Agro em desenvolvimento: quando a inovação valoriza pessoas e beneficia a comunidade

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Décadas e décadas de trabalho e uma pandemia para marcar a história. O agro não parou. O agro nunca para e quando conta com os alicerces do cooperativismo fica ainda mais evidente a potência, a exportação que ultrapassa inúmeras fronteiras, a força que cooperativas, especialmente no Oeste do Paraná, têm em promover o sustento de diversas famílias, em levar conhecimento, em fazer a diferença na vida dos cooperados, das comunidades, dos colaboradores. Aqueles que levam o cooperativismo no coração estão em constante aprendizado.

Se o cooperativismo não existisse, provavelmente, teria surgido em 2020, pois ele nasceu como um modelo de enfrentamento a momentos adversos. Cada vez mais as crises evidencia a importância do movimento cooperativista. Com a atuação de uma gestão democrática, dinâmica e em constante adaptação, o cooperativismo é instrumento de desenvolvimento capaz de levar o progresso as comunidades e enaltecer o que mais tem valor: as pessoas. Dessa forma as vertentes do cooperativismo atingem o campo, as universidades, os centros de pesquisas, todos que buscam melhorias e inovação.

Um dos pilares da Lar Cooperativa Agroindustrial é inovar e inovar junto à comunidade levando soluções que vão além do campo. A Cooperativa conta com um Programa de Inovação que consiste em seis faces distintas e complementares: gestão da cultura, gestão de ideias, pesquisa e desenvolvimento, transformação digital, recursos para inovação e inovação aberta.

Para cada uma das faces são definidos planos de trabalho que permitem a atuação de maneira integrada e com operacionalização entre os diversos públicos envolvidos. “Procuramos criar uma cultura da inovação que nos permita melhorar continuamente nossos produtos e processos, seja em nível interno mas também junto ao nosso quadro de associados”, ressalta o diretor-presidente da Lar Cooperativa Agroindustrial, Irineu da Costa Rodrigues.

Uma das faces do Programa é a inovação aberta. Esse pilar visa promover a atuação proativa de maneira conjunta ao ecossistema de inovação no qual a Cooperativa faz parte. Irineu acrescenta que na inovação aberta a Lar tenta mapear as demandas estratégicas para o sistema cooperativista por meio da interação ativa com parceiros como universidades, centros de pesquisa, startups e parques tecnológicos. O objetivo é encontrar formas de resolver problemáticas através das pesquisas e inovações, possibilitando o acesso a tecnologias em desenvolvimento, com a participação da validação das soluções.

INOVAR É PARA TODOS – O diretor-presidente comenta que talvez algumas organizações imaginassem que os programas de inovação seriam mais voltados para as empresas com foco em tecnologia da informação, ao ponto de confundirem novação com tecnologia. “Com o passar do tempo, foram percebendo que é possível inovar em todas as áreas e processos, a partir de todas as pessoas envolvidas, e isso tem feito com que as cooperativas invistam mais nos processos de geração da cultura da inovação, que é o despertar de uma nova mentalidade, o que chamamos de mudança de mindset, onde se busca, a partir das pessoas, maneiras melhores de fazer cada atividade, processo ou produto”, declara ao acrescentar que esse comportamento tende a crescer nos últimos anos, especialmente, a partir dos resultados que a inovação agregar as cooperativas.

PESQUISA E INOVAÇÃO QUE VEM DA COMUNIDADE – “Em 2021, iniciamos a execução de um projeto aprovado por Edital de fomento à Inovação da Agência Brasileira do Desenvolvimento Industrial, o ABDI AGRO 4.0 que premiou com R$ 300 mil projetos de soluções inovadoras focadas em aumento de eficiência, produtividade e redução de custos no campo. O projeto aprovado foi o ‘AvIoT: Avicultura Conectada, Inteligente e Otimizada’, que atua, através de tecnologia IoT (Internet das Coisas), na proposta de monitoramento constante de fatores de ambiência em aviários, como umidade, temperatura, gases e qualidade da água. A submissão do projeto foi realizada em parceria com a Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Campus Medianeira (UTFPR-MD), a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), o Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Pesquisa e Desenvolvimento do Brasil (INESC P&D Brasil) e a Trinovati Tecnologia Ltda”, celebra o presidente.

