Bandas autorais de Toledo firmam identidade no rock local

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Enquanto muitas bandas toledanas se destacam por reviver os clássicos do rock, indie, punk, hard core e diferentes estilos de metal, um grupo crescente de músicos tem trilhado um caminho ousado: o da criação autoral. Nessa rota, riffs, letras e batidas saem da zona de conforto e ganham personalidade, revelando uma cena local que pulsa criatividade, experimentação e autenticidade.
Entre vocais, baixos, guitarras e baterias, estão músicos que se encontram pela paixão em comum e transformam a afinidade em criação. Ao trocarem os clássicos por composições próprias, conquistam o público com originalidade e abrem caminho para que um rock com DNA local reverbere nos palcos.
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Em alguns casos, pode haver um estranhamento inicial por parte do público, mas, a partir de apresentações ao vivo e da divulgação em plataformas como Spotify e YouTube, o ouvinte cria familiaridade, se sente cativado e passa a cantar junto e a pedir as músicas nos shows.
LOS CORONEZOS – Apesar dos desafios de compor dentro de um gênero com fortes referências do passado, quem vive nessa cena reconhece o potencial criativo envolvido. O vocalista da banda Los Coronezos, Rui Horbedã, destaca que “é bem difícil trazer algo autêntico quando o próprio gênero do rock cultua uma sonoridade já bem definida, quase pronta e voltada pra tudo que já foi feito nas décadas em que este gênero era o mainstream. Mesmo com essas dificuldades, as bandas continuam tentando e isso é muito bonito.”
Os integrantes desta banda prezam por compartilhar suas novas criações. Um exemplo dessa reinvenção constante está em Corda Bamba, música que soa diferente cada vez em que é tocada. “Nunca sabemos exatamente como ela vai soar no dia. Há muita improvisação nesse som, o que faz até pensar que o processo criativo dela nunca acabou, mas é parte integral desse som ao vivo”, revela Rui.
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ANOS ATRÁS – A liberdade criativa também marca presença na banda Anos Atrás, especialmente na música Santa Petulância. A composição nasceu do sarcasmo e de uma resposta bem-humorada a uma situação específica. O vocalista e guitarrista Eduardo Dutra Garcia ironiza que “essa foi a musicalização de uma fala carinhosa que recebemos de alguém que perdeu a oportunidade de ficar quieto e o resultado foi que ela virou chiclete. Vou definir o processo criativo não só dessa, mas, no geral, como sendo assim: a vida te dá versos, cabe a você fazer a música”.
BOMBTRACK – Quem também incorpora o bom humor é a banda Bombtrack, que traz influências do hard rock e do new metal dos anos 2000. Um exemplo dessa veia irreverente é Lobisomem do Pancera, música baseada em uma lenda urbana conhecida entre seus membros. A canção conta a história de um casal que estava em um carro e foi surpreendido por um lobisomem neste bairro. Outra faixa autoral é Caminhão do Porco, inspirada em histórias locais e que ficou engavetada por anos. Quando finalmente foi apresentada ao público, recebeu ótima aceitação.
JUVENTUDE PERDIDA – Entre convicções e vivências, outra banda que se destaca por sua autenticidade é Juventude Perdida. Criada em 2015, a proposta inicial era explorar o horror punk e, com o tempo, passou a incorporar elementos do hardcore. Com o tempo, o grupo conquistou seu público com músicas próprias, como Ruas e Inferno Fascista.
A primeira narra a história de uma rua com mansões que cercam duas casas humildes e um bar na esquina. Já na segunda, o integrante Lessandro Fernandes explica que “Inferno Fascista fala de uma distopia de um fim de mundo apocalíptico, onde os neofascistas e famílias de bem se encontram sem salvação.”
BANDA CARMEN – Diferente de muitas bandas que iniciaram com covers, a Banda Carmen surgiu com a proposta de ser autoral desde o início, trazendo influências do indie rock. Seu show de estreia foi inteiramente composto por canções próprias, em um festival de música autoral. Somente depois vieram os covers, escolhidos a dedo para refletir o espírito da banda e complementar o repertório com referências do rock alternativo nacional e internacional.
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O baterista da Carmen Gustavo Zonta relembra o processo de criação de Autópsia. “Primeiro criei ela no instrumental e depois escrevi a letra, onde queria falar de uma coisa parecendo outra. Após assistir o desenho Rick and Morty, que tem dinossauros e extraterrestres, descobri que queria fazer um som sobre extraterrestres que não fosse tão óbvio e saiu Autópsia”. Ele ainda conta que esta não era para ser a música principal do álbum, mas foi assim que o público escolheu.
Em meio a riffs marcantes e letras que traduzem visões de mundo, as bandas autorais de Toledo reafirmam que autenticidade tem espaço e voz. Elas não apenas reinventam o rock local, transformam experiências em música e em novos sentidos.
Da Redação
TOLEDO