Produtores rurais pedem decreto de emergência por crise hídrica

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Dirigentes do Sindicato Rural de Toledo, Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Toledo e demais Associações que congregam os produtores de aves, suínos, leite, peixes do município assinaram um pedido para decretar estado de emergência, em Toledo, em decorrência da crise hídrica na região que afeta diretamente toda a cadeia produtiva rural. O documento foi protocolado ontem (28) e entregue à Prefeitura de Toledo.

No documento, o Sindicato aponta que “as pastagens e as cultivares plantadas (soja e milho, dentre outras) pelos associados e produtores em geral, também os criadores de suínos, aves, peixes, produtores de leite e outros, estão passando por dificuldades extremas em razão da escassez de chuvas, razão da inviabilidade de colheita futura da safra de verão, redução da produção de leite e ainda, elevadas temperaturas aumentou significativamente a mortalidade de animais (aves, suínos e peixes)”.

De acordo com o presidente da entidade, Nelson Gafuri, a seca afetou muito a região, especialmente no município de Toledo, e compromete boa parte da produção agrícola. “Estamos há, praticamente, dois anos com poucas chuvas e isso tem afetado muito as atividades no campo. Se a estiagem continuar poderemos ter perdas em torno de 80% na produção de soja e milho. Nós precisamos ajudar o agricultor, por isso esse documento solicitando estado de emergência no município. Com essa medida, os produtores rurais podem ser auxiliados na renegociação dos seus financiamentos junto às instituições bancárias, evitando o colapso econômico”.

CONSEQUÊNCIAS – Além da escassez hídrica e as altas temperaturas, o Sindicato, através do documento cita que “os produtores têm sofrido com as oscilações de fornecimento de energia elétrica e a alta dos preços de consumo atualmente na bandeira vermelha, comprometendo a manutenção de temperaturas ideal nos aviários, nos chiqueirões e nos tanques de peixes, convivendo com a mortalidade de animais acima dos índices considerados normais, comprometendo economicamente as atividades. Já os produtores de leite e de gado de corte sofrem com a falta de pastagem para os animais e, consequentemente, experimentam a baixa produção leiteira”.

SUPORTE – A preocupação do Sindicato e demais entidades do setor é que os produtores rurais, de toda a cadeia produtiva primária, financiam junto as instituições bancárias a produção agropecuária e muitos destes não possuem o seguro agrícola. “Com esta escassez de chuvas, altas temperaturas e oscilações de energia elétrica, não irão produzir suficientemente para cumprir com suas obrigações financeiras e terão problemas intransponíveis para saldar seus empréstimos e compromissos junto aos bancos gerando problemas econômicos para manter as suas propriedades e também gerando consequências econômicas para o agronegócio do Município que detém o maior VBP do Estado em muitos anos”, cita o documento.

“Sindicatos de outros municípios da região, como Guaíra, Palotina e Nova Santa Rosa, já fizeram pedido semelhante ao de Toledo. Nós tínhamos a expectativa que ocorresse uma chuva para ajudar a nossa região, mas ela não veio e a realidade no campo está cada dia mais complicada”, complementa o presidente do Sindicato Rural Gafuri.

Ele ainda menciona que com esse decreto de situação de emergência, o produtor poderá negociar dívidas sem multas e processos, os financiamentos serão prolongados e os prazos estendidos. “Por isso essa medida é muito importante neste momento crítico”, relata Gafuri.

ANÁLISE – A bancada do PP na Câmara de Vereadores de Toledo também redigiu um pedido semelhante e entregou ao prefeito Beto Lunitti. O documento também foi assinado – na última sexta-feira (24) – pelos vereadores Chumbinho Silva, Jozimar Polasso, Pedro Varela e Professor Oseias Soares.

O chefe de Gabinete Márcio Antônio “Pena” Borges cita que o prefeito Beto Lunitti recebeu em mãos do presidente do Sindicato Rural de Toledo o documento que está em análise. Durante a semana, o gestor do Município também dialogou com a Secretaria Municipal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, com o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab) e com o setor de crédito rural do Banco do Brasil.

“A situação é preocupante. A decisão de um decreto não deve ser por vontade do prefeito, depende de alguns fatores técnicos e precisamos dimensionar a frustação da safra”, comenta o chefe de Gabinete.

Pena esclarece que o prefeito solicitou ao Deral um relatório das condições da safra no município de Toledo. O órgão deve apresentar os dados hoje (29) ao gestor. “O prefeito Beto Lunitti ainda fará uma reunião interna com base nessas informações que serão avaliadas na Coordenação de Defesa Civil. Com base nessa avaliação terá um posicionamento que será levado ao Conselho de Desenvolvimento Rural, no qual o Sindicato faz parte com outras entidades”.

O chefe de Gabinete explica que um decreto de emergência é uma medida que tem consequências e, por isso, elas precisam ser analisadas e balizadas. Ele enfatiza que não é uma decisão simples. “Um decreto de emergência trará reflexos e fará com que no próximo ano haja aumento da taxa de risco para seguro agrícola, entre outros reflexos. Por isso, essa decisão precisa ser bem analisada. A situação é grave e preocupa, mas é preciso agir com cautela e seguir todos os procedimento técnicos para decretar estado emergência”, conclui.

Da Redação

TOLEDO