7 doenças que amedrontaram a humanidade na história antes da Covid-19

0 23

Em tempos nos quais não existiam vacinas ou medicamentos, milhões de pessoas perderam a vida para enfermidades que foram sendo controladas ao longo dos anos

Mesmo com a chegada da vacina para a população mundial, a pandemia de Covid-19 continua sendo o principal motivo de preocupação diária nos quatro cantos do planeta. As hospitalizações graves e os óbitos diminuíram em virtude da imunização, mas as variações do vírus e os surtos locais continuam assustando e ocupando o noticiário.

Esse cenário de pandemia, que muitas pessoas alguns anos atrás jamais imaginariam viver, não aconteceu pela primeira vez na história da humanidade. Na verdade, doenças pandêmicas e epidêmicas acometem a população mundial desde muito tempo e aprender um pouco mais sobre elas pode nos fazer entender melhor o contexto atual.

Com base em artigos especializados e em uma publicação da Seguros Unimed — seguradora que trabalha com planos de vida, saúde e empresariais — reunimos sete epidemias e pandemias que afetaram o mundo no decorrer da história muito antes da Covid-19 aparecer. 

Só para esclarecer os conceitos: epidemia se refere a doenças que se espalharam por uma região geográfica específica, como, por exemplo, uma cidade, um estado ou um país. Já o uso do termo pandemia ocorre quando se pretende indicar uma enfermidade que se disseminou por um amplo espaço geográfico, a exemplo de um ou mais continentes.

1.     Peste bubônica

Conhecida principalmente como Peste Negra, a peste bubônica era causada pela bactéria Yersinia pestis, podendo ser desencadeada pelo contato com pulgas, piolhos ou ratos. A peste durou do século 14 ao 16, o que significa que ocorreram diversos surtos da doença ao longo do período.

Estima-se que um terço da população europeia foi dizimada pela doença. O entendimento é de que ela chegou à Europa por meio de navios que traziam ratos infectados e cheios de pulgas, em função da higiene bastante precária da época.

Um estudo recente publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences reconheceu que pulgas de ratos contaminadas com a bactéria foram as principais transmissoras da doença no início, mas ressaltou que as pulgas e piolhos de humanos teriam sidos infectados, contribuindo para a contaminação massiva ao longo dos anos.

Os sintomas da enfermidade incluem inchaço nos gânglios linfáticos na axila, virilha e pescoço, além de febre, dores de cabeça, calafrios, fadiga e dores musculares. Atualmente, a peste bubônica é tratada com antibióticos e com o isolamento do paciente.

2.     Gripe Espanhola

Estima-se que entre 40 e 50 milhões de pessoas morreram de Gripe Espanhola em 1918. Causada por um subtipo do vírus Influenza, essa doença infectou mais de um quarto da população mundial, inclusive o presidente do Brasil na época, Rodrigues Alves, que não resistiu e faleceu em 1919.

O transatlântico Demerara, que vinha da Europa, desembarcou nas cidades brasileiras de Recife, Rio de Janeiro e Salvador, trazendo consigo pessoas contaminadas.

Os sintomas da Gripe Espanhola eram bastante semelhantes aos da Covid-19. No entanto, quando acometeu o mundo, não havia antibióticos e o sistema de saúde não tinha condições de suportar a demanda.

Há um fato curioso nessa história: acredita-se que um remédio caseiro utilizado pela população brasileira naquele tempo — composto de cachaça, limão e mel — foi o que acabou dando origem à tão amada caipirinha.

3.     Varíola

Popularmente chamada de “bixiga”, a varíola era causada pelo vírus Orthopoxvírus variolae, transmitido entre seres humanos por meio das vias respiratórias.

Os sintomas da doença eram febre e erupções características na boca, na garganta e no rosto. Só no século 20, o vírus matou 300 milhões de pessoas e foi utilizado como arma biológica por colonizadores em conflitos contra a população indígena.

