São Paulo vai ter museus das Favelas e da Cultura Indígena em 2022

1
Combater a invisibilidade e potencializar a energia criativa de setores ainda marginalizados. Esses são os principais objetivos que norteiam a criação do Museu das Favelas e o das Culturas Indígenas – bem como a ampliação do Museu da Diversidade Sexual.

Prometidos para 2022, os novos equipamentos (e a ampliação e modernização do já existente) foram anunciados nesta segunda-feira, 6, em coletiva de imprensa realizada no Palácio dos Bandeirantes. “Onde muitos enxergam carência, enxergamos potência”, afirmou o secretário de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, Sérgio Sá Leitão. O investimento total nos três projetos é de R$ 40 milhões.

A gestão dos museus será de organizações sociais culturais. A ideia é que cada museu tenha, em seu corpo de colaboradores e funcionários, pessoas oriundas das comunidades que representam. “Esses museus estão sendo construídos com as comunidades, com os artistas e criadores desses grupos sociais”, falou Sá Leitão.

A coordenação de curadoria dos três museus ficará a cargo de Marcelo Dantas. Segundo ele, o seu papel será o de criar conexões entre as comunidades e os espaços. “Esses museus visam criar oportunidades, buscar novos talentos nas favelas, nas aldeias indígenas e nas comunidades em geral.”

MUSEU DA DIVERSIDADE

O Museu da Diversidade Sexual, que já existe dentro da Estação República do Metrô desde 2012, receberá aporte financeiro de R$ 9 milhões para as obras de ampliação. Hoje, o equipamento é acanhado, mas, com o novo projeto, a área passará de 100 m² para 540 m². Além disso, o museu ganhará um espaço do lado de fora da estação de metrô. Ainda não está definido qual casa ou terreno ele vai ocupar.

Durante os últimos anos, imaginou-se que o museu poderia ocupar um casarão na Avenida Paulista. O projeto foi abandonado por uma questão de custos e adaptações. Neste casarão da Paulista, futuramente, o governo pretende inaugurar o Museu da Gastronomia.

Com a ampliação do Museu da Diversidade Sexual, estão previstos espaços para mostras permanentes e rotativas, centro de referência e documentação e de empreendedorismo, café, restaurante e loja. O início da instalação será em janeiro e a inauguração está marcada para julho de 2022. “Esse é um dia de festa e comemoração e de reconhecimento de direitos. A ampliação e reforma vão trazer mais vida para o museu”, garantiu o representante da comunidade LGBTQ+, Ivan Santos.

MUSEU DAS FAVELAS

Já o Museu das Favelas ficará no Palácio dos Campos Elísios, na região central da cidade. O espaço terá a parceria da Central Única das Favelas (Cufa) e tem investimento previsto de R$ 15 milhões.

De acordo com o governo do Estado, o equipamento terá área de 8.208 m², que será dividida em espaços para exposição multimídia, mostras temporárias, Centro de Referência (biblioteca digital, auditório, pesquisas, estudos e conferências), Centro de Empreendedorismo (coworking, formação e capacitação, aceleração de startups), eventos, café e loja. A abertura está prevista para junho de 2022. “A política pública vem sempre acabada para as comunidades. Aqui, o processo é inverso. O protagonismo é de quem está envolvido. Não se trata de um projeto criado dentro de gabinete e imposto para a comunidade. Ao contrário, as comunidades estão sendo ouvidas”, explicou Preto Zezé, presidente da Cufa.

CULTURA INDÍGENA

O Museu da Cultura Indígena será instalado no Complexo Baby Barioni, ao lado do Parque da Água da Branca (na Rua Dona Germaine Burchard), em um edifício de sete andares, com 200 m² cada um, totalizando 1.400 m² de área total. Haverá espaço para exposições de longa e curta duração, centros de pesquisa e referência, auditório, administrativo e reserva técnica.

“É uma demanda antiga do povo indígena. Temos vários artistas indígenas, cantores, cineastas. A sociedade, às vezes, não nos reconhece, somos invisibilizados. No museu, seremos protagonistas da nossa história”, observou a liderança indígena Sonia Ara Mirim.

Com investimento de R$ 14 milhões, o equipamento contará com a parceria do Instituto Maracá e de várias lideranças indígenas. A abertura está programada para março de 2022, com exposição inaugural em homenagem a Jaider Esbell (1979-2021), artista brasileiro e ativista dos direitos indígenas, que morreu em novembro.

Na coletiva, o governador João Doria foi questionado sobre o aceno que a criação de museus poderia representar para os movimentos de centro esquerda em um ano pré-eleitoral (o governador é pré-candidato à Presidência da República). “Nós já temos esse compromisso desde o início do governo. Agora nós estamos avançando naquilo que representa a expressão cultural dessas comunidades. Nós chamamos de cidadania”, concluiu Doria.