O instável degrau tarifário: a luta por um pedágio mais justo

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“Obrigada e boa viagem”. Essa frase é ouvida faz mais de 20 anos pelo caminhoneiro e proprietário de uma transportadora, Roberto Ortiz. “Boa viagem se pagássemos uma tarifa justa; boa viagem se tivéssemos pistas duplas nas rodovias pedagiadas, boa viagem se não tivéssemos que pagar uma conta que não é nossa”. Para Ortiz, trafegar pelo Paraná sempre foi um desafio quando o assunto é administrar os recursos em relação a tarifa do pedágio e o ‘peso’ do degrau tarifário.

Trechos em pista simples que ‘delongam’ a viagem, falta de acesso à internet em todo o percurso, cobrança de eixo suspenso, são alguns dos pontos, que segundo Ortiz, fazem do pedágio uma utopia das estradas, muito longe de atender os anseios dos usuários.

Para não correr riscos, em cada viagem, eles programava um valor superior para garantir o pagamento dos tarifas. Ortiz conta que antes de ‘pegar a estrada’ confere os valores que serão pagos em cada praça do trajeto para não ter nenhuma surpresa no caminho.

“Já precisei de atendimento e demorou tempo para o ‘socorro’ chegar. Pagamos um valor muito elevado seja na tarifa do eixo ou no veículo de passeio. Quando iniciei minha profissão já passei a com conviver essas ‘cancelas’. Com o passar o tempo fui me deparando com valores cada vez mais elevados e poucas obras. Um degrau tarifário que não foi explicado como funcionaria”, cita o Ortiz ao pontuar que o valor onera a viagem.

DE DEGRAU EM DEGRAU – Nas primeiras discussões sobre o novo modelo de pedágio do Estado, o Programa Oeste em Desenvolvimento (POD), com a Associação dos Municípios do Oeste do Paraná (Amop), a Coordenadoria das Associações Comerciais e Empresariais do Oeste do Paraná (Caciopar) e mais 100 entidades envolvidas levantaram uma importante bandeira: um pedágio mais justo para o Paraná.

Foram manifestações contrárias ao modelo anterior proposto e as audiências públicas realizadas no Oeste que demostraram que a união, o planejamento e ideias com embasamento podem ser ouvidas, analisadas e, finalmente, acatadas.

“Ainda estamos no aguardo da publicação do edital da licitação, pois contamos com alguns ajustes em relação ao modelo apresentado. Já avançamos muito pelo fato de conquistarmos um modelo de pedágio que será diferente de todo o país”, declara o presidente do POD, Rainer Zielasko.

PAGANDO A CONTA – Entre as preocupações do POD está o degrau tarifário. “No contrato assinado na década de 90, infelizmente, não foram tomados os devidos cuidados. Foram incluídas as obras dentro da tarifa, essa medida já fez com que o valor cobrado fosse elevado desde o início, ainda mais se fizermos uma análise da economia naquele período”, recorda o presidente.

Rainer alerta que esse problema não pode acontecer novamente, pois poderá implicar em mais 30 anos de tarifas ‘pesadas’ para os bolsos dos usuários. Ele comenta que a proposta prevê o período de nove anos para a execução das obras – aumento de 40% em trechos duplicados. “Se ficarmos nesse degrau tarifário podemos sofrer as consequências. É preciso fazer os cálculos com muito zelo”.

PUJANTE OESTE – Com a nova proposta vence o leilão a empresa que apresentar o maior desconto na tarifa –  a concessão será de quem der mais desconto e com aporte financeiro (depósito realizado pela concessionária para garantir as obras). Essa modalidade não é onerosa como a atual, pois permite que entre R$ 6 milhões a R$ 8 milhões deixem de ser levados da economia do Estado.

“O POD se preocupa com o degrau tarifário, a curva do aporte financeira e as condições das estradas assim que o contrato atual for encerrado. Mesmo diante de alguns impasses, a necessidade do modelo receber alguns ajustes, acreditamos em um pedágio mais justo, pois somos berço do desenvolvimento. Lutamos por tarifas justas, por isonomia e garantia das obras”, declara o presidente do POD.

Janaí Meotti Vieira

Da Redação

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