Valor da cesta básica teve aumento de 7,47% em Toledo

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A pesquisa da cesta básica de alimentos para o município de Toledo, elaborada pelo Núcleo de Desenvolvimento Regional (NDR), da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) campus de Toledo, aponta que, entre setembro e outubro de 2021, houve aumento de 7,47% no valor da cesta básica. Esse foi o maior índice calculado desde o início da pesquisa.

O relatório da pesquisa aponta que ao considerar o valor da cesta básica de Toledo desde a primeira pesquisa realizada, ocorreu um aumento acumulado de 15,65% em seu custo, desde abril até outubro de 2021.

Como reflexo do índice de variação percentual do custo da cesta básica individual, identificou-se que essa passou de R$529,38 em setembro para R$568,92 em outubro. A cesta básica familiar é calculada considerando os custos alimentares de uma família com dois adultos e duas crianças.

“Assim como ocorreu com o custo da cesta básica, verificou-se elevação do percentual do salário-mínimo líquido que é necessário para adquirir a cesta básica para uma pessoa adulta, constatando que seria necessário 52,03% do salário-mínimo em setembro e, para a mesma cesta em outubro, 55,91% do salário-mínimo, indicando uma perda no poder de compra do trabalhador de Toledo”, contempla o relatório.

“Nós percebemos que desde o início da pesquisa este período foi o que teve maior aumento”, avalia a coordenadora do Núcleo de Desenvolvimento Regional da Unioeste de Toledo, Crislaine Colla. “Além disso, observamos o acumulado desde abril foi de 15,65%. Esses índices foram bem significativos e liga um sinal de alerta e reforça a inflamação que vem de forma crescente”.

Crislaine acrescenta que entre julho e agosto foi apontado mais de 5% e o índice não esperado. A coordenadora também pontuou que essa crescente deve se manter. “Não temos dúvidas, contudo, não temos a magnitude, mas o impacto também deve ser percebido nos itens da ceia natalina”.

Outro indicador da pesquisa mostra que essa perda no poder de compra é o número de horas de trabalho necessárias para adquirir a cesta básica, que passou de 105,88 horas em setembro para 113,78 horas em outubro. Isso corresponde a 48,13% e 51,72% do total de horas trabalhadas nos meses de setembro e outubro, respectivamente, para um trabalhador que recebe o salário-mínimo.

ALIMENTOS –Os produtos que apresentaram aumento no preço médio no período foram: o tomate (39,01%), a batata (33,45%), a banana (5,26%), a carne (3,64%), o feijão (2,46%), o açúcar (1,99%), o óleo de soja (1,40%), o café (0,84%), a margarina (0,60%). O pão francês não apresentou variação no período analisado. Apenas três produtos apresentaram redução no preço médio e foram: o arroz (-3,20%), o leite (-1,90%) e a farinha de trigo (-0,34%).

“Constata-se que o tomate foi o produto com o aumento mais expressivo em função da redução na oferta. A batata apresenta a segunda maior variação e ocorreu devido à redução na oferta, em função das chuvas e dificuldades na colheita. A carne apresentou aumento no preço médio em Toledo, diferentemente do que aconteceu em outras nove capitais brasileiras, onde já está sentindo os efeitos da queda na exportação provocada pela sanção da China à carne brasileira. O feijão, diferentemente do que tem ocorrido em períodos anteriores, apresentou um aumento do preço médio em Toledo. O açúcar apresenta aumento de preços em 15 capitais analisadas pelo DIEESE, assim como ocorreu em Toledo e o principal motivo foi a redução da oferta e o alto volume exportado. O aumento no preço do café decorreu de problemas causados pelo clima (geada no final de julho e tempo seco), baixa oferta global do grão e elevadas cotações externas. O óleo de soja registrou alta de seu preço médio, principalmente pelo alto volume exportado, pela redução da oferta em função do aumento da procura da soja para a produção de biodiesel”, aponta o relatório.

ANÁLISE – Ao longo dos últimos sete meses de pesquisa ficou evidente a volatilidade dos preços dos produtos que compõem a cesta básica do município. “A partir do mês de maio, é possível observar a variação percentual dos produtos em relação ao mês base de abril. Os produtos que apresentaram maior aumento de preços no período de abril a outubro foram: o tomate, que aumentou

104,06%; em seguida aparece a batata, com crescimento de 70,98%; o café com um incremento de 32,80%; o açúcar com um aumento acumulado de 24,81%; a margarina com um aumento de 23,85%”.

Neste período de análise, apenas três produtos mantêm uma variação acumulada negativa, ou seja, compreende-se que houve redução no preço médio de produtos nos últimos 7 meses: o feijão, que teve seu preço reduzido em -4,83% desde abril; o arroz, que reduziu -8,62% nesse mesmo período; e o pão francês mantém uma redução de -3,23%.

SALÁRIO – Entre os pontos analisados na pesquisa do Núcleo de Desenvolvimento Regional (NDR) da Unioeste de Toledo está o valor do salário-mínimo necessário para adquirir a cesta básica e suprir as despesas domiciliares mensais referentes à habitação, ao vestuário, ao transporte, entre outras. Em setembro o salário em Toledo deveria ser de R$4.447,30 e em outubro deveria ser de R$4.779,51. Ao comparar o salário-mínimo necessário do município e a média nacional para o mês de setembro, é possível observar que o valor nacional seria 23,16% maior que o de Toledo.

“Observou-se que no mês de outubro a diferença entre o salário mínimo necessário nacional e o de Toledo diminuiu e isso ocorreu porque a variação do custo da cesta básica nacional foi menor do que a variação em Toledo. Deve-se levar em consideração que o salário-mínimo necessário em Toledo durante o mês de outubro correspondeu a 4,35 vezes o piso nacional vigente, que é de R$1.100,00”, aponta.

VARIAÇÃO DA INFLAÇÃO – A cesta básica de alimentos de Toledo apresentou elevação muito maior que a da inflação no período, visto que o índice de aumento da cesta básica foi de 7,47%, ao passo que do IPCA foi de 1,25%. “Assim, é importante destacar que a alimentação tem sido um fator considerável na variação da inflação, o que demonstra a perda do poder de compra da população e o aumento dos gastos com esse segmento. O crescimento da inflação no grupo de alimentos tende a ter efeitos negativos mais significativos para a população de renda mais baixa, pois essa utiliza parte substancial de sua renda para compra de alimentos e são mais sensíveis às variações”, conclui.

Da Redação

TOLEDO