Cadeia do peixe avança e produção de tilápia é destaque no Paraná

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Da Redação

TOLEDO

A Quaresma é o período de preparação à Páscoa na tradição cristã e o costume de comer peixe está ligado a uma forma de praticar o jejum e a abstinência, típicos da celebração. Especialmente, na Semana Santa, o peixe faz parte de pratos típicos, o que pode explicar o aumento de seu consumo no período. Fato é que a produção nacional avança com consistência. Atualmente, todos os estados produzem peixes de cultivo, seja tilápia, nativos ou outras espécies. O Brasil produziu 887.029 toneladas de peixes de cultivo em 2023, com crescimento de 3,1% sobre o resultado do ano anterior (860.355 toneladas). O Paraná ampliou a liderança em produção, assim como a região Sul mantém-se à frente, já representando 1/3 do total nacional, de acordo com os dados do levantamento realizado pela Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), entidade que fomenta a cadeia produtiva.

A produção nacional avança com consistência. Segundo a Peixe BR, a tilápia participou com 579.080 toneladas (65,3% do total); os peixes nativos contribuíram com 263.479 toneladas (29,7% do total) e as outras espécies (carpa, truta e pangasius) atingiram 44.470 toneladas (5% do total).

QUALIDADE – O médico veterinário do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR), Gelson Hein, avalia que a disponibilidade de peixe amplia com as altas temperaturas e a qualidade da carne de tilápia melhorou ao longo dos anos. “Inclusive, o produto ‘proteína’ começa a ter melhor apresentação. Se no passado, a tilápia era encaminhada para o abate pesando – por exemplo – 350 gramas; atualmente, o peso pode chegar a 700 gramas”.

Hein enfatiza que a cadeia (como um todo) realiza um bom trabalho quando se trata de melhoramento da espécie. “A cadeia precisa oferecer ao consumidor um produto com qualidade, padronizado e, principalmente, que atenda a exigência do paladar de cada consumidor. Com isso, a tilápia tem conquistado ambientes que eram característicos de outros peixes”, menciona.

A cadeia do peixe está estabilizada no município de Toledo, como na região Oeste do Paraná. No período da Quaresma, o consumo tende a aumentar, uma característica – de maneira geral – do país. “Existe apelo cultural e religioso. A cadeia do peixe se mobiliza e passa oferecer maior quantidade de peixes ao consumidor”, afirma Hein.

CENÁRIO – Os dados da Associação Brasileira da Piscicultura retratam que a tilápia ampliou a participação na produção do país de peixes de cultivo, no ano passado, com 579.080 toneladas – crescimento de 5,28% em relação ao ano anterior.

“Com esse resultado, a espécie passou a representar 65,3% do total nacional. No ano anterior, o país colocou no mercado 550.060 toneladas (63,93% do total). A tilápia ganha participação no mercado devido ao interesse crescente dos consumidores. A piscicultura responde com maior produção. A espécie já está presente nos cardápios de todo o país – mesmo na região Norte, onde não é cultivada. Contribui para o aumento da produção – e da demanda – a qualidade da tilápia brasileira, indiscutivelmente uma das melhores do mundo em termos de sabor, suculência e saudabilidade”, ressalta Francisco Medeiros, presidente da Peixe BR.

O levantamento da Associação também retrata que a produção de tilápia no Brasil saltou de 285 mil toneladas para 579 mil toneladas nos últimos dez anos. O Brasil é o quarto maior produtor mundial de tilápia, atrás de China, Indonésia e Egito.

Neste cenário, o Paraná lidera o cultivo de tilápia no país, com 209.500 toneladas, constata pela Peixe BR. A produção no estado cresceu 11,5% em relação a 2022 (187.800 toneladas). A região Sul (296.200 toneladas) lidera com folga a produção nacional de peixes de cultivo, já representando 33,4% do total.

Os dados do Levantamento da Peixe BR destacam que “a queda da produção ou baixa taxa de crescimento em outros importantes estados fornecedores de tilápia aqueceram o mercado do Paraná, principalmente na região Oeste, onde se localiza a maior produção do Brasil”.

O Paraná cresceu 9,9% em produção de peixes de cultivo – maciçamente de tilápia –, em 2023, atingindo 213.300 toneladas (24% do total nacional), não apenas consolidando a liderança entre os estados, mas ampliando a distância em relação a São Paulo, o segundo colocado, cuja produção caiu 1,2%.

O Estado continua firme como principal exportador de tilápia do Brasil, com mais de 50% das vendas externas. “Além da expansão dos projetos existentes, há novos em implantação, o que projeta para os próximos anos a continuidade da liderança do Paraná na produção de tilápia no Brasil”, enfatiza o Levantamento da Peixe BR.

O médico veterinário do IDR-PR Hein recorda que o pós Quaresma era considerado traumático no passado. “Quem não conseguia comercializar o peixe na Semana Santa permanecia com ele e por um período considerável. Hoje, não existe o ambiente de sobra nem de falta. Por isso, falamos que a cadeia está organizada e estabilizada e é algo positivo, porque garante que todos os seus integrantes tenham benefícios e que ela continue crescendo tanto em Toledo como no Estado”, finaliza.

