Covid-19: alta demanda por testes pode desabastecer laboratórios de Toledo

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A grande procura por testes para o diagnóstico da Covid-19 desde o início do ano acende uma luz de alerta nos laboratórios de Toledo. Os estabelecimentos relatam dificuldades para reabastecer o estoque de testes de antígeno e PCR por conta da pouca demanda dos fornecedores. Se a procura pelos exames continuar em alta, poderá faltar testes nos próximos dias e a estimativa é de reposição somente em fevereiro.

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), através de seu Comitê de Análises Clínicas, orientou ainda na semana passada através de uma nota sobre a utilização criteriosa de testes para evitar risco de redução de oferta de exames para detecção da Covid-19.

A Abramed alerta que, assim como em outras partes do mundo, a alta demanda de exames laboratoriais para o diagnóstico da Covid-19 trouxe ao setor de medicina diagnóstica brasileiro a preocupação com a falta de insumos necessários para a realização desses exames.

“A alta transmissibilidade da nova variante Ômicron causou aumento exponencial de casos, o que vem demandando significativo aumento da capacidade produtiva global de testes, tanto de PCR como de antígeno, e se os estoques não forem recompostos rapidamente poderá ocorrer a falta de oferta de exames”, cita o documento.

ESCASSEZ – A médica responsável por um laboratório em Toledo, Dra Walniza Fátima Girelli Viezzer, comenta que a unidade já enfrenta problemas para encontrar os testes porque os distribuidores relatam dificuldades na importação do material. “O teste que mais está escasso é o antígeno que disponibiliza o resultado em pouco tempo. Esse é o mais procurado até o momento e pela demanda poderá faltar nos próximos dias”.

A médica esclarece que a previsão de chegada de uma nova remessa de testes é para a próxima terça-feira (25). Já em relação ao RT-PCR, a procura também é intensa, o que impacta em outros exames que utilizam a metodologia PCR. Contudo, apesar da alta demanda a unidade laboratorial consegue entregar os resultados dentro do prazo estabelecido, que é de até 24 horas.

Com pouco material disponível no distribuidor, a médica responsável acrescenta que também tem observado um aumento no valor dos testes repassados. Em outro laboratório, o bioquímico responsável na unidade, Douglas Dallagnol de Brito, cita que o aumento mais percebido no teste de antígeno, que varia conforme o fabricante.

O aumento na procura pelo diagnóstico da Covid-19 na unidade laboratorial é percebido desde a primeira semana de janeiro, principalmente para os testes antígenos. “Desde o início do ano, as distribuidoras já relatavam dificuldades no fornecimento por conta do aumento na procura. Até agora nós ficamos um dia desabastecido de teste rápido. Em relação ao PCR, nosso fornecedor de laboratório de apoio consegue atender a demanda, porém sabemos que outros laboratórios suspenderam”.

Brito pontua ainda uma situação que tem, de certa forma, colaborado para a escassez dos testes, que é a duplicidade de testagem. “Muitos pacientes estão fazendo duas vezes o teste, uma vez na farmácia e acabam realizando outro no laboratório. Nós identificamos essas situações pelas notificações no sistema e, com isso, contribui com a falta do teste para aquele que também precisa fazer”, explica o bioquímico ao complementar que a duplicidade de teste muitas vezes é realizada quando o paciente recebe um resultado falso negativo, mas ainda apresenta os sintomas da Covid-19.

REPOSIÇÃO – O antígeno é um teste rápido que aponta o resultado em 20 a 30 minutos e deve ser feito, geralmente, nos primeiros cinco dias de sintomas. Já o PCR é realizado através de amostras coletadas por swab da nasofaringe com liberação dos exames em até 24 horas.

Ambos os testes poderão sofrer desabastecimentos nas próximas semanas se a demanda continuar crescendo. O gerente administrativo de um laboratório em Toledo e com uma unidade em Marechal Cândido Rondon, Cristian Cerny, conta que o antígeno já está em falta em alguns distribuidores. A responsável por outro laboratório em Toledo, Suelen Caroline Palácio, também conta que enfrenta dificuldades para repor o estoque da unidade. “Muitas pessoas voltaram das praias com sintomas ou tiveram contato com outras pessoas com Covid-19 e vieram realizar o teste para tirar a dúvida. Além do valor que triplicou ainda corremos o risco de ficar sem teste nos próximos dias e com reposição estimada só para fevereiro”, conclui.

Da Redação

TOLEDO