Em relação ao ‘AvIoT: Avicultura Conectada, Inteligente e Otimizada’, a expectativa é de que até o final do projeto (previsão para o mês de agosto deste ano), o produto seja validado. Com a validação é possível iniciar a comercialização pela startup e, consequentemente, escalado para a cadeia avícola de empresas e cooperativas que atuem na produção de aves.

A VALORIZAÇÃO DAS IDEIAS – “A parte mais difícil é a geração da cultura da inovação. Muitas pessoas confundem inovação com tecnologia, quando na verdade a tecnologia é o meio pelo qual empresas e pessoas possam melhorar seu dia a dia, resolver suas dores. Podemos dizer que na Lar a inovação recebeu o maior impulso a partir do momento em que abrimos aos funcionários a oportunidade de participarem com ideias e sugestões de melhoria em processos e produtos”, enaltece Irineu.

No processo de valorização humana que acontece dentro da Cooperativa, o Programa de Inovação tem uma vertente que incentiva a explanação de ideias de forma que atenda aos critérios do Programa e com uma premiação adequada para que os colaboradores se sintam motivamos a contribuir.

“Os resultados, tanto para a empresa quanto para o funcionário, têm sido sensacionais”, destaca o presidente. “Costumamos dizer que é o funcionário, que está no dia a dia atuando em diferentes áreas, é que sabe o que precisa ser melhorado em cada processo. Cada regulagem diferente de um equipamento pode reduzir perdas, cada ideia de uma nova forma de fazer determinada atividade de maneira mais segura e confiável, é muito valorizada pela cooperativa. Hoje, disponibilizamos um sistema interno onde cada funcionário pode entrar, a qualquer tempo, e cadastrar uma ideia. Um comitê avalia cada ideia e, sendo viável e implementada, gera a premiação aos funcionários com as melhores ideias. Para além dos resultados econômicos, vemos ao longo dos anos o quanto os funcionários têm utilizado o Programa de Ideias para mostrar seu talento e desenvolvido o sentimento de pertença, de valorização”, comemora.

Filhos da Lar: as eternas marcas que ficam no coração

A valorização das pessoas acontece no dia a dia. É o cotidiano do cooperativismo que move montanhas, que trilha os caminhos, que indica soluções, que leva a inovação até a propriedade, que deixa o agro mais atrativo, mais rentável, mais próspero. Somente quem vive isso pode descrever a representatividade que o sistema cooperativo exerce na comunidade.

Um coração que bate forte pelo agro. Uma criação vivida na roça. Um trajetória pautada nos alicerces do cooperativismo que já estavam na família Mattia antes mesmo do Diogo nascer. Em 1975, seu pai, o produtor, Delir de Mattia, iniciou uma nova história na propriedade ao se tornar cooperada da Lar Cooperativa Agroindustrial –  a marca do coração.

São quase cinco décadas de cooperação, de auxílio, de troca de conhecimento, de expansão, de inovação que chega ao campo. O que o cooperativismo mudou na vida de Diogo? Tudo. O interesse pelos encantos do movimento cooperativista é tão intenso na vida dele que interferiu diretamente na escolha da profissão. Um engenheiro civil que trocou projetos e obras pela ‘lida no campo’. Diogo foi criado na Linha Cacic – em uma propriedade que fica as margens da BR 277 no município de São Miguel do Iguaçu, região Oeste do Paraná. Ele conclui a graduação, atuou na área de engenharia civil, mas o agro sempre foi mais forte e ele voltou a se dedicar as atividades no campo.

