Edu Verenguel em mostra virtual @Smith Galeria

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Oferecendo uma alternativa ao que seria uma exposição individual em tempos de Covid-19, a Smith Galeria preparou uma mostra virtual de um expoente dos anos1980 e 1990,   Edu Verenguel, integrante do vibrante coletivo multimídia x.a.r.a.n.d.u, junto de Carlos Barmak, Marta Oliveira e Vera Barros. Oriundos de áreas completamente diferentes, (Barmak era editor de vídeo, Marta estilista e Vera videomaker) reuniu arte extremamente autoral, em São Paulo – SP, naquele momento de efervescência da produção artística paulistana.

Em DIAS SEM NÚMEROS, o artista apresenta uma visão afiada do nosso mundo contemporâneo e destes tempos ímpares para a sociedade. São 14 obras, produzidas com técnicas e suportes mistos, que abrangem o período pandêmico de janeiro de 2020 a maio de 2021. “Pinturas feitas ‘em solidão’, povoadas de imagens do entorno, sensações, acontecimentos congelados, desejos e o eterno eremita. Minha primeira exposição virtual está no website da Smith Galeria, onde me sinto bem”, afirma o artista.

Que maravilha. Retomando figuração de trabalhos anteriores de várias fases diferentes. A paleta de cores sofreu modificação e surpreende. Os silêncios são ditos de maneira gritante. São fortes e impactantes, embora tenham esse colorido tropical, quente. Você me impressiona com sua capacidade de reinventar os elementos presentes em sua obra e ressignificá-los”. (Marta Oliveira, em mensagem na exposição virtual.)

EDU VERENGUEL – Brasil, 1957

Por Anne Smith e Edu Verenguel

Nascido numa pequena cidade do interior do Brasil que recebeu grande imigração japonesa, Edu Verenguel teve sua produção bastante influenciada pela rica iconografia oriental. A alegoria do encanto e desencanto, da ilusão, da impermanência expressada por arquétipos de catástrofe e tragédia prevalentes naquela cultura manifestam-se nos trabalhos do artista, criando toda sorte de confusão, calamidades e alaridos. Vibram o caos e sensações atávicas de solidão e isolamento que nos fazem pensar no ser humano e sua morada (o planeta); sua interação com o entorno e com todos os seres vivos, as ações e reações, a melancolia inerente à espécie que caminha com incerteza para um futuro tempestuoso que é também agora.

Há décadas em que nada acontece e há semanas em que décadas acontecem”. (Lenin)

Turn on, tune in, drop out”. (Timothy Leary)

Nesse processo, a transposição para o suporte evidencia acidentes e correções que o artista faz questão de deixar registrados, concretizando-se em obras de imagens típicas sublinhadas pela quase ausência de acabamento e apuro, denotando um estranhamento inicial e gerando incômodo ao olhar. Essa peculiaridade técnica, engenhosa, enfatiza sua coerência construtivo/poética. Sua produção se configura única e curiosamente magnética, responsiva às evocações que subsistem na psique coletiva, ao mesmo tempo que se assume completamente anticonvencional.

Da Assessoria