Jovens Cientistas de Toledo levarão educação pública ao palco internacional

Estimated reading time: 8 minutos
Estudantes do Clube de Ciências Cientistas do Jardim, do Colégio Estadual Jardim Porto Alegre, em Toledo (PR), foram classificados para importantes feiras científicas no exterior – uma conquista que comprova a força da educação pública e o potencial transformador da pesquisa escolar. O feito é resultado do comprometimento dos estudantes, da orientação dedicada dos professores e da busca por um futuro melhor por meio da ciência.
A coordenadora do Clube de Ciências Cientistas do Jardim Dioneia Schauren explica que a Feira incentiva o aluno a querer melhorar a sua pesquisa e, por consequência, a participar de novos eventos. “Quando os estudantes retornam das Feiras, mesmo não sendo premiados, estão com a consciência que precisam mudar o seu pensamento”.
No retorno da Feira, em Santa Catarina, um aluno disse que para participar daquele evento a pesquisa dele e de seus colegas eram excelentes. “Porque todos os trabalhos inscritos nos eventos são maravilhosos. Para receber a premiação, realmente, precisa ser o melhor”, afirma Dioneia.
Ela complementa que o estudante ‘amadurece’ que precisa caprichar no trabalho. “Para ter um resultado significativo é preciso ter um material completo para ter uma postura de apresentação que faça a diferença. É preciso ter um material de apoio, um banner, o relatório completo do diário, uma boa apresentação oral, entre outras questões”.
- Acompanhe nossa página do Jornal do Oeste no Instagram
- Entre no canal de notícias do Jornal do Oeste no Telegram
- Mantenha-se atualizado no grupo de WhatsApp do Jornal do Oeste
QUALIDADE – A coordenadora do Clube de Ciências salienta que as pesquisas dos estudantes são ótimas. Quase todos os projetos do Clube de Ciências Cientistas do Jardim são voltados ao Meio Ambiente, a Sustentabilidade e a Educação. “São problemas presentes em nosso cotidiano. Os alunos pesquisam e realizam muitas repetições nos testes. Nós não temos condições financeiras ou equipamentos de ponta. Quando estamos em uma Feira de Ciências, encontramos projetos com grandes investimentos. São projetos de iniciação científica que, muitas vezes, um pai de família não tem a vida inteira para fazer a sua casa. O Ensino Particular realiza um grande investimento. Existem projetos em que as instituições possuem parcerias com universidades; os professores orientam os alunos para competir. Às vezes, para muitas pessoas nem sempre é o resultado da pesquisa, e sim, é só a questão do status de ter o prêmio. Para os alunos do Colégio do Jardim Porto Alegre é diferente. É ensino, é conhecimento, é busca de solução”.
CLASSIFICAÇÕES – As alunas Beatriz Maria Ferreira dos Santos e Fernanda Graciele Jank conquistaram duas vagas para uma das maiores Feiras de Ciências do Mundo. Trata-se da Genius Olympiad, um evento internacional que reúne jovens talentos em busca de inovação e troca cultural nos Estados Unidos. Já, o estudante Lucas Sperotto irá para a Colômbia.
A aluna Fernanda começou a desenvolver a sua pesquisa ainda 2020. Na época, ela tinha dez anos. Ela começou o projeto para ajudar o bisavô, produtor de bananas em Laranjeiras do Sul. Cinco anos depois, a sua pesquisa está classificada para a Genius Olympiada.
- Acompanhe nosso canal de notícias do Jornal do Oeste no YouTube
- Siga nosso canal do Jornal do Oeste no TikTok
- Curta nossa página do Jornal do Oeste no Facebook
Segundo Fernanda, o estudo identifica extratos vegetais capazes de controlar pragas que causam danos aos bananais. “Eles são mais eficientes e acessíveis. Além disso, os produtos biológicos se mostraram menos agressivos ao meio ambiente e à saúde humana em relação a agroquímicos tradicionais”.
Outro projeto é o da Beatriz. Ela pesquisa o uso de extratos vegetais como aceleradores de germinação e enraizamento para orquídeas no cultivo in vitro. Dioneia explica que uma orquídea demora muito tempo para produzir sementes. São raras as sementes que germinam fora de laboratório. “A campo sozinhas é muito difícil e quando elas germinam demoram de três a dez anos para dar a primeira floração. A estudante tem desenvolvido um meio para reproduzir essas orquídeas na escola”.
Já o estudante Lucas Sperotto produz bioplástico. Ele observou que muitas pessoas fazem exames de sangue diariamente. “Após a coleta de sangue, um material é colocado no braço para evitar que o sangue continue saindo. Porém, o cidadão não descarta esse material biológico de maneira correta, e sim, ele vai para o lixo convencional”, salienta a coordenadora do Clube.
A partir deste problema, Lucas passou a produzir um plástico biodegradável e ele é descartado no meio ambiente. O aluno ainda incluiu ingredientes naturais, como a babosa e outros extratos com a possibilidade de cicatrização ou de melhorar a área com ferimento para colaborar com a cicatrização.
CRESCIMENTO – Dioneia salienta que é gratificante acompanhar o crescimento de cada estudante ao longo do tempo. “Você inicia uma pesquisa com uma criança no sexto ano. Naquele instante, ele não compreende o motivo para redigir o texto daquela forma ou que o caderno precisa ser bonito. Por que que a letra precisa ser bonita? Por que ser uma cor de caneta? Após alguns anos, você se depara com esse aluno ensinando os pequenos e repassando orientações pertinentes das feiras”.
A coordenadora do Clube de Ciências salienta que o estudo e a pesquisa fazem a diferença na vida de cada um. “O aluno que está na escola pública tem dificuldade financeira. E ele se depara com a necessidade do recurso financeiro, porque nem sempre a família consegue mantê-lo. Quando você tem uma bolsa de iniciação científica desde o Ensino Fundamental, a tendência é você chegar na universidade e conseguir uma com maior facilidade. Porque um dos itens é a pontuação de currículo. Isso facilita com que eles tenham uma possibilidade de fazer faculdade em outra cidade ou estudem em período integral”.
E a participação nas feiras no exterior como ficam? Dioneia pontua que o grupo, inicialmente, aguarda a liberação das datas. “Os eventos acontecem no próximo ano e dependemos de um calendário oficial. Normalmente, ela acontece na primeira ou na segunda semana de junho. Assim que sair o cronograma oficial, o documento é encaminhado ao Estado para solicitar a liberação. Nós precisamos da autorização do Governo do Estado para participar ou solicitar custeio”.
A diretora do Colégio Estadual do Jardim Porto Alegre Iara Elisa Schneider enfatiza que os estudantes possuem a oportunidade em aprender a preparar trabalhos acadêmicos. “Algo que geralmente as pessoas tem oportunidades no nível superior, no Colégio isso acontece com estudantes de 11 e 12 anos”.
Iara pontua que ter pesquisas aprovadas em feiras internacionais é algo gratificante. “Nós ficamos sem acreditar. Ficamos incrédulos. Algo que é feito dentro da escola, com poucos recursos e no interior do Paraná”.
Atualmente, 32 trabalhos são desenvolvidos no Cientistas do Jardim. “A ciência é para todos, independente da idade. “Quem quiser fazer ciências precisar querer e pesquisar”, finaliza Dioneia.
Da Redação
TOLEDO


