Projeto Florescer ajuda mulheres a superar as marcas

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Florescer. Pode ser simples florescer quando o processo acontece naturalmente, mas nem sempre é assim. Existem flores que os espinhos dilaceram o corpo e alma, essas sim precisam encontrar forças para recomeçar. O Projeto Florescer ajuda a dar ‘cor e formato’ para o recomeço; ajuda as mulheres guerreiras que superaram o câncer de mama, mas ficaram com marcas no corpo.

O projeto consiste em permitir que mulheres possam cobrir a cicatriz e fazer a auréola da mama em 3D através das experientes mãos do tatuador, Fabio Rios, mais conhecido como Amenduim. A iniciativa brotou em 2017 e foi a filha dele, Milena Rios, que deu nome ao projeto.

“Após termos várias clientes procurando sobre a pigmentação, cobertura de cicatriz e auréolas em 3D, percebemos que algumas não tinham condições de arcar com custos, fizemos uma seleção daquelas que tinham menos condições e marcamos para um dia em outubro a realização. Naquela ocasião foram oito atendimentos, arcamos com os custos para auxiliar”, conta o tatuador.

Para ele, o projeto consiste em devolver a autoestima às mulheres que passaram por qualquer trauma relativo ao câncer. A escolha de outubro para a realização das ações do Florescer é devido o mês de prevenção ao câncer de mama. “O projeto visa devolver a autoestima e a alegria através da arte da pigmentação, ou seja, a tatuagem reparadora ou a estética”.

A iniciativa tem como objetivo alcançar o máximo de mulheres que passaram por esses traumas e minimiza-los. O trabalho pode envolver a cobertura de cicatrizes da cirurgia de retirada de nódulos malignos ou benignos, a tatuagem em 3D de auréolas – quando retirada devido o procedimento cirúrgico – tatuagem estética da sobrancelha – quando a mulher perde devido aos tratamentos. Amenduim explica que em outubro são atendidas as candidatas mais carentes que foram selecionadas.

AJUDANDO VIDAS – “É uma benção poder dar andamento ao projeto, em poder ajudar a mudar a vida de algumas mulheres”, agradece. O tatuador cita que já atendeu muitas mulheres que venceram o câncer e inúmeros casos em que elas, com as marcas que ficaram no corpo e na alma, entrarem em depressão profunda. “Vejo que com um pequeno gesto podemos mudar essa condição de tristeza e plantar uma flor nesse jardim da família que é a mulher. Pretendemos manter o projeto enquanto puder trabalhar, enquanto tiver a possibilidade de ajudar e fazemos isso com muita alegria”.

O profissional destaca que acompanhou diversas histórias em seu estúdio. Um dos relatos que marcou sua vida foi que de uma família em que a mulher estava passando por uma depressão e não encontrava mais motivos para buscar a felicidade. “Após o processo de pigmentação das auréolas em 3D, em quatro meses recebemos a notícia da própria família que ela venceu a depressão e voltou a ter uma vida ‘normal’. Foi esse caso que nos incentivou a pensar em cada detalhe do Projetor Florescer e fazer com que fosse colocado em prática”.

Para o tatuador, é simples tatuar e ver resultado significativo como arte. “Mas para algumas mulheres é uma condição para tirar a tristeza da cicatriz em seus corpos e deixar florescer novamente, seguir a vida com menos tristeza, porque essa doença deixa marcas, nós apenas conseguimos amenizar”, declara.

DEVOLVENDO A AUTOESTIMA – Uma mulher que venceu o câncer – que prefere não se identificar – conta como o processo mudou sua vida. “O projeto consegue trazer a autoconfiança para se despir novamente, quando ao se olhar no espelho e reconhecer a própria imagem, a satisfação é imensa. É grandioso, tanto para o profissional, quanto para quem recebe esse trabalho. Só tenho a agradecer ao Amenduim por tudo”.

Ela relata que o método foi completamente indolor, é realizado com anestesia e o procedimento é tranquilo. “O projeto trouxe mais autoconfiança. Antes, eu me sentia constrangida ao me despir. A marca ainda está aqui, eu sei, mais o fato de não estar mais tão notável a olho nu, já é o suficiente para elevar a minha autoestima”.

Conforme relato dessa guerreira, o Projeto Florescer consegue devolver a autoconfiança de quem passou por essa aprovação da vida e mostrar para as outras mulheres que é possível resolver parcialmente a estética através da micropigmentação. “Eu passei por isso e sei da dor e da perda. Com essa técnica sou mais autoconfiante e feliz. É um projeto grandioso, não só para quem recebe, mas também para quem realiza esse trabalho, porque ajudar a reconstruir sonhos e planos não tem preço”, conclui.

Da Redação

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