A doença amedrontou a humanidade durante nada menos que 3 mil anos, acometendo o faraó egípcio Ramsés II, a rainha Maria II da Inglaterra e o rei Luís XV da França. Graças à vacinação em massa, nos anos 1980, a varíola foi considerada erradicada do mundo, sendo que o último caso registrado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) data de 1977.

4.     Tifo

O tifo é causado pela bactéria Rickettsia prowazekii e é transmitido pelas fezes do piolho humano, que entram no corpo humano quando o indivíduo coça o local da picada, ou ainda quando, depois de secas, as fezes entram em contato com o sistema respiratório ou os olhos, causando dores de cabeça, nas articulações, febre alta, delírios e erupções cutâneas hemorrágicas.

Após a Primeira Guerra Mundial, em um contexto parecido com o da Peste Negra, no qual as condições de higiene e saneamento eram bastante precárias, estima-se que mais de 3 milhões de pessoas tenham morrido de tifo.

A doença foi responsável pela morte de Anne Frank, adolescente alemã de origem judaica, vítima do Holocausto, que se tornou uma das figuras mais simbólicas da luta contra o preconceito no século 20, após a publicação póstuma de seu diário pessoal.

5.     Cólera

A primeira pandemia de cólera de que se tem registro aconteceu em 1817, mas a doença é responsável por vitimar pessoas, principalmente em regiões menos desenvolvidas, até os dias de hoje.

Ela é causada pela bactéria Vibrio cholerae, que sofre uma série de mutações responsáveis por novos ciclos epidêmicos. Pode ser contraída após o consumo de água ou alimento contaminado, podendo ocorrer intensas diarréias, enjoo frequente e fortes cólicas.

Apesar de existir vacina para a cólera, ela não é 100% eficaz. O tratamento é à base de antibióticos. Surtos de cólera foram registrados no Haiti, em 2010, no Iêmen, em 2019, e na região nordeste do Brasil, na década de 1990.

6.     Tuberculose

A pessoa com tuberculose pode ter tosses recorrentes (com secreções ou até com sangue), dores no peito, fadiga, febre, perda de apetite e suor noturno, além de catarro e inchaço nos gânglios. Até o início do século 19, devido aos seus variados sintomas, a tuberculose não era classificada como uma só doença.

De acordo com a OMS, a tuberculose permanece sendo a doença infecciosa mais mortal do mundo, afetando principalmente comunidades menos favorecidas. A bactéria causadora dessa condição, Mycobacterium tuberculosis, foi descrita em 1882 por Robert Koch e, por isso, leva o nome de Bacilo de Koch.

Estima-se que mais de 1 bilhão de pessoas já morreram em decorrência da tuberculose no mundo. A enfermidade só passou a ser tratada a partir de 1928, quando Alexander Fleming descobriu a penicilina. Entre as medidas de prevenção, está a aplicação da vacina com o bacilo Calmette-Guérin (vacina BCG).

7.     HIV (AIDS)

AIDS é uma sigla em inglês para o nome Síndrome da Imunodeficiência Adquirida. Provocada pelo vírus HIV, a doença afeta o sistema imunológico do organismo, atacando linfócitos fundamentais para sua defesa. Estima-se que mais de 20 milhões de pessoas já morreram de complicações de AIDS no mundo.

A doença é transmitida por meio de relações sexuais sem proteção e também pela transmissão sanguínea. Não há cura para a AIDS, mas atualmente existe uma série de medicamentos que auxiliam no controle da doença, uma vez que se calcula que 40 milhões de pessoas vivem com o vírus hoje em dia.

É possível notar que, com o avanço das pesquisas, dos medicamentos, das vacinas e das tecnologias, muitas doenças foram controladas ou erradicadas, mas que também há enfermidades que assolam a humanidade faz séculos, acometendo pessoas mesmo nos dias atuais.

Ainda em curso no mundo, a pandemia do novo coronavírus marcou gerações e mudou drasticamente a forma como nos relacionamos. Informar-se sobre episódios do passado e outras enfermidades que foram consideradas pandemias é um passo importante para saber como prevenir o contágio de bactérias e vírus nos tempos atuais.

Deixe um comentário