Os diferenciais do agronegócio e da cultura do homem do campo

Dilceu Sperafico*

Colonizadores do Oeste e Sudoeste do Paraná, especialmente os imigrantes do Rio Grande do Sul, têm novas e grandes razões para se orgulhar de sua origem e agradecer os ensinamentos e exemplos de seus pais e avós. Pesquisa inédita revelou que a maior parte dos produtores rurais gaúchos adota práticas de sustentabilidade na produção de alimentos e investe em algum tipo de tecnologia de ponta em suas propriedades rurais com a intenção de modernizar e elevar a produção nas atividades herdadas dos seus antepassados. O levantamento do Grupo RBS e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) mostrou que a maioria dos representantes do agronegócio já faz parte, pelo menos, da 3ª geração familiar dedicada ao setor, e conta com nível de escolaridade mais elevado do que a média da população para renovar a atividade rural e buscar novas técnicas que favoreçam a produtividade. Os dados indicam ainda que, embora os entrevistados se mostrem otimistas em relação ao futuro próximo, sentem-se pouco valorizados pelo restante da sociedade estadual e nacional.

A pesquisa denominada “O Agro Gaúcho: Quem é o Produtor que Movimenta o Rio Grande do Sul” apontou que o perfil médio de quem está diretamente envolvido com a agropecuária no Estado é predominantemente masculino, tem mais de 35 anos, renda superior a três salários mínimos e alto índice de escolaridade, Nada menos do que 44% dos entrevistados têm ensino superior ou pós-graduação, em cifra que representa o dobro da população em geral, incluindo a urbana. Embora quase sempre estejam dando continuidade à tradição passada de pai para filho, os produtores rurais buscam inovar. Seis em cada 10 utilizam alguma tecnologia de precisão, dando preferência ao uso de GPS para ajudar a mapear propriedades e atividades agropastoris. A internet já é outra ferramenta fundamental para tocar as tarefas diárias e, também, ampliar mercados e mais da metade dos representantes do agro vendem ao menos parte de sua produção online. Isso não significa que trabalhadores do agro abram mão de contatos interpessoais, já que 80% fazem questão de frequentar rotineiramente feiras e exposições da agropecuária.

A pesquisa também mostrou preocupação significativa com sustentabilidade, pois todos os 308 pesquisados disseram empregar ao menos uma técnica considerada de menor impacto sobre o ambiente, como o plantio direto, rotação de culturas ou controle biológico de pragas, o que reduz a utilização de insumos químicos. Esse cenário se reflete ainda em avaliação positiva sobre o futuro imediato do agronegócio no Rio Grande do Sul. Praticamente nove em cada 10 produtores se mostraram determinados a prosseguir no setor, e metade prevê que o próximo ano será melhor ou, pelo menos, equivalente ao anterior, apesar dos males das enchentes. Apesar do otimismo, o levantamento ainda revelou uma

reclamação dos produtores entrevistados. Nada menos do que 75% consideraram que o setor agropecuário é “pouco valorizado” pelo restante da população gaúcha, cifra que sobre para 79% em relação à percepção dos brasileiros. Para a grande maioria, o desconhecimento sobre como são produzidos os alimentos no campo é a principal razão para esse sentimento de indiferença e desvalorização da importância e contribuição do agronegócio para o bem-estar e não só alimentação de toda a população.

No Oeste do Paraná também lamentamos essa equivocada realidade.

*O autor é deputado federal pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Estado E-mail: dilceu.joao@uol.com.br

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