Boletim de Conjuntura Econômica apresenta panorama de Toledo  

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Com dados sobre a população urbana e rural de Toledo, a coleta seletiva e gestão do lixo no município, bem como os salários e o panorama dos preços da soja no contexto da guerra tarifária, a 14ª edição do Boletim de Conjuntura Econômica foi lançada trazendo informações sobre a economia municipal de forma clara e objetiva. O documento é elaborado por meio de uma parceria entre a Associação Comercial e Empresarial de Toledo (Acit) e o Núcleo de Desenvolvimento Regional (NDR), da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), campus de Toledo. Segundo os organizadores, os dados apresentados são de fontes oficiais e de organizações públicas e privadas.

POPULAÇÃO – De acordo com o Boletim, a dinâmica populacional de Toledo reflete grande parte das transformações e da evolução de seu processo de crescimento e desenvolvimento econômico. O documento apresenta um panorama desde 1956, data do primeiro registro da população discriminada em urbana e rural, até o ano de 2022.

“Ao se observar o comportamento da população na área rural, habitualmente relacionada ao setor agropecuário, observa-se redução populacional nas áreas rurais de Toledo ao longo dos anos, resultado do processo de urbanização, da mecanização agrícola, dentre outros, a partir dos anos 1970 e a diversificação das atividades econômicas do município – fatores que reduziram parte dos trabalhadores rurais e os transferiram para a área urbana ou os deslocaram para outros municípios”.

Esse processo citado no Boletim evidencia a intensa urbanização, industrialização e mudanças estruturais e econômicas do local ao longo das décadas, uma vez que, em seus primeiros anos de fundação, o município de Toledo possuía 72,65% da sua população total alocada na área rural. Ao se observar com os últimos dados disponíveis, há uma redução considerável da parcela populacional do município residente na área rural, que foi de 8,27% em 2022, em contraste aos 91,73% da população total residente em áreas urbanas.

COLETA SELETIVA – Em relação a Coleta Seletiva do Lixo em Toledo, o Boletim de Conjuntura aponta que até abril de 2025, o município constava como inadimplente em relação à entrega da declaração do Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos (SINIR), passivo que perdura desde o ano de 2020. Em 2015, o índice de sustentabilidade de limpeza urbana de Toledo era de 0,721; em 2019, 0,708, indicando uma regressão na qualidade na gestão de resíduos.

Apesar disso, o índice de Toledo era o 50º maior índice entre 297 municípios paranaenses e o 332º entre 3.317 municípios brasileiros, superando outros municípios paranaenses de médio porte, como Foz do Iguaçu (0,688) e Paranaguá (0,629). O índice de recuperação de resíduos de Toledo também caiu entre 2015 e 2019 (de 4,9% para 2,24%), bem como o índice de autossuficiência financeira (de 81,36% para 50,99%).

Os dados do levantamento mostram que a cobertura da coleta seletiva em Toledo também regrediu (87,54% em 2014 e 50,99% em 2019). O Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos (SINIR) informa ainda que, em 2014, 30.600 toneladas de resíduos sólidos eram destinadas ao aterro sanitário e 33.480 à unidade municipal de triagem para reciclagem; já em 2019, as quantidades eram 32.937 e 2.603 toneladas. Ou seja, o volume destinado à triagem de materiais recicláveis reduziu 93%. Dentre os materiais recuperados naquele ano, destacaram-se papel/papelão (37%) e vidro (29%), seguidos por plástico (18%) e metais (15%).

O Boletim apresenta informações da pesquisa de Zamuner (2022), que identificou diversos problemas com a coleta seletiva de Toledo, destacando-se as falhas na separação do lixo por parte dos munícipes e relatos de acidentes frequentes envolvendo rejeitos hospitalares (como agulhas) misturados aos materiais recicláveis, além da utilização inadequada dos contêineres amarelinhos (destinados a recicláveis) e marrons (referentes ao lixo orgânico). “No caso, a população toledense em geral não praticava o descarte adequado dos resíduos, se demonstrando indisposta a fazer esforços mínimos como separar, higienizar ou sequer depositá-los dentro das lixeiras ou contêineres corretos”, cita o documento.

