‘Queremos achar convergência política diante do descalabro’, diz Elena Landau

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Integrante da linha de frente do grupo Derrubando Muros, a economista e colunista do Estadão Elena Landau comandou nesta terça, 14, um seminário sobre reforma do Estado do qual também participaram ou participarão outros expoentes de sua geração da PUC-Rio: Armínio Fraga, Persio Arida e André Lara Resende. O movimento reúne empresários, banqueiros, políticos, economistas e intelectuais com objetivo de buscar pontos de convergência em torno de um objetivo comum: combater o presidente Jair Bolsonaro. Nesta entrevista, a economista fala sobre os pontos que podem unir a chamada “terceira via”.

Quais propostas econômicas unem a terceira via?

O Estado que a gente pensa é progressista, liberal, inclusivo e sustentável. Isso é fácil de discutir. O problema é chegarmos a uma convergência sobre os meios de chegar lá. Esse é o desafio do seminário: um mínimo de convergência, não só na economia, mas na política também. A ideia (de criar o Derrubando Muros) é mais política e institucional diante desse descalabro que estamos vivendo.

É possível encontrar pontos de convergência na economia com o PT e estar ao lado da sigla se o adversário for Jair Bolsonaro no segundo turno?

É muito cedo para pensar nisso. O Derrubando Muros é uma tentativa de construir uma terceira via. Não vou antecipar o segundo turno neste momento. A gente está trabalhando, quando chegar a hora vamos decidir o voto.

Como avalia a estratégia de privatizações do governo?

Este governo não está fazendo privatização nenhuma por enquanto. Ele conseguiu autorização do Congresso para a privatização da Eletrobras, que saiu muito ruim, e tem outro projeto para os Correios. Minha visão é que se deve privatizar tudo aquilo que o setor privado pode assumir, incluindo os Correios. Sou radicalmente a favor das privatizações, mas o que deve ser um pressuposto de todos no grupo é a responsabilidade fiscal. Prometer responsabilidade fiscal é o mesmo que prometer ser honesto: isso é pressuposto. Sem ele não há responsabilidade social. Não dá para dissociar uma coisa da outra.

Qual deve ser o papel do Estado na recuperação da economia?

O Estado deve permitir que o setor privado floresça. Tem que dar segurança jurídica, uma boa regulação, fiscalização e respeitar os contratos. Todas as políticas de grande intervenção geraram inflação e desemprego. Temos que ver também o que deu errado: intervenção em juros e no câmbio não dá certo. O Brasil melhorou com o tripé econômico, a flutuação do câmbio e o Banco Central independente. Essas coisas devem ser defendidas, pois passaram por vários governos, independentemente da ideologia. Imagine se o Banco Central não fosse independente nesse momento?

Qual a sua avaliação sobre o desempenho de Paulo Guedes?

É a mesma avaliação de sempre, de 30 anos atrás, 2018 e hoje. Ele é uma pessoa completamente inábil e sem nenhuma noção da realidade. É um economista de palestra. Nada do que está acontecendo me surpreendeu.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.