Não romper os vínculos: os desafios da guarda compartilhada em tempos de pandemia

3

A guarda compartilhada, com a pandemia, precisou ser discutida. A prioridade é beneficiar as crianças e os adolescentes que vivem essa realidade. Acordos entre os pais exigem cautela e comprometimento para que as visitas ocorram sejam por telefone ou chamada de vídeo.

“Faz um ano que lutamos contra a Covid-19 e todos os impactos que ela trouxe”, comenta a psicóloga, Jane Patti. “Mesmo após todo este tempo, as questões pontuais de convívio, de acertos, de resiliência, ainda não atendem toda a demanda. Ainda vemos muitos casos em que os pais que optaram pela guarda compartilhada não entrarem em acordos que coloquem as necessidades e interesses da criança ou adolescente, conforme prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)”.

Jane declara que na teoria parece algo simples, contudo, na prática envolve questões afetivas que podem interferir no emocional dos filhos e também dos demais familiares. “Aqueles que estão longe tiveram que aprender a lidar com a saudade, enquanto os familiares que estão ali no convívio diário, sem dividir as responsabilidades em termos de criação, tiveram que encontrar formas para lidar com tudo isso e ocupar o ‘espaço’ do outro que não se faz presente como antes da pandemia”, avalia.

A profissional reforça que diante do isolamento social, a guarda compartilhada deve ser efetivada de forma que venha a atender o artigo 227 da Constituição Federal e os artigos 1° ao 5º do Estatuto da Criança e do Adolescente. Segundo Jane, os pais devem ter um diálogo produtivo e que enalteça a proteção integral dos filhos.

SAÚDE MENTAL DOS FILHOS – “Os pais têm papel importante no desenvolvimento da saúde mental dos filhos. É uma rede, uma conexão que liga os sentimentos de cuidado e proteção, autonomia segurança emocional, importância como ser humano, entre outros que cada um pode apresentar, pois como seres providos de emoções, cada um avalia e sente as coisas de maneiras diferentes”, pontua.

O momento exige que os vínculos sejam mantidos, sem que ocorra a ruptura ou que sejam fragilizados. Esse cuidado é preciso ser intensificado em relação aos menores, especialmente, diante de datas comemorativas como aniversário, dia das mães e dos pais, Natal, Páscoa, quando um dos genitores não pode estar presente na vida do filho naquele momento.

MANTER OS VÍNCULOS – A psicóloga relata que existem vínculos que, naturalmente, são construídos. Enquanto, outros demoram mais tempo para ser firmados e isso pode ocorrer devido às condições externas, por isso, é preciso que os familiares estejam atentos para que as crianças e os adolescentes não sejam prejudicados.

“Os pais precisam ter um relacionamento amigável em relação a conduta para a criação e desenvolvimentos dos filhos, ou seja, é fundamental para a saúde mental de todos, que exista uma relação coparentalidade saudável, isso contribui para que não ocorram situações de alienação parental”, alerta ao mencionar que diante de um término de um relacionamento conjugal, quando a relação gerou um filho, o primordial é manter a paz focada no bem-estar e interesses das crianças  e dos adolescentes.

A TECNOLOGIA QUE UNE CORAÇÕES – A tecnologia tem sido uma importante aliada neste período de pandemia. Pais e filhos separados pelas necessidades de cuidados tem feito com que o contato fosse alcançado de maneiras diferentes.

Segundo a psicóloga, as tecnologias permitem que ocorra essa aproximação através do uso de aplicativos, chamadas de vídeo, ligações convencionais. O importante é manter o contato diário de maneira que os familiares possam estar em constante sintonia.

“Independente das dificuldades deste momento, os pais não podem deixam que os filhos cultivem sentimentos de abandono, desinteresse pela vida deles, ou falta de tempo para dar atenção. A presença se faz mesmo estando longe fisicamente. Destacar que este período vai passar e os planos poderão ser tomados faz com que todos tenham mais esperança em relação ao futuro. Já para os pais que estão com os filhos é preciso mais paciência, criatividade e saber aproveitar esse momento para ensinar e aprender os filhos”, declara a profissional.

Da Redação

TOLEDO