Estudo da Pfizer: coleta de dados deve iniciar em algumas semanas

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No dia 24 de agosto, ocorreu o anúncio de que Toledo foi o município brasileiro escolhido para receber um estudo da Pfizer – imunização contra a Covid-19 de toda a população a partir dos 12 anos. Com a vacinação em andamento, na manhã de quarta-feira (6), integrantes da Pfizer Brasil, Hospital Moinhos de Vento, Universidade Federal do Paraná (UFPR) e prefeitura de Toledo participaram de uma coletiva virtual para trazer alguns esclarecimentos sobre o estudo.

O estudo é resultado da parceria entre o Hospital Moinhos de Vento e a Pfizer Brasil, o Programa Nacional de Imunização, a UFPR e a Secretaria de Saúde de Toledo. A pesquisa visa avaliar a efetividade da vacina ComiRNAty contra a Covid-19, em Toledo.

Diversos municípios também estão vacinando menores de 17 anos, contudo, Toledo saiu na frente. Até a última semana epidemiológica, Toledo atingiu mais de 90% de imunização – primeira dose – do público de 12 a 17 anos. Com o esquema vacinal em andamento, em breve, devem ser iniciados alguns trabalhos do estudos como a coleta de dados.

“Em duas ou quatro semanas deve iniciar o recrutamento de 4.500 participantes”, pontua o pesquisador do Hospital Moinhos de Vento, Regis Goulart Rosa. “Serão avaliados aqueles com sintomas suspeitos de Covid-19. O estudo avalia a outra ponta, no ponto de vista analítico retrospectivo”, explica ao relatar que o recrutamento pode ocorrer entre seis a nove meses para ser concluído.

Segundo o pesquisador, não há a necessidade de esperar que o município venha a atingir os 100% da vacinação para que a coleta de dados seja iniciada. A projeção é que dos 4.500 recrutados (aqueles que apresentarem algum sintoma da doença), aproximadamente 1.500 recebam o resultado positivo para Covid-19, entretanto, somente as pessoas que tiveram a doença serão acompanhados pelo período de um ano (por meio de ligações telefônicas realizadas por integrantes de equipe do estudo).

ESTUDO HÍBRIDO – “O estudo é apropriado para a avalição da eficácia e segurança da vacina em um processo que a vacina já passou. Esses estudo têm métodos bastante rigorosos e têm contextos que estão próximos do cenário real. Os estudos do mundo real avaliam na prática a efetividade e segurança dos tratamentos”, comenta.

Segundo pesquisador, esse tipo de estudo tem três grandes objetivos: promover a avaliação da reprodutividade; segmento de longo prazo ao acompanhar os participantes; pesquisa que pode e visa trazer respostas para questões práticas do mundo real. “Precisamos de mais estudos e iniciativas como essa para avaliarmos as particularidades de nosso sistema de saúde e de nossa genética”.

O estudo é de caráter observacional e tem o objetivo avaliar a efetividade do imunizante em um cenário de vida real. Com os dados coletados serão analisados os impactos da vacina em prevenção de casos sintomáticos, mortalidade, reinfecção, internações, efeitos adversos, Long Covid-19 e consequências em longo prazo atribuídas ao novo coronavírus. 

TOLEDO NO RADAR – A líder médica da área de vacinas da Pfizer Brasil, Júlia Spinardi, explica que a escolha de Toledo envolveu diversos critérios como a estrutura física para que ocorresse a vacinação do público alvo, região geográfica e epidemiologia demonstrando estabilidade do número de casos e circulação de variantes.

“Celebramos o início do estudo que já de partida vai trazer respostas o que a ciência tem. A Pfizer tem se dedicado para trazer grandes avanços”, destaca Júlia, ao salientar que o fato de Toledo contar com o curso de medicina da UFPR também interferiu na escolha, pois a pesquisa também visa estimular a parceria científica.

UFPR fará análise genômica das amostras positivas coletadas na pesquisa

A Universidade Federal do Paraná (UFPR), campus de Toledo, é uma das parceiras do estudo sobre a efetividade da vacina ComiRNAty contra a Covid-19 no município. A Universidade será responsável pela realização da análise genômica das amostras positivas coletadas ao longo da pesquisa.

O reitor da UFPR, Ricardo Marcelo Fonseca, pontua que o estudo mostra o papel central da Universidade. Ele salienta que fez a diferença para o município contar com a Universidade mais antiga do Brasil, com tradição de pesquisa e infraestrutura.

“Temos orgulho em estar contribuindo dessa maneira; em participamos dessa pesquisa e ajudando naquilo que podemos no ponto de vista cientifico e técnico”, declara Fonseca ao enfatizar a importância das universidades públicas neste período de pandemia.

PESQUISA – Esse estudo é diferente dos testes clínicos de eficácia – realizados em ambientes controlados e o que se busca é avaliar os efeitos da vacina contra a doença.  A prática realizada em Toledo irá avaliar a efetividade da vacina no cenário de vida real. Os resultados visam dizer o quanto a vacina é efetiva e como foi a resposta imune dos voluntários recrutados.

A diretora do Campus Toledo da UFPR, Cristina de Oliveira Rodrigues, explica que será feita a análise genômica dos vírus por amostragem com apoio de técnicos e o Laboratório de Curitiba. “O estudo não vai aplicar vacina. Não estamos testando vacinas”, cita ao explicar que as vacinas estão sendo aplicadas de acordo com o Programa Nacional de Imunização (PNI) e segue as mesmas recomendações.

ESQUEMA VACINAL – A estrutura e o trabalho da Secretaria Municipal de Saúde também interferiram na escolha de Toledo para a realização da pesquisa. Para o prefeito, Beto Lunitti, o comprometimento de todos permitiu que os estudos acontecem no município.

“A dispensação, a aplicação e a organização do processo vacinal, certamente, foram observados. Queremos agradecer aos cientistas da Pfizer”, pontua o prefeito ao salientar que acredita na ciência.

A secretária da Saúde de Toledo, Gabriela Kucharski, declara que sente orgulho em poder participar do estudo. Ela também destaca que a população teve excelente adesão a vacinação. “Já tivemos queda de aproximadamente 49 novos casos em pacientes de 12 a 17 anos; reduzimos para sete casos na última semana”, pontua ao acrescentar que até a última semana epidemiológica, Toledo atingiu mais de 90% de imunização – primeira dose – do público de 12 a 17 anos.

Da Redação

TOLEDO