Belas Artes À La Carte traz um filme nacional em suas estreias a partir desta semana

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A partir da próxima quinta-feira, 10 de junho, o À La Carte traz uma novidade para os fãs do cinema nacional: um filme brasileiro passa a compor as estreias da semana. Assim, o streaming, que já trazia semanalmente ao menos quatro filmes que passavam a integrar seu catálogo, agora contará com pelo menos cinco produções por semana em suas estreias. A estreia nacional desta semana fica por conta de “Hans Staden” (1999) um drama biográfico escrito, produzido e dirigido por Luiz Alberto Pereira baseado na obra Duas Viagens ao Brasil de Hans Staden, soldado e marinheiro alemão que, no início do século XVI, foi capturado por uma tribo tupinambá, inimiga dos colonizadores portugueses. O filme foi vencedor do Prêmio Especial do Júri, e também de Melhor Trilha Sonora e Melhor Direção de Arte no Festival de Cinema de Brasília 1999.

Entre os destaques que chegam na próxima semana está “Boccaccio’ 70” (1962) quatro histórias divertidas, baseadas nos escritos do italiano Giovanni Boccaccio e dirigidas pelos mestres por Mario Monicelli, Federico Fellini, Luchino Visconti e Vittorio De Sica, e com as musas protagonistas Marisa Solinas, Anita Ekberg, Romy Schneider e Sophia Loren.

Inédito no Brasil, “Em Nome da Terra” (2019) chega com exclusividade ao catálogo do À La Carte. Inspirado na história pessoal do diretor, Edouard Bergeon,  o longa é construído como uma saga familiar e narra através da história de uma família, e sob uma perspectiva humana,  a evolução do mundo agrícola nos últimos 40 anos.

“Ninotchka” (1939) é uma comédia dirigida pelo alemão Ernst Lubitsch, considerada pela crítica como um dos seus melhores trabalhos cinematográficos. No papel principal está Greta Garbo, na época a maior estrela dramática do cinema,  fazendo sua primeira comédia. Os cartazes do filme anunciavam: “Garbo ri!”.  No papel, austera, de uma beleza excepcional e, ao mesmo tempo, amarga e satírica, ela interpreta uma funcionária soviética que chega a Paris com a incumbência de fiscalizar o trabalho de três colegas que vendiam jóias desapropriadas, sob encargo de Moscou.  “A divina”, como foi apelidada, Greta Garbo atuou em apenas mais um filme após “Ninotchka”.

Depois de se tornar conhecido entre os fãs de sci-fi com “Alien, O Oitavo Passageiro” e “Blade Runner: O Caçador de Andróides”, Ridley Scott mudou o rumo e filmou uma fábula: “A Lenda” (1985), estrelada por Mia Sara, Tim Curry e Tom Cruise, que ainda em início de carreira faz um jovem guerreiro apaixonado pela princesa.  O filme, um dos clássicos dos anos 1980, traz os cenários meticuloso e imaginário ímpar característicos do diretor.

Confira abaixo a sinopses dos filmes:

Hans Staden

Brasil, 1999, Drama biográfico, 92 min

Direção: Luis Alberto Pereira

Elenco: Carlos Evelyn, Ariana Messias, Darci Figueiredo, Sérgio Mamberti, Milton de Almeida, Stênio Garcia

Sinopse: Hans Staden é um imigrante alemão que naufragou no litoral de Santa Catarina. Dois anos depois, chegou a São Vicente, onde trabalhou, visando juntar dinheiro para retornar à Europa. Um dia, preocupado com seu sumiço de seu escravo repentino da tribo Carijó, parte em sua procura e sete Tupinambás, inimigos dos portugueses o encontram e o prendem, no intuito de matá-lo e devorá-lo.

Curiosidades:  O filme foi vencedor do Prêmio Especial do Júri, e também de Melhor Trilha Sonora e Melhor Direção de Arte no Festival de Cinema de Brasília 1999. A produção do filme visitou Portugal por dez dias para conseguir uma réplica de caravela em tamanho real, e ainda construiu em Ubatuba, litoral paulista, uma réplica autêntica de uma aldeia de Tupinambás do século XVI, contando também com o acompanhamento de um professor para ensinar gramática tupi aos atores, que foram auxiliados pelo linguista Helder Ferreira no aprendizado e pronúncia da língua falada pelos índios. Quando lançado nos cinemas, o filme, que pretendia ter “Classificação Livre”, levando em conta seu importante contexto histórico e didático, acabou sendo indicado para maiores de 12 anos, em parte por causa da nudez dos personagens indígenas, polêmica que ganhou um episódio ainda mais inusitado, quando uma espectadora fez escândalo na entrada de num cinema de São Paulo, revoltada contra o nu frontal do ator Carlos Evelyn no cartaz.

