Inteligência Artificial avança nas lavouras e impulsiona o agronegócio

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Desde os tempos das cavernas até a era digital, a história humana tem sido marcada por invenções e descobertas que impulsionam o progresso. Busca por eficiência, aprimoramento contínuo e praticidade têm guiado o surgimento de tecnologias que atendem às mais diversas necessidades humanas, da saúde à educação, da alimentação ao direito. Entre essas áreas, destaca-se a agricultura, que ao longo dos séculos incorporou inovações para enfrentar desafios desde o plantio até a colheita. Hoje, com o avanço da Inteligência Artificial (IA), não é diferente: a tecnologia vem transformando o setor agrícola, oferecendo soluções inteligentes e eficazes.

No agronegócio, mesmo com o avanço dos recursos digitais e da Inteligência Artificial, a criação, a análise dos dados apresentados e as resoluções, dependem diretamente da atuação de especialistas. A tecnologia, por si só, não substitui o acompanhamento de profissionais qualificados, essenciais para análises precisas e decisões assertivas no campo.

OTIMIZAÇÃO – Segundo o doutor em engenharia agronômica e professor universitário, Arlindo Fabrício Corrêia, a Inteligência Artificial tem otimizado o processo de coleta e análise de dados no campo. “A IA possibilita o uso de sensores e outras maneiras de obtenção dos dados, o que possibilita a confecção de relatórios com a mesma qualidade e um tempo de obtenção bem menor”, explica.

Enquanto o método tradicional exige a coleta manual dos dados, transporte até o escritório, uso de softwares especializados e a atuação de um profissional para filtrar e editar as informações, a tecnologia atual permite que tudo isso seja feito em tempo real, durante a própria colheita. Por meio de plataformas conectadas à internet e sistemas em nuvem, os dados são processados automaticamente por algoritmos, otimizando o tempo, reduzindo custos e entregando resultados instantaneamente a técnicos e agricultores.

DADOS E APLICAÇÕES – O engenheiro civil especialista em drones e instrutor do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Arnaldo Antunes dos Santos Neto, ressalta que será possível cruzar inúmeras informações disponíveis, muitas das quais ainda são pouco exploradas. “A IA poderá integrar dados históricos de imagens Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI), mapas de produtividade, análises de solo e informações em tempo real obtidas por sensores de longo alcance, criando mapas de taxa variável para aplicação de insumos, definição da quantidade de sementes e defensivos, além do apoio na tomada de decisões conforme as condições climáticas”, afirma Neto.

Aplicada ao solo ou às plantas, a IA permite leituras detalhadas, como a análise química, física ou biológica do solo, ou a avaliação nutricional e fitossanitária dos cultivos. As informações geradas são integradas a plataformas digitais e transformadas em mapas de aplicação, que podem ser enviados pela internet a tratores, drones ou caminhões com tecnologia de taxa variável, otimizando todo o processo produtivo, exemplifica Arlindo.

O avanço da Inteligência Artificial no campo já permite diagnósticos precisos e rápidos. “A IA já tem capacidade de identificar tipos e quantidades de insetos que estão atacando uma lavoura, e até em quais locais estão prejudicando mais”, afirma Corrêia destacando o uso de sensores embarcados em drones ou até mesmo satélites. Essas informações, quando processadas com base no conhecimento agronômico e respeitando a legislação, ajudam a definir intervenções com menor impacto ambiental e financeiro.

POTENCIAL – Este é um mercado com potencial de expansão, visto que a adoção dos recursos ainda é baixa. “Quando os agricultores percebem os benefícios, como ganho de tempo para aplicações ou economia de combustível, já buscam realizar novos investimentos pensando nestas possibilidades. Outro grande potencial é para as empresas, cooperativas e profissionais do segmento agro, que estão vislumbrando no uso de IA opções de novos negócios e serviços que proporcionam aumento da produção regional de alimentos”, completa.

Ao comparar a adesão entre grandes e pequenos produtores, o engenheiro agrônomo destaca a necessidade de políticas públicas voltadas aos agricultores de menor porte. Ele sugere parcerias com instituições de ensino para o aprimoramento de técnicas que aumentem a produtividade no campo. Já os produtores de áreas maiores tendem a adotar essas tecnologias com mais facilidade, não apenas pelo fator financeiro, “mas também por ter a possibilidade de realizar avaliações preliminares e testes em pequenas áreas antes de aplicar na totalidade das lavouras”, afirma.

“Em um futuro não muito distante, a IA tende a se tornar uma verdadeira aliada, quase um ‘guru’ para o produtor. Não seria surpreendente, inclusive, se esse processo acabasse concentrado nas mãos de grandes multinacionais”, conclui Neto.

Da Redação

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