Economia de Toledo é analisada por Boletim de Conjuntura

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Os reflexos da quebra da safra de milho, o impacto econômico do auxílio emergencial, a movimentação financeira, a geração de emprego formal e a proteção ao crédito são alguns tópicos abordados na quinta edição do Boletim de Conjuntura Econômica do município de Toledo. A produção é uma parceria entre a Associação Comercial e Empresarial de Toledo (Acit) e o Núcleo de Desenvolvimento Regional (NDR) da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) campus de Toledo. O objetivo do Boletim é fornecer informações sobre a economia municipal de forma clara e objetiva.

O Boletim traz um panorama da atividade agrícola da região de Toledo. Conhecido pela potência no agronegócio, a região sofreu com estiagem que atrasou o plantio do milho safrinha. A cultura também sofreu com irregularidades no regime de chuva, comprometendo o desenvolvimento e causando o alongamento do ciclo vegetativo das plantas.

Apesar das condições adversas, era esperado um bom resultado na safra, com cerca de 30 milhões de sacas. “Contudo, a forte geada verificada na região no fim de junho alterou fortemente o quadro, com perdas acentuadas de produção. Além do comprometimento da qualidade dos grãos, que será tanto mais severo quanto mais atrasado for o ciclo de desenvolvimento das plantas, as estimativas de perdas giravam em torno de 60%”, aponta o documento.

De acordo com um dos organizadores do Boletim Jandir Ferrera de Lima, em valores reais essa quebra significa mais de R$ 1 bilhão deixando de circular na economia da microrregião de Toledo. “Isso representa renda que deixou de ser consumida no comércio local e também insumos que deixaram de entrar na cadeia produtiva animal. Sem contar que isso também impacta no aumento dos custos da produção da proteína animal, o que deve refletir no preço final aos consumidores”.

Lima complementa que a quebra de safra foi ruim para todos. “Foi ruim para o produtor rural, para o consumidor, para a agroindústria que vai depender do grão importado de outras regiões do país e até do planeta”.

AUXÍLIO – Desde o início da pandemia, o Governo Federal paga o auxílio emergencial com o objetivo de compensar a queda na renda decorrente da quarentena e perda de postos de trabalho.

Os três municípios com maior número de beneficiados na região Oeste em abril de 2020 foram: Foz do Iguaçu (72.843 pessoas – 36% da população adulta), Cascavel (61.938 pessoas – 23% da população adulta) e Toledo (21.478 pessoas receberam – 18% da população adulta). De acordo com o Boletim, o valor recebido por residentes de Toledo foi próximo de R$ 15 milhões no período.

“O auxílio emergencial foi muito importante, porque ele atendeu famílias de baixa renda e profissionais autônomos que estavam desempregados por conta da pandemia. Além de atender essas pessoas, ele também colaborou na manutenção do consumo local. O movimento dos mercados, do comércio local se deu por conta desse auxílio emergencial naquele momento. Agora em 2021 – com um cenário mais favorável e tranquilo – talvez o auxílio emergencial não terá um impacto tão grande porque Toledo vem criando postos de trabalho”, explica Jandir.

COMÉRCIO EXTERIOR – Conforme um dos organizadores do Boletim Jandir Ferrera de Lima, a balança comercial, em Toledo, em 2020, foi deficitária em mais de 50 milhões de dólares e isso se deve ao perfil do município que importa bastante fármacos e grãos, insumos e adubos para atender a sua estrutura produtiva do agronegócio.

“Em 2021 não foi muito diferente. O principal parceiro de Toledo foi o Paraguai nas importações, haja vista que Toledo necessita desses insumos frente a quebra de safra. Agora em 2021, o saldo da balança comercial já está negativo em quase R$ 100 milhões. Cabe lembrar também que há empresas que fazem a chamada nota de transferência que, por vezes, exportam os produtos originários de Toledo por meio de outros municípios e isso implica em perda de arrecadação para o município que deixa de adicionar mais valor frente ao seu comércio internacional”.

FINANCEIRA – O Boletim de Conjuntura Econômica do Município de Toledo também informa que o saldo dos financiamentos imobiliários, depósitos em poupança e depósitos a prazo nos bancos comerciais ou de varejo de alguns municípios do Oeste do Paraná seguem estáveis ou em alta.

“Em Toledo, a população mais capitalizada ampliou sua participação no endividamento imobiliário, mas também sua participação nos depósitos em poupança e a prazo. Os financiamentos imobiliários aumentaram em 12%, os depósitos em poupança engordaram 0,71% e os depósitos a prazo ampliaram em 6%”, cita o documento.

Da Redação / TOLEDO