Boccaccio 70

Itália/ França, 1962, Comédia, 205 min

Direção: Vittorio De Sica, Federico Fellini, Luchino Visconti e Mario Monicelli

Elenco: Anita Ekberg, Sophia Loren, Romy Schneider

Sinopse:  Inspirado nas novelas de Boccaccio, cada episódio enfoca sexo, amor e sedução na Itália dos anos 1960, uma era de crescimento econômico e grandes mudanças culturais. Em “Renzo & Luciana”, Monicelli filma dois operários que precisam esconder seu casamento. Em “As Tentações do Doutor Antônio”, Fellini mostra a loucura de um puritano, Antônio que vive insultando casais de apaixonados em nome da “religião” e da virtude que ele crê ser o único a representar, ao se deparar com o outdoor de uma mulher sensual. Visconti, em “O Trabalho”, faz um drama irônico sobre uma condessa fútil que decide arrumar um trabalho. Em “A Rifa”, Vittorio de Sica narra o sorteio, em uma feira de gado, de uma noite de amor com uma uma mulher estonteante (Sophia Loren).

Curiosidades: Filme dividido em quatro episódios dirigidos por Vittorio De Sica, Federico Fellini, Luchino Visconti e Mario Monicelli, cujo episódio “Le Tentazioni del Dottor Antonio” marca o primeiro trabalho em cores de Fellini. O episódio “Renzo e Luciana”, de Mario Monicelli, foi cortado da montagem original, supostamente porque Monicelli havia prometido trazer uma “grande estrela americana”, mas não cumpriu a promessa, o que teria levado o produtor Carlo Ponti a se oferecer para transformar a ideia do episódio em um longa-metragem financiado por ele, mas isso nunca foi feito. Apenas o lançamento italiano consistiu em quatro partes, após o filme ter sido apresentado no Festival de Cannes 1962 sem o episódio de Mario Monicelli, o que levou os outros três diretores a não compareceram à exibição no festival, em solidariedade ao colega.

Ninotchka

EUA, 1939, Comédia, 110 min

Direção: Ernst Lubitsch

Elenco: Greta Garbo, Melvyn Douglas, Ina Claire, Bela Lugosi

Sinopse: Nina Yakushova (Greta Garbo), comissária do governo soviético, é enviada a Paris para averiguar o comportamento de três representantes do governo que têm como missão negociar uma jóia. Aos poucos sucumbe ao capitalismo e a Leon d’Algout (Melvyn Douglas), um galanteador francês que está apaixonado por ela.

Curiosidades: “A divina”, como foi apelidada, Greta Garbo atuou em apenas mais um filme após “Ninotchka”.

Em Nome da Terra (Au nom de la terre)

França, 2019, Drama, 103 min

Direção: Edouard Bergeon

Elenco: Guillaume Canet, Veerle Baetens, Anthony Bajon

Sinopse: Pierre é um jovem de 25 anos que volta de Wyoming para sua noiva assumindo a fazenda de sua família. Vinte anos depois, a fazenda cresce, tal como sua família, e as dívidas começam a se acumular. Apesar do amor de sua esposa e filhos, o homem começa a se entregar para as frustrações da luta no cotidiano de ser um chefe de família. Construído como uma saga familiar, e de acordo com a história do próprio diretor, o filme faz um olhar humano sobre a evolução do mundo agrícola desses últimos 40 anos.

Curiosidades: O diretor e roteirista Edouard Bergeon conta a história de seu próprio pai, mãe e avô, o que ele já havia feito no documentário “Infrarouge: Les fils de la terre” (2012), convencendo depois o produtor Christophe Rossignon, também filho de fazendeiro, a transformar a história neste longa-metragem. Primeiro longa-metragem ficcional de Edouard Bergeon, pelo qual ele foi indicado ao prêmio César de Melhor Filme de Diretor Estreante. O jovem Anthony Bajon foi indicado ao prêmio César de Ator Mais Promissor.

A lenda (Legend)

EUA | Reino Unido, 1985, Aventura, 94 min

Direção: Ridley Scott

Elenco: Tom Cruise, Mia Sara, Tim Curry

Sinopse: Jack é um jovem camponês que vive numa floresta mágica, repleta de seres fantásticos, como unicórnios e fadas. Num belo dia, Jack resolve levar a Princesa Lili para passear e ela acaba chamando a atenção do Senhor das Trevas, um demônio cruel que planeja raptar a donzela e mergulhar o planeta numa era glacial. Os planos dessa criatura maléfica começam a se concretizar quando os duendes, à seu comando, capturam Lili. Jack irá correr contra o tempo, e com a ajuda de um elfo, uma fadas e dois anões, irá tentar salvar sua amada.

Curiosidades: Demorava cinco horas e meia para colocar a maquiagem do personagem Darkness (Tim Curry), porque todo o seu corpo tinha que ser maquiado, e o ator precisava tomar um longo banho todas as noites para remover tudo, sendo que havia partes coladas com goma de mascar, um processo que chegou a ferir sua pele. As filmagens foram interrompidas duas vezes, a primeira delas por causa de um incêndio no estúdio, e a segunda pela morte do pai de Tom Cruise. Para a criação deste filme, o diretor Ridley Scott se inspirou no clássico “A Bela e a Fera” (1946), bem como em famosas animações da Disney, como “Branca de Neve e os Sete Anões” (1937), “Fantasia” (1940) e “Bambi” (1942).