Afinal, aquele cochilo depois do almoço faz bem?

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Sensação de saciedade e uma imensa vontade de dormir. Quem nunca passou por isso depois do almoço? Será que recorrer ao café para resistir ao sono é a melhor alternativa? Ou o ideal seria se render a uma boa soneca?
Associada à cultura mediterrânea, a famosa siesta, ou sesta, em português, pode ser definida como um breve repouso após o almoço. Popular na Europa, Ásia e América Latina, o hábito pode ter diversos benefícios para a saúde. Mas atenção: a forma como o cochilo é realizado faz toda a diferença. Não vale dormir 2 horas seguidas, por exemplo.
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Um estudo da Universidade da Califórnia, em Berkeley (EUA), afirma que as pessoas que tiram soneca têm melhor desempenho à tarde e aumentam sua capacidade de aprendizado em 10%. Segundo a pesquisa, o sono permite confrontar novos conhecimentos e consolidar outras informações.
Especialistas da Universidade de Georgetown, também nos Estados Unidos, sugerem que um período de pequeno descanso ainda estimula a atividade cerebral, tornando-a mais criativa.
1. É verdade que o cochilo após o almoço faz bem à saúde? Se sim, quais são os benefícios?
Sim, há uma relação hormonal envolvida nos cochilos após o almoço. Nesse período do dia, ocorre uma leve elevação natural da melatonina, o hormônio do sono, o que contribui para o aumento da sonolência. Esse fenômeno fisiológico é conhecido como “queda circadiana pós-prandial” ou “efeito feijoada”.
Além disso, o tipo de refeição consumida também influencia — refeições ricas em carboidratos e gorduras intensificam esse efeito, favorecendo a vontade de cochilar no início da tarde.
O sono desempenha um papel central no equilíbrio do organismo: ele regula a produção hormonal, melhora a concentração, consolida memórias, auxilia no controle da pressão arterial, entre outros efeitos.
Há diversos estudos que relacionaram os cochilos com a melhora da função cognitiva, melhora do humor e até mesmo redução do risco de doenças cardiovasculares, como infarto e acidente vascular cerebral (AVC).
Assim, cochilar após o almoço, quando feito de forma consciente e moderada, pode ser um hábito saudável e benéfico para o corpo e a mente.
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2. Existe um horário mais adequado para o breve descanso? Por quê?
Sim, logo após o almoço, devido a secreção de melatonina [processo de liberação do hormônio melatonina pelo corpo, principalmente pela glândula pineal, localizada no cérebro, em resposta à diminuição da luz] e por estar distante do horário de dormir à noite, para que não interfira na qualidade do sono noturno.
3. Qual a duração recomendada para a sesta?
A recomendação é que dure cerca de 10 até, no máximo, 30 minutos.
4. Existe uma relação da sesta com a produtividade no ambiente de trabalho?
Sim. Estudos publicados em Revistas de Medicina do Sono, como a Sleep Medicine, evidenciaram que cochilos breves melhoram significativamente a atenção sustentada e o tempo de reação, influenciando nas habilidades críticas em ambientes de trabalho; ajudando a consolidar a memória; e facilitando a criatividade, regulação emocional, resolução de conflitos e tolerância ao estresse.
Um outro estudo, publicado pela Nasa, mostrou que um cochilo de 26 minutos aumentou a vigilância em até 54% e o desempenho em tarefas cognitivas em 34%.
5. A cochilada durante o dia pode impactar no sono da noite?
Se for por um período maior de 30 minutos ou próximo da noite, pode, sim, impactar na qualidade do sono noturno.
6. Para quem sofre de insônia, a sesta também é uma opção ou deve ser evitada? Por quê?
A palavra certa seria controlada. Há uma probabilidade maior dos cochilos interferirem no sono durante a noite, mas a insônia é, na maioria das vezes, multifatorial e secundária a outras causas.
Geralmente, neste grupo de pacientes insones, o cochilo deve ser evitado, mas pode ser testado. O importante é procurar orientação de um médico especialista para uma abordagem precisa.
7. Quais são as principais dicas para um cochilo saudável?
Cochilos curtos podem ser benéficos, desde que controlados. Sestas com duração de até 30 minutos ajudam a restaurar a energia e melhorar o foco, sem interferir na qualidade do sono noturno. Cochilos mais longos, por outro lado, podem causar inércia do sono (sensação de lentidão ao acordar) e dificultar o sono à noite.
As principais dicas são: defina um alarme para despertar em até 30 minutos; escolha um ambiente calmo, silencioso e com pouca luz; e evite cochilar muito tarde no dia, para não comprometer o sono noturno.
8. Alguma outra orientação importante sobre o sono?
O sono é essencial para o equilíbrio do nosso organismo. Durante o descanso noturno, ocorre a liberação de diversos hormônios fundamentais, como o hormônio do crescimento – especialmente importante para crianças -, além dos hormônios que regulam o apetite e a saciedade, desempenhando papel central no controle do peso.
É também durante o sono que o cérebro consolida informações, fortalece a memória, melhora a atenção e regula o humor. Por isso, dormir bem não é um luxo, mas uma necessidade vital para a saúde física, mental e emocional.
No campo da medicina do sono, há uma máxima importante: sono perdido não se recupera. Por isso, cuide do seu sono com seriedade. Dormir bem é um investimento em qualidade de vida, produtividade e longevidade.
Da Agência de Notícias da Indústria
BRASÍLIA