O LEGADO DO DESENVOLVIMENTO – Com pai cooperado há quase 50 anos, Diogo não teve dúvidas em seguir os sábios passos do seu Delir.  “Ser sócio fez toda a diferença no nosso crescimento como pessoa e como negócio”, afirma Diogo. Ele pertence a segunda geração de cooperados. “Em 2006, eu também passei a ser um cooperado”.

Desde 2005, o pai delegou a Diogo a administração da propriedade que conta com duas atividades principais: agricultura e avicultura de corte. Na lavoura é plantado os grãos de soja no verão e milho no inverno – uma ação comum o plantio desses tipos de culturas na região Oeste – em 190 hectares. Já na avicultura, a família possui 15 barracões com capacidade de aproximadamente 420 mil aves por ciclo de 60 dias. “Faço isso com muito prazer e os resultados aparecem”.

A VOZ DA COMUNIDADE –  Contar com o apoio do sistema cooperativista permite obter resultados satisfatórios que refletem no desenvolvimento familiar e, consequentemente, na comunidade. “Na lavoura a Lar nos assiste com assistência técnica de qualidade e uma gama de produtos (insumos) muito ampla, o que nos dá margem para escolher os melhores produtos. Na avicultura temos também a solidez da integração, onde nós entramos com as instalações e mão de obra e a Lar nos fornece pintainhos, ração e assistência técnica”, pontua.

Para Diogo, essa parceria com a Cooperativa permitiu que tivesse crescimento, principalmente, na avicultura com as oportunidades de expansão. “Se não fosse essa pujança da Cooperativa a nossa região não seria tão desenvolvida como é hoje. A Lar representa a firmeza de uma cooperativa que dá a oportunidade de crescimento para seus associados e a nossa família soube aproveitar essas oportunidades”, afirma.

A Família Mattia em cada geração visa fortalecer seu ‘legado do coração’ – Foto: Arquivo pessoal

Textos

Janaí Vieira

Da Redação

SÃO MIGUEL DO IGUAÇU/MEDIANEIRA

CRESCIMENTO NACIONAL

A pandemia não ‘apagou’ décadas e décadas de trabalho. Dados do Anuário do Cooperativismo Brasileiro do Sistema OCB – 2020 ano base como referência – apontam que mesmo diante de diversos desafios sociais e econômicos, desencadeados pela pandemia de Covid-19, em 2020 o cooperativismo brasileiro cresceu. O principal indicador social, classificado como o número de cooperados, passou de 15,5 milhões (em 2019) para 17,2 milhões (em 2020) – fator que representa um crescimento de aproximadamente 11%.

COOPERATIVA QUE CONTRATA

Outro índice positivo registrado no ápice da pandemia, segundo o Anuário do Cooperativismo Brasileiro do Sistema OCB – 2020 ano base como referência – foi a geração de emprego. Ocorreu um ingresso de aproximadamente 28 mil profissionais nas cooperativas do Brasil. No ano de 2019, o número total de colaboradores nas cooperativas era de 427,5 mil; enquanto que no ano retrasado esse número subiu para 455 mil.

De Cotrefal para Lar

Tudo começou em 1964 quando 55 pequenos agricultores do Rio Grande do Sul e Santa Catarina se uniram na antiga Gleba dos Bispos – local que atualmente é o município de Missal, no Oeste do Estado – para cultivar a terra, criar animais, extrair madeira e comercializar insumos. Com visão futurista, dedicação e a constante busca de conhecimento, com o passar do tempo o grupo foi ganhando estrutura e força. Em 1970 a Cooperativa Agropecuária Três Fronteiras Ltda (Cotrefal) ganhou sede própria no município de Medianeira. Com o processo de industrialização em estágio avançado, no fim da década de 90, a Cooperativa passa a ser mais conhecida pela comunidade como Lar – nominação derivada da Industria Oleolar, unidade localizada na cidade de Céu Azul. Em 2001, em Assembleia Geral Extraordinária os associados aprovaram a nova razão social da Cooperativa. A Cotrefal da espaça para a Lar.

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