Clube de Ciências conquista 75 premiações em 2025

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Em 2014 iniciou o Clube de Ciências do Jardim Porto Alegre. Muito além de maquetes, de simulação de vulcões ou reações químicas que alteram a cor ao reagir com alguns elementos, os projetos são focados em pesquisas científicas que ganham ainda mais profundidade. O que começou de forma despretensiosa, hoje os estudantes dos Ensinos Fundamental e Médio possuem seus trabalhos reconhecidos, os quais são convocados para participarem de feiras nacionais e internacionais.

Neste ano de 2025, os alunos participaram de 14 eventos científicos. Ao todo, conseguiram 40 credenciais para feiras nacionais, 14 vezes o primeiro lugar; 17 vezes a segunda colocação, enquanto o terceiro e o quarto lugar foram conquistados 13 vezes. Ao todo, foram sete premiações gerais, além de três prêmios de professor destaque, sendo que em paralelo foram 21 alunos destaque. Desta forma, totalizam 75 premiações.

A agente educacional Dionéia Schauren, responsável por ensinar e acompanhar os alunos e seus projetos, ressalta que “a vaga para outra feira é muitas vezes superior a uma premiação de primeiro ou segundo lugar. Isso porque, é necessário conquistar para ganhar a participação em outra feira. Para conseguir essa vaga, é preciso muita dedicação e empenho. Nós sempre tentamos melhorar esses alunos e preparar eles para quem sabe um dia conseguir uma vaga na feira mundial”.

FEIRAS INTERNACIONAIS – Dentre tantos títulos adquiridos ao longo deste ano, 11 são internacionais. Os estudantes representarão o Brasil em países como Colômbia, México, Porto Rico, Paraguai e Estados Unidos. “Iremos para a terceira maior feira de ciências do mundo, em número de trabalhos. Com isso vem uma responsabilidade muito grande. Agora levamos a bandeira brasileira, não é mais só a nossa escola, o nosso município ou estado. Temos a responsabilidade de mostrar o Brasil”.

APRENDIZADOS – A participação nas feiras expande a visão dos jovens cientistas. Fernanda Gracieli Gonçalves Jank explica que “também aprendemos participando dessas feiras. Além das aulas práticas, aprendemos muito mais sobre biologia, química e física. Conhecemos pessoas novas, novas culturas e locais novos. Cada vez mais temos um desenvolvimento tanto pessoal quanto acadêmico participando dessas feiras”.

Já Beatriz Maria Ferreira dos Santos relembra que “antes de entrar no clube eu queria fazer psicologia. Depois de entrar e ter esse contato com as aulas de química, física e biologia, tenho um norte de qual área eu quero. Sei onde me adapto e conheço coisas que gosto de estudar. É importante principalmente pela questão do vestibular e do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)”.

PESQUISAS – O projeto de Beatriz foi selecionado para participar da Genius Olympiad, em Nova York. Em suas pesquisas, ela realiza o Desenvolvimento Invitro de Orquídeas (Diu), da qual consegue acelerar a germinação de duas espécies desta planta. Ela está focada em seu projeto há dois anos e está se aprimorado a cada fase para conseguir feiras maiores. Para participar da Genius, dedica-se aos seus estudos em inglês e se concentra em sua apresentação.

Beatriz compartilha sua pesquisa desenvolvida. “Esse meio é específico para o cultivo de orquídeas é muito caro e difícil de fazer em laboratório. Estas flores têm dificuldade para pegar na natureza e ele foi pensado justamente para ser um método viável e que funcione. Com este método, adiciono extrato vegetal para tentar acelerar o desenvolvimento de duas espécies distintas de orquídeas, onde também comparo a atividade de tudo isso com o meio comercial”.

Outra aluna que foi selecionada para participar da Genious Olympiad foi Fernanda. “Eu desenvolvo um meio alternativo para os agroquímicos aplicados em bananas, pois em excesso eles são extremamente prejudiciais tanto para a saúde quanto para o meio ambiente. Talvez hoje essa dosagem dos agroquímicos não esteja tão alta, só que futuramente essa dosagem ficará cada vez maior, porque as doenças e os frutos vão criando resistência com o tempo, fazendo com que essa dosagem fique cada vez mais alta e cada vez mais prejudicial”.

Para isso, Fernanda especifica que “tentei desenvolver um meio alternativo, que seria um extrato vegetal, que é basicamente um chá para que possa controlar o desenvolvimento de um fungo que ataca a banana. Este fungo acelera a podridão das bananas, levando cerca de 40% das perdas nas produções, que é um percentual muito alto”.

ALÉM DAS PESQUISAS – Entre a execução do projeto e o diário de bordo, em que o aluno anota todos os seus progressos, os estudantes mais velhos acompanham os mais novos em seus estudos. Tais experiências com a mão na massa colaboram muito além da compreensão do conteúdo. Dionéia pontua que “eu acredito que auxilia na construção da personalidade deles e suas características. Por exemplo, um aluno do sexto ano, que sente dificuldade de falar em público, é possível perceber a diferença de como ele cresce quando começa a apresentar trabalho e a escrever um relatório”. Além disso, ela ainda destaca que estas iniciativas colaboram para ingressar no universo acadêmico, seja para graduação, mestrado ou doutorado, bem como para conseguir bolsas em instituições dentro e fora do país.

A partir do sétimo ano, os alunos já podem ingressar no clube. Na escola, que atende em período integral, a dedicação aos estudos extracurriculares inicia após as aulas normais, do qual os estudos do clube iniciam às 4h30 e se estendem até o período da noite. Muitos deles recebem a influência de seus amigos ou irmãos para fazer parte da equipe. “Eles vêm e participam no primeiro ano das aulas práticas de física, química e biologia, para conhecer o que é um laboratório e suas regras”, explica Dioneia.

ARRECADAÇÃO DE VERBA – Para arrecadar verba para participar das feiras, os jovens cientistas realizam rifas e vendem pizza. Ao todo, são vendidas duas mil rifas no valor de cinco reais cada uma. Para adquirir um número e concorrer, é possível entrar em contato pelo Instagram @cdc_cienciasjpa. Os investimentos envolvem o pagamento de visto, alimentação, hospedagem e passagens aéreas.

CONVERSA OESTE – Esta entrevista foi realizada também para o podcast Conversa Oeste, apresentado pela jornalista Joana Magnabosco. Para assistir ao bate-papo na íntegra, com todos os detalhes das pesquisas, competições, o impacto na vida dos jovens e formas de arrecadar dinheiro, o episódio completo está disponível no link:

Da Redação

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