O documento ainda complementa que “impulsionar a triagem e a reciclagem pode reduzir os custos do aterro sanitário, além de gerar receitas e empregos para a comunidade a partir da recuperação de materiais. Os orgânicos também poderiam ser reutilizados para a produção de biogás ou adubos para a administração pública. A estruturação de uma gestão de resíduos sólidos de alta qualidade ainda aumenta o acesso a recursos e incentivos federais e evita sanções, além de todos os benefícios ambientais imensuráveis monetariamente”.

SALÁRIOS – A 14ª edição do Boletim de Conjuntura Econômica de Toledo traz a informação sobre a distribuição salarial da população do município para o ano de 2024. Segundo dados, a faixa salarial que contém mais toledanos foi a dos que recebem entre 1 e 1,5 salários-mínimos. Essa faixa engloba cerca de 17 mil trabalhadores com carteira assinada. A segunda posição ficou com quem recebe de 1,51 a 2 salários-mínimos, com pouco mais de 15 mil casos.

Para comparar Toledo com outros municípios com população parecida, foram utilizados como parâmetros as faixas salariais para os municípios de Apucarana, Araucária, Fazenda Rio Grande, Campo largo e Paranaguá. Toledo possui 85,5% de seus trabalhadores ganhando até 3 salários-mínimos. Essa porcentagem é a mesma que os municípios de Campo largo e Fazenda Rio Grande. Em primeiro lugar está Apucarana, com 91%.

PREÇOS DA SOJA – Nos últimos meses, o Boletim destaca as flutuações de câmbio e de tarifas no cenário do mercado da soja, eventos que mantém o nível de incerteza sobre o futuro e, consequentemente, afetam os preços. Analisando o período de julho de 2023 a junho de 2025, apesar de alguma flutuação nos preços, há certa estabilidade no período, com oscilações decorrentes de alterações cambiais, de oferta e demanda.

“Com respeito a oscilações decorrentes do ‘conflito comercial’ mais acentuado em 2025, ainda não temos reflexos perceptíveis nos preços, mesmo que estes pudessem estimular os preços no Brasil, visto sermos uma alternativa às exportações norte-americanas, taxadas pela China”.

Outra análise do boletim demonstra tendência de baixa contínua dos preços internacionais nos últimos 24 meses, comportamento que deixa de ocorrer em 2025, talvez como reação à ‘guerra comercial’ China/EUA. “Contudo, ainda não temos um período suficientemente grande para compreender adequadamente os efeitos do conflito”. O levantamento enfatiza que “os próximos meses podem tornar mais claros os efeitos da guerra tarifária, tanto no Brasil como no cenário internacional”.

DESPERDÍCIO DE ALIMENTO – O Boletim de Conjuntura cita que estudos no Brasil indicam que 27 milhões de toneladas de alimentos são descartadas anualmente, enquanto 33 milhões de pessoas enfrentam insegurança alimentar grave (PNAD/IBGE). E os Bancos de Alimentos surgem como uma solução estratégica, atuando na ponte entre o excedente e a necessidade.

Em Toledo, a implantação do Banco de Alimentos representa um marco na política municipal de segurança alimentar, combinando sustentabilidade, inovação tecnológica e inclusão social. O Boletim apresenta o modelo de gestão do Banco de Alimentos de Toledo, o impacto socioeconômico gerado em seus primeiros seis meses de operação, usando dados de abril, data da inauguração do Banco, até outubro de 2024 e os desafios e oportunidades para escalonar seu alcance. Os resultados apontados foram: redução de desperdício (39 toneladas aproveitadas), inclusão nutricional (melhoria na diversidade alimentar de famílias vulneráveis), fortalecimento comunitário (geração de conhecimento via Cozinha Escola).

Da Redação

TOLEDO

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