André Góes: o andarilho do NBB CAIXA

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Quando a Unifacisa perdeu dois de seus principais pivôs – Gerson e Antônio – por lesão, parecia que as pretensões da equipe no NBB CAIXA 2023/24 teriam que ser mais modestas. Mas não foi isso que aconteceu. Neste momento, o time de Campina Grande está na sétima colocação, com oito vitórias e quatro derrotas. E muito desse desempenho se deve à liderança e à experiência de André Góes.

Trata-se de um atleta que tem quase 30 anos de vivência no basquete, que já rodou o país do Sul ao Nordeste, que jogou em grandes clubes, conquistou títulos importantes e está presente em quase todas as edições do NBB CAIXA. Mais do que só um andarilho no esporte, André Góes, com 36 anos, é um cultivador de amizades, bem quisto pelos lugares que passou e que tem a família como um grande pilar . O ala da Unifacisa ainda não pensa tanto em aposentadoria, mas já sabe os dois lugares onde gostaria que isso acontecesse.

+ Veja as estatísticas da carreira de André Góes

Encaminhando-se para 500 partidas no NBB CAIXA, o ala natural de Chapecó (SC) é um dos mais longevos jogadores em atividade no basquete nacional. Não esteve presente apenas na temporada 2014/15, mas viu o NBB CAIXA nascer, tomar forma e consolidar-se no cenário nacional como o principal campeonato do esporte no Brasil.

André começou a carreira no estado onde nasceu, no Joinville, time que defendeu por duas temporadas, antes de despertar o interesse do Pinheiros, clube paulista onde jogou por um ano. Na sequência, voltou para o Joinville e de lá partiu para rodar o país, com passagens pelo Fortaleza, Macaé, Vitória, Franca, Mogi e, finalmente, Unifacisa, o seu clube atual. O ala tem médias de 9,4 pontos, 3,5 rebotes, 2,9 assistências e eficiência de 10,6. Podem não ser números espetaculares, mas André é considerado o cara para as bolas decisivas, com a frieza e a experiência necessárias para garantir vitórias importantes.

O início

“Comecei a jogar por influência dos meus irmãos. Eles são mais velhos e começaram antes de mim. Aí era aquele negócio do caçula querer fazer a mesma coisa que os mais velhos. Quando eles começaram a jogar, abriu uma escolinha de iniciação lá em Chapecó. Eles me convidaram e eu fui. Eu já jogava futebol, mas desde quando joguei basquete pela primeira vez, nunca mais larguei. Aos 10, minha família inteira mudou-se para Joinville, já era um dos grandes centros de Santa Catarina. Dei essa sorte de meus irmãos serem contratados lá. Minha família mudou e joguei minha base toda lá. Aos 18, saí de casa pela primeira vez para finalizar minha categoria de base, fui jogar o juvenil em Araraquara. Foram dois anos e, depois, voltei já como profissional para Joinville, aos 20 anos. Peguei o NBB CAIXA desde o início”, lembrou André.

+ Confira a tabela do NBB CAIXA

“Foi algo novo para meus pais também. Eles apoiaram muito a gente de levar nos jogos, assistir todas as partidas, levar para viagem. Às vezes não tinha transporte para todo mundo, mas eles davam um jeito, faziam rifa. Inclusive, lá em Joinville, abriram uma associação com os outros pais para ajudar a gente. Recentemente, jogamos em Pato e meu pai fez um bate-volta. Ele mora em Floripa, pegou um ônibus às 9h da manhã, passou o dia comigo, assistiu o jogo à noite e voltou de madrugada. Já faz quase 30 anos que ele está nessa comigo. Ele faz o possível para estar presente no maior número de jogos. Quando tem jogos no Sul, ele vai também. E vem para Campina Grande quando dá”, completou o ala, mostrando a importância que a família tem para sua carreira.

Cultivando amigos

Durante esses 30 anos de convívio no basquete, André Góes acumulou amigos. Um deles é o o ala-armador Jimmy, do Pinheiros, que falou muito bem de André, revelando que é um atleta de grupo e que tem bastante amizade com o camisa 40 da Unifacisa.

“O Jimmy é um irmão meu, nós somos família, nos conhecemos lá de Joinville. Assim como ele, tem outros ótimos amigos no basquete e uma das coisas mais importantes e prazerosas de toda minha carreira é cultivar essas amizades, que ficam para vida. É bem legal ouvir elogios dele e ele sabe que é recíproco também. É importante na tentativa de liderar, de ser um cara que puxa para coisas boas e hábitos bons da equipe. Fico feliz com esse reconhecimento e espero continuar assim até acabar a carreira”, respondeu Góes.

Outro parceiro que Góes fez no basquete é simplesmente o atual MVP do NBB CAIXA, o ala-pivô Lucas Dias, do Sesi/Franca.

“É outro irmãozão meu. Na época que estive no Franca, era um time muito unido, o Lucas Dias ficou muito meu brother, o Helinho também, são os caras que tenho mais contato até hoje. Tinha o Hettsheimer, o Cipolini, o próprio David Jackson, que é mais quieto, no jeito dele… Mas o Lucas Dias e o Helinho foram caras que viraram meus irmãos para a vida. O Lucas se encaixa nesses ídolos, pela carreira, por tudo que já conquistou e tem para conquistar. Nesse período de Franca, criamos essa amizade e de conseguir ajudá-lo com algumas coisas. Ele também me ajudou inúmeras vezes, mas eu consegui mostrar coisas para ele, que, talvez, ele não via claramente na época. Pude ajudar um pouco nessa carreira maravilhosa. Ele já era vitorioso antes de ir para lá, o que fez no Franca foi absurdo, ganhou tudo, MVP, títulos individuais, todos os títulos coletivos possíveis. Ficou lá nos momentos de dificuldades do time, foi um cara que abraçou a cidade e a equipe, fez muito e merece tudo o que está vivendo”, afirmou.

O NBB CAIXA e Super 8

André Góes atua no NBB CAIXA desde o início da competição e pôde testemunhar toda a evolução do torneio de 2008/09 até os dias de hoje.

“Acho que a Liga conseguiu estipular um padrão de excelência, para nível de jogos, de organização, desde a apresentação até as quadras, a parte de mídia, de promoção do NBB CAIXA. Acho que quando alguém pensa em NBB CAIXA, já tem essas coisas bem definidas. Nos grandes jogos, já sabe o que vai assistir, tem um layout da TV, da transmissão, que é um padrão ótimo, conseguiu qualificar muito. Se olhar desde o começo, não demorou tanto, teve bastante evolução até a quinta temporada até alcançar o padrão que vem se mantendo. Ajudou muito por essa estabilidade. Sabemos o que a Liga entrega, essa organização que os clubes têm de forma conjunta. Isso fez muito bem para o basquete, para nós atletas”, analisou André, que se sente um privilegiado por ser contemporâneo da competição.

“Coincidiu muito com minha carreira, foi um privilégio ter vivido esse início também. Foi muito importante para quem está jogando desde aquela época, assim como para os meninos que seguem surgindo via Liga de Desenvolvimento, o próprio funcionamento dos clubes, que funcionam até hoje dentro do NBB CAIXA. Eu diria que foi um grande acerto, um ponto bem marcante na minha carreira e para o basquete brasileiro”, afirmou.

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