Pesquisa do NDR aponta alta de 1,47% no valor da cesta básica em Toledo

2

A pesquisa da cesta básica de alimentos para o município de Toledo, elaborada pelo Núcleo de Desenvolvimento Regional (NDR), da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) campus de Toledo, aponta uma alta de 1,47% nos valores entre agosto e setembro de 2021.

A cesta básica individual passou de R$ 521,69 em agosto, para R$ 529,38 em setembro. Considerando-se o valor da cesta básica de Toledo, desde a primeira pesquisa realizada, ocorreu um aumento acumulado de 8,18% em seu custo, desde abril até setembro de 2021. Já o valor da cesta básica familiar passou de R$ 1.565,07 em agosto, para R$ 1.588,13 em setembro. A cesta básica familiar é calculada considerando os custos alimentares de uma família de três pessoas.

Assim como ocorreu com o custo da cesta básica, verificou-se elevação do percentual do salário-mínimo líquido que é necessário para adquirir a cesta básica para uma pessoa adulta, constatando que seria necessário 51,27% do salário-mínimo em agosto e, para a mesma cesta em setembro, 52,03% do salário-mínimo, indicando uma perda no poder de compra do trabalhador de Toledo.

Outro indicador que mostra essa perda é o número de horas de trabalho necessárias para adquirir a cesta básica, que passou de 104,34 horas em agosto para 105,88 horas em setembro. Isso corresponde a 47,43% e 48,13% do total de horas trabalhadas nos meses de agosto e setembro, respectivamente, para um trabalhador que recebe o salário-mínimo.

“Na prática, o trabalhador vai gastar um percentual maior da renda para comprar a cesta básica. Esse aumento também reflete em outros setores da economia. Quem adquire a cesta básica precisa de um valor maior e vai deixar de consumir algum produto que tinha necessidade, como um vestuário. O resultado disso que poderá diminuir a atividade econômica”, explica a coordenadora da pesquisa, professora e doutora Crislaine Colla.

PRODUTOS – A pesquisa mostra que as maiores altas entre agosto e setembro nos produtos que compõem a cesta básica de alimentos foram: o tomate (30,60%), o açúcar (8,19%), o café (5,92%) e o óleo de soja (5,79%). Por outro lado, os produtos que apresentaram as maiores variações negativas foram: a batata: (-4,35%), a carne (-2,70%), a margarina (-1,71%) e o pão francês (-0,76%).

“O tomate apresentou maior variação em setembro por conta da redução na oferta relacionada a fatores climáticos. Entre maio e junho, a pesquisa indicou uma pequena queda de 0,55%, uma variação ainda que mínima, mas influenciada pelo preço da batata e do tomate, que são produtos sazonais e que podem interferir no preço da cesta básica”, complementa.

A pesquisa ainda aponta que, no mês de setembro, o açúcar apresentou aumento de preços e o principal motivo foi a redução da oferta no varejo em função do clima (seco e com pouca chuva). Já o aumento no preço do café decorreu da desvalorização do Real frente ao Dólar, de problemas causados pelo clima e maior demanda interna e externa pelo grão.

Por sua vez, o aumento do preço do óleo de soja ocorreu principalmente pelo aumento das exportações, em especial para a China e, com os problemas de escoamento da safra nos Estados Unidos, a demanda internacional esteve voltada para o Brasil. Além disso, houve aumento da procura por soja para a produção de biodiesel. O aumento do preço da farinha de trigo ocorreu em virtude do aumento do preço do trigo importado, de acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

VARIAÇÃO – A variação total no custo da cesta básica só não foi maior em decorrência da redução no preço médio da carne. Diferentemente do que ocorreu em 11 das 17 capitais analisadas pelo Dieese, o preço da carne diminuiu em Toledo, embora tenha acumulado aumento significativo nos últimos meses. A pesquisa aponta que “ao longo dos últimos seis meses ficou evidente a volatilidade dos preços dos produtos que compõem a cesta básica de Toledo”.

De acordo com a pesquisa, os produtos que apresentaram maior aumento de preços no período de abril a setembro foram: o tomate, que aumentou 65,04%; em seguida aparece a batata, com crescimento de 37,54%; o café com um incremento de 31,96%; a margarina com um aumento de 23,26%; e o açúcar com um aumento acumulado de 22,82%.

Apenas três produtos mantêm uma variação acumulada negativa, ou seja, compreende-se que houve redução no preço médio de produtos nos últimos seis meses: o feijão, que teve seu preço reduzido em -7,29% desde abril; o arroz, que reduziu 5,42% nesse mesmo período; e o pão francês com redução de -3,23%.

CUSTO – No mês de setembro, o custo da cesta básica de alimentos de Toledo foi maior que o de Recife, Pato Branco, Francisco Beltrão e Dois Vizinhos e mais barata que em Cascavel e nas demais cidades da região. O valor da cesta básica em Toledo ficou 4,23% menor que o valor pago em Cascavel (R$ 551,35). Comparado a São Paulo (R$ 673,45), o valor cobrado em Toledo é 27,22% menor.

De acordo com a pesquisa, o valor do salário mínimo necessário em Toledo para suprir todas as necessidades (alimentação, habitação, vestuário, transporte, lazer, educação, entre outros) seria de R$ 4.407,30, ao passo que o salário-mínimo necessário nacional seria de R$ 5.657,66.

E as compras de fim de ano deverão ser mais modestas. Para os próximos meses, a coordenadora da pesquisa Crislaine Colla comenta que a estimativa é de aumento dos preços da cesta básica. “Não temos um indicativo que vai haver uma redução. Acredita-se que em 2022 poderá manter esse índice. Porém, o que observamos que é que Toledo tem grande oferta de empregos. Houve uma recuperação das perdas no período de maior restrição da pandemia e apesar do consumidor ‘segurar’ nas compras, o pagamento do 13º salário poderá aliviar nas compras”, finaliza Crislaine.

Da Redação

TOLEDO