Chuchus germinam em quintal encantado

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São muitas as formas de manifestar amor por algo fora do convencional. Há quem goste de colecionar objetos, cozinhar, praticar atividade física, tocar um instrumento ou cultivar hobbies diversos. E há também quem dedique seu carinho ao que a natureza oferece. Este é o caso de Neida John Pitty, uma senhora apaixonada por seus pés de chuchu e pelos frutos que eles produzem.
Neida recebeu a equipe do Jornal do Oeste vestida como em um conto encantado: usava um vestido estampado de girassóis, uma longa capa com o mesmo estilo floral que se arrastava até o chão, além de uma coroa e uma varinha de condão, lembrando uma verdadeira fada madrinha. Assim começou a visita mágica em sua simples casa de madeira, tão antiga quanto a própria cidade de Toledo, marcada por uma recepção calorosa e acolhedora.
Ao entrar, duas cadeiras de plástico já estavam separadas para a entrevista. Em uma delas, repousava um recipiente com quatro chuchus brancos e algumas sementes de girassol. Mas foi nos fundos da casa que a conversa ganhou forma.
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Diante de uma árvore carregada de flores primavera (bougainvillea) em tom rosa, estavam os pés de chuchu, próximos às mandiocas, aos louros e aos limoeiros. Fios de sustentação direcionavam as ramas do chuchu para que crescessem com abundância e, no futuro, cobrir grande parte do quintal.
— Eu amo chuchus, foi amor à primeira vista. Girassóis também, são as minhas paixões — afirmou a entrevistada.
— Como começou essa paixão por chuchus?
— Foi em 2017, quando ganhei meu primeiro chuchu branco e sem espinhos, em Cascavel. Quem me deu foi Regina Esperança, que é escritora também.
— E como foi plantar esses chuchus que ganhou de presente?
— Plantei de um lado de cá do varal e do outro lado. As ramas dos dois se encontraram e aquele varal imenso ficou cheio de chuchuzinhos brancos, lindo.
Os cuidados com esse legume vão além do plantio e da colheita: a rega também exige atenção. Embora possua bastante água em sua composição, Neida explica que é fundamental irrigar a planta, especialmente no verão. O crescimento é intenso e se espalha por todos os lados. Em algumas ocasiões, os ramos chegam a invadir o telhado de Brasilit da casa, ficando comprimidos entre as telhas e os tijolos, o que impede o pleno desenvolvimento dos chuchus.
— E como a senhora gosta de prepará-los?
— Eu gosto de colher e dar de presente, mais do que cozinhar eles. Além de serem ‘sequinhos’, gosto da ideia de preparar saladas, sopas e fazer assim como se fosse uma batata recheada. Mas gosto mesmo é quando me mandam foto da receita preparada.
— E por onde esses chuchus já foram parar, já que a senhora dá as mudas?
— Eu como um chuchu ou dois, a maioria eu mando para fora. Já foi para o Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Goiânia, Mato Grosso. Já até mandei mudas pelo correio e nunca cobrei nada de ninguém. Eu gosto de dar as mudinhas. A retribuição é a foto que me mandam e a receita. Sem contar que eles fazem bem para a saúde.
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Entre os benefícios do chuchu estão a contribuição para o emagrecimento, a prevenção do envelhecimento precoce, a redução do risco de doenças cardiovasculares e o auxílio na saúde intestinal. Essas vantagens estão ligadas à sua composição rica em água, fibras, flavonoides, vitamina C e outras propriedades antioxidantes.
Porém, os chuchus brancos cultivados por Neida apresentam características peculiares. Alguns crescem com tons mesclados de amarelo e verde; outros surgem em formatos curiosos, como o de moranga. Há ainda os que aparecem grudados, formando gêmeos, trigêmeos ou até quadrigêmeos. Em certas ocasiões, chegam a pesar até 700 gramas. A cada safra, uma nova surpresa se revela, seja no tamanho ou no formato.
— Alguns vêm assim bonitos, outros pequenos, uns maiores, mas eu amo. Eu cuido com amor, a natureza retribui com o mesmo amor, o mesmo carinho – afirma.
Da Redação
TOLEDO
