Corpo de Bombeiros recebeu mais de 10 mil ligações de trotes neste ano

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O telefone toca na central de atendimento e do outro lado da linha pode ser um pedido de socorro, informação de um acidente ou incêndio, uma mãe desesperada com o filho em apuros, um sinistro com vítimas ou outra ocorrência que necessita de atendimento imediato. Porém, há uma triste realidade. Ainda é comum a prática de trotes telefônicos nas centrais de operação do Corpo de Bombeiros, uma brincadeira de mau gosto com sérias consequências.

Na central de operações do Corpo de Bombeiros de Toledo, entre janeiro e maio deste ano 10.769 ligações foram identificadas como trotes. Distribuídas entre os meses foram 2.140 ligações em janeiro, 1.991 ligações em fevereiro, 2.270 ligações em março, 1.933 ligações em abril e 2.435 ligações no mês de maio.

“Estes dados correspondem a totalidade de chamadas recebidas pela central 193, trotes inclusos, e, após triagem e análise técnica, foram classificadas como não emergenciais e de conteúdo manifestamente falso ou enganoso, cerca de 90% dos telefonemas”, comenta o comandante do Corpo de Bombeiros de Toledo, capitão Guilherme Rodrigues de Lima.

Ele enfatiza que somente no ano de 2024, foram identificadas mais de 20 mil ligações de trote ao serviço de emergência 193. “Esse número representa um alerta para a corporação, pois evidencia um uso indevido e recorrente do serviço, que compromete a celeridade no atendimento às ocorrências reais”, complementa.

PERÍODO – Os finais de semana, especialmente as tarde de sábado e noites de domingo, são os períodos com maior volume de ligações identificadas como trotes no Corpo de Bombeiros. Segundo as estatísticas da corporação, também há aumento nos períodos de férias escolares e feriados prolongados, “o que sugere uma relação entre a ociosidade de adolescentes e jovens e a prática dos trotes. Esse padrão tem sido recorrente nos últimos anos e reforça a necessidade de ações de conscientização direcionadas ao público infanto-juvenil, principalmente em parceria com as instituições de ensino e pais”.

Do ponto de vista penal, o Código Penal prevê em seu artigo 266, §1º, que:

“Interromper ou perturbar serviço telefônico ou de utilidade pública, com pena de reclusão de um a três anos e multa.” Além disso, o artigo 340 do mesmo Código estabelece que: “Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado, é crime, com pena de detenção de um a seis meses, ou multa.” O comandante do Corpo de Bombeiros enfatiza que em se tratando de menores de idade, os pais ou responsáveis podem ser responsabilizados civilmente pelos danos causados à administração pública, conforme dispõe o artigo 932 do Código Civil.

PREJUÍZOS – Os trotes telefônicos causam prejuízos em três frentes principais. A primeira é a operacional com deslocamentos desnecessários que expõem viaturas e equipes a riscos no trânsito, além de indisponibilizar recursos que poderiam ser empregados em ocorrências legítimas. Outro prejuízo é o financeiro pois o custo de cada deslocamento envolve combustível, desgaste de equipamentos e manutenção das viaturas.

Além disso, há o prejuízo humano, porque o trote afeta o desempenho das equipes, que se mobilizam acreditando estar salvando uma vida, mas encontram um cenário inexistente ou enganoso. Também há o desgaste do tempo dos atendentes de emergência, que precisam dedicar atenção a triagens que poderiam estar destinadas a situações críticas, sendo este um serviço de alto nível de estresse ocupacional, em especial a longo prazo.

“Cada ligação de trote ocupa a linha de emergência por preciosos segundos ou minutos, podendo coincidir com um chamado real. Além disso, quando o trote é intencional e convincente, pode gerar o deslocamento de equipes operacionais, o que prejudica gravemente a capacidade de resposta da corporação. Essa situação configura um risco direto à população, pois pode atrasar o socorro em ocorrências de incêndios, acidentes graves, afogamentos ou atendimentos de urgência pré-hospitalar. O tempo é um fator crítico na preservação da vida, e o uso indevido do canal 193 representa uma ameaça concreta à segurança pública”, explica o comandante Rodrigues.

