P.1 é a variante predominante no PR, aponta estudos de Universidade

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Identificar as linhagens do Sars-CoV-2 que circulam no Paraná é um dos objetivos da pesquisa realizada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) em parceria com outros órgãos. As análises identificaram em várias amostras a variante brasileira originária do estado do Amazonas em maior circulação no Estado.

A variante brasileira do coronavírus, denominada P.1, é pouco conhecida, mas provoca alerta por ser mais contagiosa. O presidente da Comissão de Enfrentamento da Covid-19 da UFPR professor Dr. Emanuel Maltempi de Souza, que também trabalha com a identificação de variantes virais, explica que a combinação da diminuição das medidas de distanciamento social e o surgimento de uma forma mais transmissível do vírus, no caso, a variante P.1, identificada em meados de novembro de 2020, pode ser a causa do aumento exponencial da doença, o que estabeleceu a segunda onda da pandemia no Brasil assim como o atual momento no Estado.

OS ESTUDOS – Durante os estudos, as variantes analisadas são: Britânica, Sul Africana, P.1 e P.2. Aproximadamente mil exames semelhantes ao RT-PCR, porém específico às variantes foram realizados no Paraná. Todas as amostras foram testadas e até abril as variantes predominantes no Estado são: P.1, Sul Africana e Britânica, sendo a P.1 a mais presente.

O professor Souza esclarece que os estudos mostram que a variante P.1 surge no final de novembro de 2020 em Manaus e em janeiro deste ano já estava no Paraná. As pesquisas mostram que a variante esteve mais presente em pessoas consideradas assintomáticas para a doença. “O cidadão não apresenta sintoma para a Covid-19, porém estava infectado e carregava a P.1”.

Após o mês de janeiro, foram apenas seis semanas para a P.1 ser a variante mais predominante nos municípios do Paraná. “Em menos de dois meses, ela se proliferou no Estado e está permanente em 90% das amostras analisadas”, salienta o presidente da Comissão. Os dados são considerados até abril. As amostras dos meses de maio e junho de 2021 ainda estão em análise.

Ele explica que essa pode ser a realidade de todo o Estado, porque não existem barreiras de deslocamentos entre as regiões. “Como são muitas pessoas infectadas e com um vírus fortemente transmissível, a doença se espalha rapidamente”, lamenta o professor.

Conforme Souza, o estudo busca compreender o comportamento da variante, isto é, como ela chegou na comunidade, de que maneira se proliferou, o tempo, enfim. “Os dados podem ser úteis para as autoridades estabelecerem estratégias para conter a proliferação ou para monitorar as variantes já conhecidas”, menciona Souza ao enfatizar que após um mês da entrada da variante é difícil contê-la. “Na minha opinião, precisamos de um sistema de alarme precoce. Se faz o teste para a Covid-19, caso o resultado seja positivo, testa para verificar a variante. Se na análise observar algo novo, isola o paciente e realiza a busca ativa de seus contatos”.

CARACTERÍSTICAS – De acordo com o professor Emanuel, os pesquisadores observaram nas amostras que a P.1 é uma variante mais transmissível em relação a dá sua origem. Inclusive, ela pode ser considerada três vezes mais transmissível.

“Análises preliminares ainda mostram que a P.1 possui letalidade maior e acomete pessoas mais jovens. Trata-se de uma variante com diversos níveis de complicações”, destaca o presidente da Comissão.

Outra variante considerada preocupante é a Indiana, porém ela ainda não possui um estudo específico. “Nós observamos as consequências desta variante no Reino Unido. Os casos diminuíram e os governantes se organizaram para realizar a reabertura em julho, porém devido ao aumento considerável de casos, essa retomada foi suspensa”, menciona o professor ao ponderar que os pesquisadores não possuem conhecimento se esta variante poderá ser considerada pior ou não. “Se ela for pior que a P.1 poderá ser uma tragédia para todos no Brasil”.

PROTEÇÃO – Diante deste cenário, a melhor forma de prevenir a Covid-19 é evitar a exposição ao vírus. A maneira para evitar a contaminação pelo coronavírus é manter as medidas preventivas.

Outro fator pontuado pelo professor está relacionado a vacina. “As pessoas precisam se imunizar e seguir as orientações dos profissionais em saúde. Do contrário, poderemos ter um ‘terreno bem fértil’ para as variantes se propagarem”.

Ele complementa que as vacinas podem impedir o aparecimento da doença. O que ainda está sendo analisado por pesquisadores é se a vacina diminui a transmissão do vírus. “Exemplo: o cidadão imunizado deve seguir com as medidas preventivas e todos os demais cuidados. Pois, ele não sabe se é assintomático, ou seja, se carrega consigo o vírus e, por consequência, se transmitirá para alguém.

Não usar máscara, não manter o distanciamento e aglomerar-se também são fatores citados pelo professor que podem auxiliar na proliferação de uma nova variante. “Por isso, a necessidade da medida preventiva ser seguida à risca. Assim, conseguimos evitar a contaminação”.

O presidente da Comissão de Enfrentamento da Covid-19 da Universidade é confiante que a vacina poderá melhorar a realidade da sociedade. “Eu não acredito que as pessoas – por estarem imunizadas – deixarão de utilizar a máscara nos próximos meses. Acredito que os números de casos poderão ser menores, assim como os óbitos. Infelizmente, o coronavírus fará parte da rotina das pessoas”, finaliza.

Da Redação

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