Toledo celebra Dia da Bandeira Haitiana com cultura e integração

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No último domingo (18), a Embaixada Solidária, em parceria com o Movimento Haitiano Livre e Independente (Mouvman Ayisyen Lib e Endepandan – Male), promoveu a celebração do Dia da Bandeira Haitiana em Toledo. Este foi a segunda edição do evento, estava repleto de expressões culturais como músicas, danças e pratos típicos.
O lema inscrito na bandeira “a união faz a força” foi exaltado. Mais do que uma comemoração, a festividade foi um espaço de reflexão sobre a importância de resgatar a memória dos ancestrais que conquistaram a liberdade e de fortalecer laços para reconstruir o Haiti para as próximas gerações.
As cores azul e vermelha do símbolo nacional representam a união entre negros e mestiços na luta pela liberdade e independência do Haiti do domínio francês. Este foi um marco que fez do país a primeira nação negra independente do mundo.


Cerca de 1.200 haitianos vivem atualmente em Toledo, e estima-se que a região oeste do Paraná abrigue aproximadamente 8 mil pessoas dessa nacionalidade. O reconhecimento pelo acolhimento recebido no município também foi destaque na celebração. Muitos vêm em busca de uma vida melhor e contribuem ativamente para o desenvolvimento local.
O vice-prefeito de Toledo, Lúcio de Marchi, esteve presente e falou sobre o acolhimento aos imigrantes na cidade. “Toledo é uma cidade muito produtiva. A gestão pública se sente honrada em receber cada um dos haitianos que buscam realizar seus sonhos aqui no município. E principalmente participar de um evento que se comemora o orgulho e patriotismo desta bandeira. Vi no semblante de cada um que carrega na veia o sangue valente dos haitianos.”
O advogado e presidente do MALE, Pierre-Erick Bruno, destacou o papel simbólico do evento para a integração social dos imigrantes. “Isso é fundamental, demonstrando então tanto para a sociedade brasileira e tanto quanto para outros imigrantes que há uma confraternização. Para nossa história isso é fundamental, visto que a construção da bandeira do Haiti e todo o seu peso da bandeira que foi criada para libertar o país, mas para libertar todos os países do mundo que tivessem escravos.”
Para Edmond Dominique, o evento foi também um reencontro com as raízes culturais. “Me sinto muito feliz. É uma honra para a gente compartilhar alguns dos nossos costumes. Agradeço a Deus porque ele me permite estar aqui no Brasil para compartilhar nossa cultura para quem está aqui ver um pouco sobre a gente.”
A celebração também envolveu sabores de diferentes partes do mundo. Na cozinha, voluntários de cinco nacionalidades trabalharam juntos no preparo dos alimentos. Edna Nunes, presidente da Embaixada Solidária relembrou que “a Embaixada se sente honrada por proporcionar esse ambiente de paz, de acolhimento, onde não há disputa. Todas as culturas são valorizadas. E o mais gostoso é ouvir os sotaques misturados na cozinha. Hoje mesmo temos três ou quatro idiomas sendo falados por ali. Sabemos que está todo mundo ali por todo mundo, querendo colaborar e ajudar”.
Entre as atrações culturais, o artista haitiano Samuel Cetoute apresentou seu trabalho. “Faço arte, sei fazer pintura, faço estampa na garrafa e na camisa para apresentar a nossa cultura. O Brasil dá oportunidade para cada imigrante que quer crescer no talento que tem. Estamos todos iguais e por isso tenho possibilidade de realizar essa atividade aqui.”
Edna Nunes relembrou o início do trabalho da instituição. “O Haiti foi o primeiro país a chegar na Embaixada. Foi por causa dele que nós começamos. No início não entendia nada sobre migração. Via os haitianos nas ruas e achava que só tinha eles por aqui. A minha filha mais velha, a Júlia, é haitiana e foi a primeira pessoa atendida por nós. Foi o primeiro país que a gente se propôs a atender. A partir disso recebemos os demais irmãos e irmãs.”


ANIVERSÁRIO – A celebração coincidiu ainda com o aniversário de 11 anos da Embaixada Solidária. Em sua fala, Edna expressou gratidão à cidade natal que abraçou a iniciativa. “Quando eu falo de Toledo, estou falando das pessoas, dos profissionais liberais, das empresas, da imprensa que contou essa história por 11 anos. Se não fosse por elas, com certeza teria sido diferente. E tudo isso foi feito sem preconceito, sem xenofobia, sempre com a vontade de construir um mundo melhor e mais justo.”
A imigrante Schneika Louischalle relatou o acolhimento que recebeu da instituição. “Não tenho palavras para descrever o quanto sou feliz. Lembro que quando entrei ali eles abriram os braços para a gente. É como uma mãe para todos os imigrantes, é onde a gente corre quando precisa. Lá nos sentimos seguros.”
Atualmente, a Embaixada Solidária atende pessoas de 42 países, além de cidadãos de diversos estados brasileiros. Ao longo de mais de uma década, a instituição se consolidou como um espaço de solidariedade e inclusão, deixando uma marca sensível.

Da Redação
TOLEDO

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