A pandemia continua…como manter os vínculos afetivos entre pais separados e seus filhos?

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Quando tudo aconteceu a pequena Maria* tinha 3 anos e seu irmão João* tinha 7 anos. Eles não lembram muitos detalhes do processo de separação dos pais. É como se quisessem esquecer aquele período da vida deles, pois foram anos de distância. Cinco anos depois, a família – com sua nova estruturação – passou a viver um novo dilema: os desafios em manter a guarda compartilhada em tempos de pandemia.

A mãe – que prefere não identificar – relata que tudo ficou mais difícil desde março do ano passado. “Faz três anos que ajustamos nossa rotina. Meu ex-marido voltou a residir em uma cidade próxima de Toledo e isso fez com que as crianças voltassem a ter mais contato com o pai. Como ele trabalhava em Toledo, na semana que ficava com as crianças trazia elas para a escola e acompanhava a rotina. Mas no ano passado, ele passou a fazer home office. Ficou responsável em cuidar do pai que é idoso e acamado e, novamente, deixou de ser um pai presente da maneira como os nossos filhos estavam acostumados”.

A mulher lamenta as condições externas que levaram a família à situação de distância do pai em relação aos filhos. “Infelizmente, as condições do avô geram barreiras para que o contato entre eles seja mais contínuo. Sempre é avaliado o momento, se a doença está com índice elevado de casos, mas mesmo assim as visitas presenciais são poucas e isso afeta diretamente o crescimento das crianças. Nunca foram colocados empecilhos para que eles tivessem contato, tanto que nosso acordo foi a guarda compartilhada para que elas tivessem contato com a família materna e paterna e cada uma pudesse trazer o melhor em ensinamento, cuidado e proteção”.

AUSÊNCIA x PANDEMIA – “Quando meus pais separaram, nós ficamos morando com minha mãe e ele foi embora para o Mato Grosso. Ele ficou três anos lá e era bem ruim ficar tão longe. Faz cinco anos que ele voltou e depois que ele veio tudo mudou. Ficou melhor ter mais contato com ele e viver em guarda compartilhada. Minha irmã, que era muito pequena quando eles separaram, também passou a conhecer melhor o pai e isso foi bom para ela”, conta João*.

Para o primogênito, a ausência não tem explicação. Ele afirmou que no período em que o pai residia em outro Estado, a saudade era intensa, mas o sentimento de abandono também tomava conta do coração dele.

“Tinha a apresentação do Dia dos Pais na escola, mas ele não estava lá. Lembro que minha mãe explicava os motivos, mas essa dor só foi passar algum tempo depois que o pai voltou e passou a conviver comigo, a ligar todos os dias, a ser presente na minha vida. Com a pandemia e as circunstâncias do trabalho dele e do meu avô, eu senti essa falta novamente, porque estava acostumado a conviver com ele. O que mudou é que sabemos que é por conta da pandemia e que agora a gente consegue fazer chamada de vídeo, algo que quando eu era criança não tinha isso”, relata.

MANTER OS LAÇOS AFETIVOS – O pai pontua que o momento está sendo difícil para todos. Ele comenta que costuma falar com os filhos duas vezes por dia para que possam continuar compartilhando as histórias, as novas rotinas com a pandemia e não deixar que sentimentos ruins venham a interferir no crescimento dos filhos.

*Nomes fictícios para preservar a identidade das fontes

Da Redação

TOLEDO