PROTOCOLOS – Além de trotes, outras ligações chegam a central de operações solicitando informações que não se enquadram no escopo da emergência. Entre os exemplos mais comuns são perguntas sobre telefones de outros órgãos, horários de funcionamento de serviços públicos ou dúvidas gerais.

Para identificar ligações de trotes, o comandante Rodrigues explica que os atendentes da central 193 seguem protocolos rigorosos de triagem, baseados em checklists operacionais padronizados. Esses protocolos foram desenvolvidos para identificar inconsistências nas informações passadas pelo solicitante, como contradições nos dados, tom de voz, hesitações ou exageros. É claro que a experiência profissional do atendente também conta muito.

“Além disso, em alguns casos é feita a validação cruzada com outros órgãos de emergência, a confirmação por outras ligações ou a solicitação de retorno da ligação para verificação. Isso tem sido fundamental para reduzir os deslocamentos desnecessários e minimizar o tempo gasto com chamadas falsas. Ainda assim, quando há dúvida razoável, prevalece o princípio da precaução, e a equipe é enviada — o que demonstra a gravidade do impacto dos trotes”, finaliza.

Bombeiros: um trabalho com dedicação para ajudar o próximo

Nesta semana, uma data especial comemorou o Dia Nacional do Bombeiro. A data de 2 de julho foi instituída através do Decreto nº 35.309, de 2 de abril de 1954. O bombeiro é o herói que atua em momentos difíceis nos acidentes automobilísticos, incêndios, inundações, deslizamentos, desabamentos, no resgate de animais, salvamento aquático por meio dos guarda-vidas na praia, entre outras funções.

O comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar do Paraná, coronel QOBM Antonio Geraldo Hiller Lino, enfatiza que a atuação dos bombeiros é aplicada muitas vezes nos piores momentos da vida das pessoas. “Naquele momento do sofrimento e de angustia, o bombeiro que tem sua vida dedicada a ajudar as pessoas se faz presente e com as técnicas aprendidas, com um sentimento humanitário procura ajudar aquelas pessoas necessitam naquele momento tão difícil”.

Ele reforça que a atuação dos bombeiros não só no Brasil como no mundo é justamente se dedicar em prol da vida das pessoas, da proteção do meio ambiente, da proteção dos bens das pessoas e da proteção da vida animal.

“Há um constante avanço da tecnologia e do conhecimento e o Corpo de Bombeiros pelo mundo busca estar sempre se atualizando, aperfeiçoando seus métodos e seus equipamentos. Isso é um grande desafio, uma atualização constante ao mesmo tempo em que tem que se manter em prontidão para o atendimento às ocorrências”, complementa.

ALERTA – Entre as ações dos bombeiros, o coronel Hiller, cita um trabalho muito importante desempenhado nesta época do ano que é combater incêndios florestais. O mês de julho e agosto são conhecidos pelo clima seco e os ventos fortes, combinação propícia para o surgimento de focos de incêndios em vegetação.

Ele cita que a maioria esmagadora desses incêndios tem causa humana relacionada ao descuido com a bituca de cigarro que é lançada ainda acesa em uma vegetação seca, uma fogueira feita em local inadequado, o lixo que é queimado, entre outras atitudes que podem oferecer risco de incêndio.

“Nenhum incêndio surge grande, todo incêndio surge pequeno, e em especial os florestais. Por isso, neste momento da chegada do inverno e pela vegetação estar mais propensa a queimar, a população tem um papel preponderante. As pessoas devem tomar muito cuidado com as suas ações, com aquilo que pode provocar o início de um incêndio”, esclarece.

O comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar do Paraná acrescenta que o incêndio destrói vegetação, mata animais, tem o potencial de matar pessoas, de destruir bens as pessoas demoraram a vida toda pra conseguirem, por um simples descuido. “Então nós conclamamos a população paranaense, a população do Oeste paranaense em especial nesse momento para que tome o cuidado necessário para não ser a causadora de um incêndio florestal”, finaliza.

Da Redação

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