Doação de órgãos: o sim que salva vidas

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Aceitar a doação de órgãos é um gesto de amor, de humanidade, de superação da dor. É a vontade da família que prevalece e é respeitada. Quando um ente querido tem o diagnóstico de morte encefálica cabe aos familiares decidirem se irão dar sequência ao ‘ciclo da vida’, pois podem dar esperança para outras vidas, podem dar chances de recomeços para outras famílias, são órgãos que podem ‘continuar vivendo’ em outros pais, outras mães, outros filhos, outros avôs, outros netos.

Para que esse ‘ciclo de vida’ continue é preciso contar com o parecer dos familiares e com equipes que executam o trabalho com dedicação, comprometimento e carinho.  A pandemia também gerou impactos nesse segmento da área da saúde; a fila de pacientes à espera de um órgão tem aumentado, enquanto as captações diminuíram.

Nesse cenário de luta e incertezas a Associação Beneficente de Saúde do Oeste do Paraná (Hoesp) – entidade mantenedora do Hospital Bom Jesus – continua sendo referência na captação de órgãos. A Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (Cihdott) atua com comprometimento para que as famílias abordadas entendam o processo e que o tema doação de órgãos seja discutido em vida, ou seja, que cada um possa expor sua opinião e desejo sobre o assunto.

O SIM QUE SALVA VIDAS – No ano passado, a Cihdott realizou 25 protocolos – ou seja, 24 famílias passaram pelo processo. “De janeiro a maio de 2021, 8 famílias foram abordadas e todas concordaram com esse gesto de doação. É um ato de caridade e solidariedade ao próximo, pois envolve um momento de perda de um ente querido”, declara o diretor de enfermagem e coordenador da Cihdott do Hospital Bom Jesus, Itamar Weiwanko.

Segundo Weiwanko, o Hospital Bom Jesus também teve queda significativa nos números de doadores efetivos de famílias que passaram pelo processo e oportunizaram vidas. “A pandemia interfere no sistema nacional e estadual. Todos passam pela mesma dificuldade, contudo quem mais sofre são os pacientes que precisam de um órgão. Essa queda acontece em todo o sistema. No Paraná também ocorreu o aumento da fila de espera, são mais de 2.300 pessoas aguardando por um órgão. Isso é algo preocupante e esses números sinalizam que é preciso falar sobre o assunto”.

Com mais de duas mil pessoas aguardando uma doação, o Estado registra, neste ano, um dos menores índices de recusas familiares em entrevistas para doação de órgãos no país. Em todo o Paraná, apenas 22% das famílias não aceitaram, até maio, doar algum tipo de órgão de um familiar.

O DELICADO SIM – O processo de abordagem, para possível captação de órgãos, ocorre durante um momento de tristeza, por isso, os profissionais precisam estar bem preparados. É doloroso receber a notícia de que um familiar teve morte encefálica. Ao passar por essa situação o sentimento de angustia toma conta dos corações dos entes queridos.

A falta de conhecimento em relação a morte encefálica e se, de fato, o familiar tinha o desejo de doar os órgãos são as principais dúvidas em relação ao autorização da captação. Somente após serem concluídos os protocolos pré-estabelecidos pelo Estado é que acontece a abordagem da equipe. O desejo da família é respeitado. A diferença entre doar ou não doar é saber que o ente querido partiu, mas ele ainda pode ajudar a salvar outras vidas e trazer esperança para outras famílias.

“É importante promover a conscientização, tirar as dúvidas sobre o assunto. Estudos apontam que temos quatro vezes mais chances de precisarmos de um órgão do que se sermos um doador”, destaca o coordenador ao reforçar que o ideal é que as pessoas conversem sobre o assunto com seus familiares sobre o desejo de ser um doador ou de não querer passar por isso, pois essa conversa facilita a decisão do momento. “Quem aceita ajuda a salvar outras vidas”.

Da Redação

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