não guarda mágoas do UFC e prevê que ainda possa lutar mais um ano antes de se aposentar.

Você passou 14 anos no UFC e agora encara um novo desafio, bastante diferente em relação ao que já viveu, com um novo formato e premiação milionária. Qual a expectativa para o evento?

A expectativa é sempre de vencer. Estou me preparando para isso há bastante tempo e estou pronto para vencer essa primeira luta. Continuarei treinando para ganhar esse campeonato e levar o prêmio de um milhão de dólares para casa.

Como está Fabrício Werdum hoje, aos 43 anos, fisicamente, mentalmente e em todos os aspectos?

Me sinto com 28 anos, para não falar menos, ao mesmo tempo em que estou mais maduro. Sigo com muita vontade de vencer e levar mais esse prêmio para casa.

Ao contrário de outros lutadores da PFL, você é apontado como embaixador do evento e capaz de mudar o patamar da organização. Como lida com isso?

Acho muito legal isso, é bom saber que posso contribuir para o evento dessa forma. Quando assinei o contrato fui considerado o Tom Brady do MMA, pelo Peter Murray, CEO da organização. Isso me deixa feliz. Não gosto de ficar falando sobre meus títulos (campeão de grappling, campeão da ADCC e campeão dos pesados do UFC), fica feio ficar repetindo isso. Mas ouvir que sou a maior estrela do PFL só me motiva a continuar treinando mais e mostrar que aos 43 anos eu estou muito bem para lutar no evento.

Como tem sido a preparação para a luta nos EUA? E quais são os protocolos contra a covid-19 que tem seguido antes do evento? Sente-se seguro?

Já estou há dois meses nos Estados Unidos treinando com a minha equipe, com o mestre Rafael Cordeiro e o Cobrinha, enquanto faço a preparação mental com Eric Faro. Contratei também o Tarântula para o meu time, um mexicano que é um do mais altos do país, e treino com ele pelo tamanho. O Renan é 15 centímetros mais alto que eu e o Tarântula é 17 centímetros (ele tem 2,10 metros) e tem ajudado na preparação. Sobre os protocolos, só tenho elogios à PFL. Estamos em uma bolha desde semana passada em um hotel aqui em Atlantic City. Temos um espaço só para os atletas, com testes periódicos, academia exclusiva e de primeira para nós, área para tomar sol, além de comida. Semana passada teve a estreia da temporada e eles desmontaram tudo para poder limpar, tiraram a lona e colocaram outra. Realmente é de primeira.

Qual sua avaliação do Renan, seu adversário?

Não conhecia o Renan, não acompanhei a carreira dele e não o conheço pessoalmente ainda, mas sei que é um lutador alto, que usa bastante a distância e tem um boxe muito bom.

Ficou mágoa do UFC com relação à sua saída? Considera que houve injustiça?

Acho que tiveram muitos altos e baixos, mas foram muito mais alegrias do que brigas ou problemas. Não guardo nada contra o UFC. O UFC só me ajudou, me levantou na hora certa. Fiquei 14 anos com eles, fui campeão duas vezes. Fico muito feliz com minha passagem pela organização e agradeço muito a eles por todo esse tempo em que estive lá.

Aos 43 anos, você mostra que ainda tem lenha para queimar, mas já pensa em aposentadoria? Quando pretende deixar os ringues?

Estou falando há quatro anos para a Karine, minha esposa, que vou parar e nunca paro. Quero terminar esse ano lutando, fazendo de quatro a seis lutas pela PFL e quem sabe ainda fique por mais um ano. Não sei, não tenho nada definido ainda. Gosto muito de lutar, amo o que faço, então parar é sempre muito difícil.

Você é lutador, empreendedor e produz conteúdo. Depois de parar de lutar, o seu canal no YouTube será uma prioridade? O que pensa mais em fazer com mais tempo livre?

Com toda certeza vou passar mais tempo com a minha mulher e minhas filhas. Por isso resolvi me dividir entre o Brasil e os Estados Unidos. Sinto muita falta delas, e quero poder aproveitar mais com a minha família. Escolhi o Brasil para a minhas filhas poderem conhecer a nossa cultura, conhecer o país dos pais delas. Elas cresceram nos Estados Unidos e acho importante elas estarem aí também. Além do meu canal do YouTube, que com certeza vou investir mais tempo também, tenho alguns negócios no Brasil e pretendo dar atenção a eles, me dedicar a isso. Hoje tenho uma boutique de carnes em Florianópolis, uma marca de roupas esportivas que chega ao mercado no começo de maio, uma franquia de churrasco na parrilla e pretendo ter outros negócios em breve também.