Municípios avaliados no Sul foram os que tiveram maiores baixas nas despesas com educação em 2020

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Levantamento da Multi Cidades – Finanças dos Municípios do Brasil traz comparativo de despesas de cidades selecionadas com 2019 

A grande maioria dos municípios avaliados na região Sul diminuiu as despesas com educação em 2020, segundo dados publicados no anuário Multi Cidades – Finanças dos Municípios do Brasil, lançado no último mês de novembro de 2021 pela Frente Nacional dos Prefeitos (FNP), com patrocínio da Huawei e da Tecno It. A região foi a que teve maior baixa de investimentos em educação, com 7% a menos que em 2019.

Os municípios que enviaram dados para avaliação e que mais diminuíram os gastos com educação foram Foz do Iguaçu (PR), com 15,8% a menos que em 2019, Caxias do Sul (RS), com 14,8% a menos, e São José dos Pinhais (PR), que diminuiu 11,9%. Os valores são atualizados pelo IPCA médio de 2020.

Com a pandemia e a necessidade do distanciamento social, em 2020 a suspensão de aulas presenciais como medida de enfrentamento à Covid-19 impactou nas despesas com o custeio da área da educação, o que fez com que os gastos com a pasta tivessem o mau desempenho.

A mudança de rotina nas redes de ensinos levou à revisão ou corte de alguns gastos ligados ao custeio das escolas, como a limpeza, transporte escolar, água, luz, telefone, alimentação dos alunos e segurança, bem como os contratos temporários de professores.

Apesar disso, Porto Alegre (RS) mais que dobrou as despesas com educação em 2020: a capital aumentou em 59%, passando de R$ 649,6 milhões em 2019 para R$ 1 bilhão em 2020. Destaque, também, para Gravataí (RS), que aumentou 7,6%, de R$ 207,3 milhões para R$ 222,9 milhões. 

DESPESAS COM EDUCAÇÃO DAS CIDADES SELECIONADAS DO SUL

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Como resultado das modificações das despesas em função da pandemia no Brasil, o desembolso com educação teve uma redução de 5,3%, a maior já registrada em toda a série histórica iniciada em 2002, passando de R$ 182,56 bilhões em 2019 para R$ 172,83 bilhões em 2020.

Sob a ótica regional, os municípios do Sul foram os que assinalaram as maiores baixas na despesa com a função, em média -7%. Nas cidades do Norte, a taxa ficou em -3,4%. Nas demais regiões, o desempenho situou-se próximo à média nacional.

Tânia Villela, economista e editora do anuário, explica que é estabelecido no artigo 212 da Carta Magna que estados e municípios são obrigados a aplicar, no mínimo, 25% de toda a receita bruta proveniente das arrecadações de seus respectivos impostos e de transferências com origem tributária em ações de manutenção e desenvolvimento da educação (MDE).

Em 2020, milhares de municípios tiveram dificuldades para cumprir tal determinação, expondo vários prefeitos ao risco de receberem pareceres ressalvados ou negativos dos Tribunais de Contas em razão de eventuais irregularidades.

“Dessa forma, 2021 trouxe para as gestões locais uma situação paradoxal, na qual as administrações não têm condições para realizarem os gastos necessários a fim de empregarem os 25%, ao mesmo tempo em que as receitas se recuperaram de modo significativo”, analisa Tânia.

Por essa razão, a FNP apoia a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 13/2021, em tramitação no Congresso Nacional, que procura dar uma solução temporária para uma questão excepcional decorrente do enfrentamento à pandemia.

A entidade tem desempenhado um trabalho de articulação e mobilização para aprovação do texto, que prevê 2023 como prazo final para que estados, Distrito Federal e municípios possam cumprir o mínimo estabelecido pela Constituição. 

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Primeiro semestre de 2021 

O anuário traz, ainda, uma análise prévia do primeiro semestre de 2021, que teve o desempenho da despesa com educação marcado pela redução real de 8,9% no comparativo com os primeiros seis meses de 2020. 

Entre os municípios com menos de 200 mil habitantes, o impacto foi mais severo, com quedas acima de 10% na comparação do primeiro semestre de 2021 com os mesmos períodos de 2020 e 2019. Já nos municípios com mais de 200 mil e menos de 500 mil residentes, o declínio do gasto foi um pouco mais brando. Ressalta-se a menor retração constatada entre as grandes cidades, aquelas com mais de 500 mil habitantes, de 3,2%, devido ao aumento significativo de 7,2% da cidade de São Paulo. Caso fossem desconsiderados os gastos da capital paulista, a despesa com educação do grupo teria sofrido uma diminuição real de 7,9%.
C2 Comunicação – Laísa Rasseli