Venda de cimento mantém bom desempenho

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Com as vendas do 1° semestre mantendo boa performance, a indústria do cimento espera para os próximos meses um arrefecimento dos ganhos obtidos até maio, como já apontam os dados de desempenho de junho.

Este quadro se deve, principalmente, em função de uma base de vendas muito fraca no período de janeiro a maio do ano passado e o efeito estatístico que favoreceu os percentuais de crescimento da atividade nos primeiros cinco meses deste ano. Em linha com as previsões do Sindicato Nacional da Industria do Cimento (SNIC), o arrasto estatístico passa a partir de junho a impactar negativamente a performance de vendas da commodity. Em junho, comparado com o mesmo mês de 2020, o crescimento foi de 1,7% reduzindo o acumulado para ainda significativos 15,8%.

A autoconstrução, reformas (residencial e comercial) ainda em alta e a continuidade de obras do setor imobiliário são as principais razões de demanda do produto. Atualmente, esses vetores de consumo respondem por aproximadamente 80% da destinação do cimento no país e colaboraram com as vendas no mercado interno, que atingiram em junho 5,5 milhões de toneladas. No acumulado do ano (janeiro a junho) foram vendidas 31,5 milhões de toneladas.

Cabe salientar, que o desempenho acumulado até maio de 19,3% passou em junho a 15,8%, uma perda de 3,5% de pontos percentuais, demonstrando uma desaceleração no ritmo de vendas do setor. Ao se analisar a venda de cimento por dia útil, 236,4 mil toneladas, há uma diminuição de 0,5% sobre maio deste ano e aumento de 1,5% em relação ao mesmo mês de 2020.

Na contramão da desaceleração das vendas de cimento, o índice de confiança do consumidor² está em trajetória de recuperação pelo terceiro mês consecutivo. O destaque fica para o indicador de confiança da construção³, que apresentou a maior alta nos últimos doze meses.

Diante deste cenário, teremos um desafio maior que é mantermos a boa performance, chegando ao final do ano com o crescimento aproximado de 6%.

“Acreditamos que o setor deve continuar em um bom ritmo de crescimento. O aumento das vendas de imóveis residenciais em patamares surpreendentes sustenta o desempenho do setor de cimento, mas impõe cautela para o futuro. É fundamental a continuidade dos lançamentos imobiliários, a manutenção do ritmo das obras, aumento da massa salarial (emprego e renda) e da atividade econômica que manterão o fôlego do auto construtor e a confiança do empreendedor. A infraestrutura continua sendo uma atividade de extrema importância para a indústria do cimento e os resultados dos leilões e concessões ocorridos principalmente a partir de abril começarão a ser percebidos em 2022”

Paulo Camillo Penna – Presidente do SNIC

VENDAS – TABELA E GRÁFICO

PERSPECTIVAS

As projeções do consumo de cimento apontam um crescimento em torno de 6% para 2021. A economia no primeiro trimestre esteve acima do esperado. Há uma melhor perspectiva na questão fiscal possibilitando um maior gasto público. A taxa de isolamento foi menor, diminuindo os efeitos negativos da pandemia e a vacinação acelerou, melhorando expectativas e possibilitando uma abertura gradual a partir do segundo semestre.

Ainda há novos leilões de concessões (aeroportos regionais, saneamento municipais, rodovias, ferrovias) e investimento público em infraestrutura gerando boas perspectivas para a atividade.

Apesar desse cenário é preciso acompanhar os desdobramentos das reformas estruturantes (administrativa e tributária), a evolução da taxa Selic (o aumento inibe novas construções imobiliárias) e a recuperação do emprego4 e da massa salarial.

Estas incertezas se somam à um outro problema, a inflação de custos. A crise hídrica, com significativos aumentos de custos de energia elétrica, irá impactar drasticamente o desempenho da eletrointensiva indústria do cimento. Desde 2015 o setor vem sofrendo forte pressão de custos de produção no frete, sacaria, energia elétrica e térmica (coque de petróleo), principalmente. Esse movimento de alta, compromete a sustentabilidade financeira da atividade.

A indústria se esforça no projeto de ampliação dos combustíveis alternativos na busca da redução de emissões e da dependência do coque, um produto majoritariamente importado. A queima de resíduos em fornos de cimento, tecnologia mundialmente consagrada e conhecida como coprocessamento (veja box abaixo), surge como importante alternativa para redução das emissões no setor, além de representar uma solução ao passivo ambiental. A energia térmica é de longe o maior item de custo para a produção do cimento e a indústria tem como meta a substituição de 55% do coque até 2050.

Da Assessoria