Setor de costura: os desafios para ‘alinhavar’ a permanência no mercado

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Casamentos adiados. Festas canceladas. Formaturas remarcadas. E os vestidos, os ternos, as peças que seriam usadas nas festividades não ganharam o corte de tecido, o bordado em pedraria, a estilização desejada. Ou seja, não passaram pelas máquinas de costura, tão pouco pelas mãos das costureiras. Desde março de 2020, os profissionais que fazem do corte e costura o ‘ganha pão’ vivem um cenário que exige versatilidade para continuar no mercado empreendedor.

Com o avanço da doença e as medidas restritivas, o cancelamento de atividades festivas também impactou na renda dos pequenos artesãs. Muitas encomendas de 2020 não forem concluídas. A classe enfrentou as mudanças na rotina de trabalho, com a redução da confecção de peças finas para os consertos e ajustes de roupas do cotidiano e a costura de máscaras.

“O cenário da costura se apresentou com incertezas, mas foi capaz de se reinventar. Criou oportunidades de se adaptar em meio a pandemia”, destaca a orientadora de Atividades do Sesc de Toledo, Cláudia Uebel Machado. “Para manter o negócio ativo, além da confecção de máscaras, o mercado de revenda foi impulsionado, como por exemplo, brechós online, cursos de corte e costura online, aumento de sites e serviços de moda e acessórios online – o e-commerce”.

Conforme a profissional, os serviços mais prestados foram: a confecção de máscaras e o aumento na procura de reformas de roupas e acessórios. “Com o aumento do desemprego, a confecção de máscaras auxiliou a renda de muitos brasileiros. Para algumas famílias, a venda de máscaras foi o único recurso que manteve o sustento dos lares.

REINVENTAR O TRABALHO – Conforme avaliação de Cláudia, o setor da costura também vive um processo de valorização no sentido de incentivar a formação de novos artesãos. “A costura está sendo mais valorizada principalmente pelo ‘faça você mesmo’. Essa iniciativa ganhou força na pandemia. A modalidade de aula e oficinas de forma online foi muito impulsionadas e as vendas de roupas pela internet também aumentaram representativamente”.

O setor enfrenta o momento com essa versatilidade e aguarda um reaquecimento e melhores resultados quando a pandemia passar. “A perspectiva é de ocorra um aumento gradual na confecção ou aluguel de roupas de festas. O andamento da vacinação, a perspectiva é de que os eventos voltem a realizados com menor quantidade de pessoas, ou seja, pequenos eventos”, projeta Cláudia ao alertar que a dica é manter um controle de estoque para tecidos e aviamentos.

“Com tudo o que temos enfrentado, a costura e o artesanato ganhou mais força e relevância. Nessa área muitos projetos têm sido executados para geração de renda de muitas famílias, aumentado a produtividade de seus recursos. O universo da costura é transformador, promove o bem-estar para quem desenvolve suas próprias peças. Afinal de contas, costurar é uma arte!”, conclui.

NOVA FONTE DE RENDA – Para costurar é preciso técnica, equipamentos, matéria-prima, criatividade e bom. A praticidade dos cursos online e tutoriais é uma ajuda muito válida neste momento. “De dona de casa para a mais nova ‘costureira do pedaço’”, brinca Rosana Alves. “Voltei a costurar no ano passado, por necessidade ‘desenterrei esse dom’. Os serviços têm ajudado na renda da família. Passei a fazer os consertos das peças de todos os parentes, dos amigos, dos vizinhos e já estou me arriscando em costurar peças inteiras”.

Rosana conta que quando era mais jovem fez um curso de corte e costura. Na época, ela ganhou uma máquina para iniciar os trabalhos, contudo, após o nascimento do primeiro filho, optou em se dedicar aos cuidados com a família. Foram 15 anos longe da costura. Mas ela garante que não esqueceu essa paixão que, neste período de pandemia, tem auxiliado na finanças da família. Ela conta que no ano passado, o marido – que trabalha como autônomo – teve problemas de saúde e redução na carga de trabalho. Isso fez com que a família buscasse alternativa de obter uma renda extra e a costura foi o caminho.

“Vendemos a antiga máquina de costura e conseguimos comprar uma mais nova para facilitar os trabalhos. Busquei cursos online e tutorais e voltei a fazer consertos mais simples como barra de calça, por exemplo. Fui retomando a prática e a paixão e em alguns meses já estava fazendo outros serviços. Em alguns meses estava fazendo peças novas”, relata.

Voltar a costurar promoveu mais que o aumento na geração de renda da família de Rosana. Ela garante que voltar a costurar permitiu fazer novas amizades, conhecer outras pessoas, focar na criatividade e elevar os níveis de felicidade. “Me reencontrei na costura. Não me arrependo do tempo que fiquei parada para me dedicar a família, mas estou muito feliz por voltar a trabalhar. O momento é de dificuldade, mas estamos aproveitando para crescer profissionalmente e como pessoas melhores”, afirma.

Da Redação

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