Maiores produtores de tilápia

Paraná – 209.500 t

São Paulo – 75.700 t

Minas Gerais – 58.200 t

Santa Catarina – 44.600 t

Mato Grosso do Sul e Pernambuco – 32.000 t

Fonte: Peixe BR

Maiores municípios produtores

1º – Nova Aurora

2º – Palotina

3º – Assis Chateaubriand

4º – Cafelândia

5º – Toledo

6º – Terra Roxa

7º – Maripá

8º – Nova Santa Rosa

9º – Marechal Cândido Rondon

10º – Tupãssi

Fonte: Peixe BR

Os 10 maiores produtores de peixes de cultivo do Brasil

1º Paraná – 213.300

2º São Paulo – 82.400

3º Minas Gerais – 61.600

4º Rondônia – 56.500

5º Santa Catarina – 56.100

6º Maranhã – 49.143

7º Mato Grosso – 44.900

8º Mato Grosso do Sul – 34.100

9º Bahia – 34.000

10º Pernambuco – 32.200

Fonte: Peixe BR

Páscoa impulsiona venda de pescados

Impulsionada pelas tradições, a venda de pescados na Semana Santa tem crescido nos estabelecimentos de Toledo. Desde o início da Quaresma, a procura pelo peixe em substituição a carne vermelha tem aumentado. De acordo com a tradição católica nesse período é recomendado o jejum de carne às quartas e sextas-feiras.

A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) projeta que o consumo na Páscoa de 2024 deve crescer de 13% a 15% em volume na comparação com 2023. Em relação ao consumo de alimentos e bebidas, a maior alta em volume deve ser em ovos de galinha (+16,7%), seguida por peixe congelado (+13,9%) e bacalhau (+12,9%). Para os comerciantes, esse é um momento de grande venda.

Dono de uma peixaria no bairro Jardim Pancera, Ronaldo Adriano Vieira Almeida comenta que a procura pelos pescados, nesta semana, já ampliou 50% em relação ao movimento normal do estabelecimento. “Até o final da semana a procura pode aumentar ainda mais. Estamos muito otimistas neste ano”.

Na loja, ele trabalha com vários tipos de peixes e frutos do mar. Contudo, os que tem maior saída são os peixes congelados de água doce. A tilápia, por ser um dos peixes mais em conta, ele cita que representa quase metade do faturamento. No entanto, os peixes de valor mais agregado também possuem boa saída. “Sempre tem os clientes que preferem o salmão até mesmo o tradicional bacalhau. O importante é ter peixes para todos os gostos”, acrescenta.

Em relação ao preço, o empresário conta que não houve muita alteração nos peixes mais consumidos como a tilápia. “O valor comercializado não sofreu muita variação nos últimos seis meses. Já os peixes importados tiveram um pouco de aumento”.

PROCURA – Em um entreposto de pescados em Toledo, a sócia proprietária Cauana Barbosa Duarte conta que a procura pelo peixe começou bem antes da Quaresma. “Trabalhamos com varejo e atacado e os estabelecimentos se prepararam para o período para não faltar peixe. Distribuímos para todo o Paraná e as vendas são muito boas”.

Com uma variedade de mais de 30 espécies de peixes – de água doce e salgada – além de frutos de mar, o estabelecimento oferta o pescado de diversas formas, como inteiro, cortado, em postas ou em filé. Cauana explica que o consumidor tem sido bem diversificado na hora das compras. Tem quem procura os peixes mais em conta como a sardinha, e até aqueles apreciam um salmão, bacalhau ou camarão. O importante é não ficar sem as receitas deliciosas com o peixe.

“As pessoas da nossa região já possuem o costume de consumir o peixe e muitas vezes o cliente chega na loja sabendo o que quer ou em busca de uma novidade. A tilápia não é o peixe mais barato, mas é mais prático, fácil de preparar e muito saboroso. Então muitas pessoas chegam e já pedem o peixe que querem consumir. Temos notado que as vendas neste ano serão muito boas. Estamos com boas expectativas”, conclui.

Feira do Peixe acontece no Terminal Rodoviário Urbano da Vila Pioneiro

O Município de Toledo promove mais uma edição da Feira do Peixe. A programação inicia nesta quarta-feira (27), a partir das 9h30 e segue até às 20h. O técnico em Piscicultura Eduardo Timm Batista afirma que filé de tilápia, carpas, pacu, tilápia inteira eviscerada, bagre toco e filé de bagre serão comercializados na Feira.

A programação tem continuidade nesta quinta-feira (28). Ela começa às 7h e segue até às 20h. Na sexta-feira (29), o atendimento será somente no período matutino (das 8h às 12h).

De acordo com Batista, o principal objetivo da Feira do Peixe é comercializar o peixe fresco direto do produtor. “Atualmente, não podemos vende-lo in natura, pois a Vigilância não autoriza. Então decidimos manter uma parceria com o frigorífico de peixes, que faz o abate, embala e nos entrega”.

TRADIÇÃO – O técnico em Piscicultura pondera que a Feira é considerada tradicional. “Ela é realizada há muitos anos na cidade e sempre tivemos boa aceitação, principalmente, neste período de Quaresma e na Semana Santa”.

Batista pontua que os valores para a venda dos peixes não serão mito mais baixos que os praticados pelo comércio. “Contudo, a qualidade do peixe (fresco) será o diferencial. Nós teremos carpas e pacus, com tamanhos bons, principalmente para o consumidor que deseja assá-los”, conclui o técnico em Piscicultura.

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